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terça-feira, outubro 28, 2014

Sustentabilidade: A Humanidade Contra as Cordas.

 


Sustentabilidade depende de mudança de mentalidade.

O vencedor do Prêmio Jabuti, Eduardo Felipe Matias lança agora sua nova obra “A humanidade contra as cordas” também em e-book , previsto para o dia 30 de julho. O material estará disponível em todas as livrarias virtuais do País.
Matias analisa na obra a questão ambiental sob a ótica da crise financeira e mostra que uma não apenas influi na outra, mas se originam da mesma mentalidade predatória e dos mesmos incentivos perversos.
Ao relacionar a sustentabilidade à globalização, o autor disseca a natureza e a governança corporativa das empresas transnacionais, explicando como estas podem ser pressionadas e persuadidas a se tornarem, elas mesmas, agentes transformadores. Avalia também o papel do Estado e sua responsabilidade em criar, inclusive por meio de organizações internacionais, estímulos capazes de reverter o quadro atual e promover a economia verde, e analisa os diversos instrumentos – com o uso das redes sociais, a tributação das emissões de carbono e o estímulo a inovação tecnológica – que podem contribuir para uma governança global mais efetiva.
O e-book possui todo o conteúdo da versão impressa, com as vantagens que as ferramentas disponíveis na plataforma digital propiciam, por exemplo, para pesquisadores que se valham do índice remissivo eletrônico para localizar com mais agilidade as páginas que tratem de algum dos temas específicos tratados no livro – sem falar na facilidade, que também caracteriza essa plataforma, de se baixar o livro a qualquer hora e outros benefícios, como aqueles relacionados à portabilidade.

Autor do livro “A Humanidade contra as Cordas“, o advogado Eduardo Felipe Matias concedeu recentemente entrevista à TV Folha e falou sobre o tema Sustentabilidade no dia a dia.
Questionado sobre a atual crise hídrica que afeta diversos estados brasileiros, mas sobretudo São Paulo, Matias disse que o uso inteligente da água depende da redução da nossa pegada ecológica.
“Atualmente precisamos de uma Terra e meia para repor o que usamos de recursos naturais“, afirmou. “É necessário uma grande mudança de mentalidade, nossa sociedade toda é baseada no consumo excessivo“.
O advogado acredita que esta nova mentalidade deve ser empregada inclusive na maneira como produzimos, pois os bens precisam ser mais duradouros. “Os ciclos dos produtos são muito curtos”, diz. “Empresas que não seguirem esta tendência tendem a desaparecer”.
Confira a entrevista completa de Eduardo Felipe Matias no site da TV Folha.
Sobre o autor
Autor de A Humanidade e suas Fronteiras: do Estado Soberano à Sociedade Global, vencedor do prêmio Jabuti de 2006 na categoria Economia, Negócios, Administração e Direito, e de quase 100 artigos publicados em diversos meios de comunicação, Eduardo Felipe Pérez Matias é doutor em Direito Internacional pela USP, com pós-doutorado na Espanha pela IESE Business School, visiting scholar na Columbia University, em Nova York e mestre em Direito Internacional pela Universidade de Paris II.

Fontes: Ideia Sustentável | Planeta Sustentável.

domingo, outubro 12, 2014

Benefícios da Leitura























Há quem diga.. como vamos ler sendo livros tão caros?.. Ok não discordo, porém existe muitas alternativas.. Eu sempre indicava para meus alunos, a Biblioteca Municipal, que é direito e acesso de todos os cidadãos. 

As inscrições geralmente são taxas anuais que variam de R$ 2.50 a 5,00 reais.
Agora também temos o vale cultura (opcional) para empresas/ empregados no montante de R$ 50.00 e pode ser cumulativo. e sem contar vários sites que disponibilizam livros para leitura tanto download como online vide abaixo:

Segundo a "Comissão Especial de Juristas" ."Não é considerado ato delituoso a reprodução de um único exemplar de obra intelectual ou fonograma, para uso privado e exclusivo de quem copiar, sem intuito de lucro direto ou indireto". traduzindo: Cópia para uso pessoal, sem fim lucrativo, não fere o direito autoral. Fonte *Fonte: Agência Senado.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

quinta-feira, setembro 25, 2014

Filosofia: ESTA TAL POLIDEZ






“A polidez nem sempre inspira a bondade, a equidade, a complacência, a gratidão; mas, pelo menos, dá-lhes a aparência e faz aparecer o homem por fora como deveria ser por dentro.”― Jean de la Bruyere -moralista francês. 

“Polidez é inteligência; consequentemente, impolidez é parvoíce. Criar inimigos por impolidez, de maneira desnecessária e caprichosa, é tão demente quanto pegar fogo na própria casa.” ―Schopenhauer. 


Bruyere e Schopenhauer, quase se convergem, o primeiro acha que a polidez se fosse verdadeira, seria uma virtude ideal e admirável, tendo em vista que na maioria das vezes, é praticada pelo cinismo e a hipocrisia. Nada mais que um disfarce. Schopenhauer já acha que a dissimulação e "o jogo de cintura" é o melhor caminho, para evitar desafetos e se dar bem socialmente. Enfim, para con (viver) socialmente precisamos usar de perspicácia, um pouco de cinismo, uma dose de dissimulação e atuarmos de acordo com a situação. Ser polido, não significa ser falso, mas assertivo, ser claro em suas ideias, pensamentos e ações, sem para isso baixar o nível, extrapolar a linha da civilidade. Há um ditado antigo que diz, quando falamos tudo que pensamos, sem refletir ou ponder antes, há alguns riscos, ou o caminho do hospício ou da prisão. Caldo de galinha e cautela não faz mal a ninguém, só ajuda. 
Imagens: reprodução internet.

domingo, setembro 21, 2014

Vale Cultura: "Onde utilizar e quem tem o direito ao Benefício"

Imagem: Reprodução Internet.

















Vale-Cultura

O Vale-Cultura dá oportunidade para que mais pessoas tenham acesso a espetáculos, shows, cinema, exposições, livros, música, instrumentos musicais e muito mais. Se você é um trabalhador com carteira assinada, procure a sua empresa e peça o seu.
 
O que é o Vale-Cultura?
É um benefício de R$ 50,00 mensais concedido pelo empregador para os trabalhadores. É cumulativo e sem prazo de validade, e só pode ser usado para comprar produtos ou serviços culturais, em todo o Brasil.
 
Por que o Ministério da Cultura criou o Vale-Cultura?
O acesso à cultura estimula a reflexão e a compreensão da realidade, além do respeito à diversidade, o reconhecimento da identidade e a plena cidadania. Tudo isso é uma melhoria na qualidade de vida de todos os brasileiros. O Vale-Cultura também fomenta o crescimento da produção cultural em todo o Brasil.
 
Quem pode receber o Vale-Cultura?
Todos os trabalhadores que tenham vínculo empregatício formal com empresas que aderiram ao programa. O foco são aqueles que recebem até cinco salários mínimos, para estimular o acesso à cultura aos cidadãos de baixa e média renda.
 
Quem fornece o Vale-Cultura?
São as empresas empregadoras que fornecem este benefício aos seus empregados. Elas são chamadas de "empresas beneficiárias".
 
Quem aceita o Vale-Cultura como forma de pagamento?
O Vale-Cultura é aceito por uma rede de cerca de 40 mil empresas em todos os estados do país, inclusive lojas virtuais. Apenas empresas que comercializam produtos e serviços culturais podem se habilitar como recebedoras. Elas são chamadas de "empresas recebedoras".
 
Como este dinheiro chega ao trabalhador?
O valor do Vale-Cultura é creditado por meio de cartão magnético pré-pago, emitido por uma operadora de cartão.
 
O Vale-Cultura é uma bolsa oferecida pelo Governo Federal?
Não. O Vale-Cultura é um benefício trabalhista, assim como o auxílio-alimentação ou o auxílio-transporte. São as empresas que arcam com a sua oferta para os seus empregados. Não se trata de uma bolsa, nem é o Governo que concede o Vale-Cultura.
 
O que a empresa que concede o benefício ganha com o Vale-Cultura?
Além de reforçar o seu compromisso com o bem-estar de seus trabalhadores, a empresa pode agregar valor ao salário sem incidência de encargos sociais e trabalhistas. E as empresas tributadas com base no lucro real poderão deduzir até 1% do imposto de renda se concederem o Vale-Cultura a seus empregados.
 
Os servidores públicos podem ser beneficiados?
A legislação não veda a participação de servidores públicos, mas, para que eles tenham direito ao benefício, deve haver uma iniciativa de cada município, estado ou da União na adoção de medidas próprias. Basta que se inspirem no modelo do programa e aprovem uma legislação para regulamentar o seu próprio Vale-Cultura.
 
O Vale-Cultura é extensivo aos aposentados pela Previdência Social?
Neste caso, não é possível identificar vínculos trabalhistas diretos, de modo que não há o agente empregador que possa conceder o benefício, conforme formatação do programa.
 
Os estudantes podem receber o Vale-Cultura?
Se o estudante tiver algum vínculo empregatício formal e se seu empregador tiver aderido ao programa e houver mútuo interesse, sim. No entanto, a concessão se dá pela relação de trabalho e não pelo fato de ser estudante.
 
Um trabalhador pode receber o Vale-Cultura sem que a empresa onde trabalha tenha feito adesão junto ao Ministério da Cultura?
Não. Para que o trabalhador possa receber o Vale-Cultura, é necessário que haja a adesão do empregador por meio de credenciamento junto ao Ministério da Cultura. Peça à sua empresa!
 
Reproduzido do Site Ministério da Cultura.
Mais detalhes acesse o site http://www.cultura.gov.br/valecultura

Comportamento | Sociedade Celta.





Os povos celtas estiveram espalhados por quase todo o continente europeu. Não formaram um império, nem possuíam um governo centralizado. Não tinham um sistema de escrita e, portanto, a precisão cronológica sobre seu surgimento se baseia em escavações e em muitas pesquisas, datando de 1800 a 1500 a.C., na Europa Central e Ocidental.

Para os celtas, o mundo estava em constante transformação, noção baseada na experiência de observação e de adoração da natureza; o importante é o presente, o momento, a harmonia e a saúde do corpo e do espírito.

Foto: reprodução Internet.
Dentro da sociedade celta, a mulher dominava a religião. Podia ser uma guerreira e podia escolher o seu parceiro. Quando ela se casava, trazia para o casamento seus bens, e se eles fossem superiores aos do marido, ela se tornava chefe do casal. 

No casamento, privilegiava-se o amor, ao mesmo tempo em que era visto como um contrato que poderia ser rompido, pois existia o divórcio. 

São concepções interessantes para uma época tão distante porque, na verdade, a mulher celta era tudo o que a mulher de hoje “briga” muito por ser. A primeira grande lição que os celtas nos dão é a da observação e do respeito pela natureza. A filosofia de vida celta era muito simples: Para eles, a vida era um eterno movimento cíclico de transformação permanente: "nascemos, crescemos, morremos e renascemos". 

Há o momento certo para cada coisa: arar a terra, semear, colher. As estações do ano são a prova da Natureza de que sempre, após um inverno rigoroso, a chegada da primavera. Eles nos mostram que é preciso aprender a perder para ganhar depois. Outra coisa muito bonita e importante nos ensinamentos celtas é o valor que eles davam à amizade, ultrapassava qualquer fronteira, qualquer plano. 
Existe a expressão gaélica que retrata muito o valor que davam à amizade, anam cara (amigo da alma). 
Por Ana Elisabeth Cavalcanti da Costa, formada em  História e Estudos Sociais.

segunda-feira, setembro 15, 2014

Sociedade: Convulsão Social

"Apertem os cintos, o bom senso sumiu". Ando desconfortável e acho preocupante essa "Convulsão Social" segundo significado ( um evento do qual a estrutura social, incluindo estratificação ( população separada por classes), distribuição de renda, hábitos culturais, enfim saem do controle e assola o nosso país, parece que de uma vez só liberamos todos os nossos demônios internos e entramos em ebulição.
imagem: Idade Medieval. google.

segunda-feira, setembro 08, 2014

Almir Sater: ♫"A música transforma, é mágica, nos salva, nos alimenta, nos cura".♫

 Cultura: 11/08/2014 - Almir Sater foi destaque no encerramento da Festa do Vinho.

 
Um grande público reuniu-se na noite de ontem (10), no Mergulhão, em São José dos Pinhais, para assistir ao show do cantor Almir Sater. Ele encerrou a programação da 12ª Festa do Vinho, evento tradicional na Cidade, que reuniu cerca de 15 mil pessoas durante o fim de semana. 
O famoso violeiro, compositor, cantor e instrumentista brasileiro concedeu entrevista exclusiva para a jornalista Mauren Luc, do Guiasjp. Acompanhe!

 “SENTI MUITA EMOÇÃO
 *GUIASJP: Como você sentiu o show, a energia do público que estava emocionado ao lhe ouvir?
ALMIR SATER: Achei um evento maravilhoso. Pessoas muito felizes, calientes, estava bom de tocar, som bom. Espero que tenham gostando tanto quanto eu gostei.

*Qual a motivação que lhe leva a subir no palco depois de tantos anos de carreira e continuar o mesmo, com o mesmo sucesso?
AS: A música! A música transforma, é mágica, nos salva, nos alimenta, nos cura.

*Tinha muita gente emocionada durante o seu show. Famílias inteiras que gostariam de estar aqui tirando uma foto e lhe conhecendo pessoalmente. Se pudesse falar com um a um, o que diria?
 AS: Eu cantei olhando nos olhos desse público e senti muita emoção, algo que transcende e  motiva. Agradeço muito esta 
*Você já conhecia SJP? O que acha da Cidade?
AS: Eu já tive este privilégio e acho que quem faz a Cidade são as pessoas, a gente que a constrói. Aqui, desde o mandatário até os mais humildes, todos são maravilhosos. 

*Então pretende voltar mais vezes?
AS: Sempre que me convidarem, afinal, eu vivo de convites.                
Fotos: Roberto Dziura/PMSJP // Mauren Luc.
Publicado por: GuiaSJP.com - Mauren Luc - Reproduzido parcial Blog Loira Dobem.
Fonte: http://www.guiasjp.com
                                                                                                                                                
                                                                                                                                                            

segunda-feira, junho 16, 2014

Os Miseráveis de Victor Hugo

 "A miséria das classes baixas é sempre maior que o espírito de fraternidade das classes altas." Victor Hugo.


Reprodução Internet - Filme. 













Os Miseráveis é uma obra-prima de Victor Hugo das mais instigantes e envolventes.
Faz alguns anos que assisti ao filme e Liam Neeson era o protagonista.
A trama aborda as questões políticas e sociais, a ética cristã acima da moral, sociedade indiferente. Um livro grandioso, intenso que mexe com as emoções e juízo de valor, onde personagens sedentos por justiça e oportunidades se enfrentam com os frios e obstinados, numa cruzada entre valores morais, éticos, hipocrisia social, a dura e cruel realidade social e seus desiguais. Para entender o enredo um breve resumo sobre os personagens centrais:


Jean Valjean - preso e condenado pelo roubo de um pão.
Personagem principal em que gira a trama, condenado por roubar um pão,
para alimentar sua irmã. Posto em liberdade após dezenove anos de prisão.
Rejeitado pela sociedade por ser um ex-presidiário, ao conhecer o Bispo Myriel muda sua vida por completo, pois, ele lhe dá oportunidade de uma construir uma nova história. E então, assume uma nova identidade para seguir uma vida honesta, tornando-se proprietário de uma fábrica e prefeito.


Bienvenu, Bispo de Digne (Charles François Bienvenu Myriel) Um sacerdote idoso e gentil, promovido a bispo por um encontro casual com Napoleão. Ele salva Valjean de ser preso após roubar sua prata e o convence a mudar de comportamento.

Fantine A costureirinha parisiense abandonada com uma filha pequena pelo seu amante Félix Tholomyès. Fantine deixa sua filha Cosette aos cuidados dos Thénardiers, estalajadeiros em uma aldeia chamada Montfermeil. Infelizmente, Sra. Thénardier mima suas próprias filhas e abusa de Cosette. Fantine encontra trabalho na fábrica de Madeleine, mas a supervisora descobre que ela é uma mãe solteira e a demite.Para atender às exigências de dinheiro dos Thénardiers, ela vende o seu cabelo, e depois os seus dois dentes da frente e, finalmente, acaba na prostituição. Valjean toma conhecimento de sua situação quando Javert ia prendê-la por atacar um homem que, a insultou e atirou neve em suas costas.
Cosette - filha de Fantine. (Euphrasie, Cotovia, Ursule, Senhora Pontmercy) A filha ilegítima de Fantine e Tholomyès. Entre a idade de três a oito anos, ela é espancada e obrigada a trabalhar para os Thénardier. Javert - inspetor de polícia Um inspetor de polícia obsessivo que sempre persegue e perde Valjean de vista. Ele se disfarça por trás da barricada, mas é descoberto e desmascarado por Valjean que tem a chance de matá-lo, mas ele o deixa ir. Mais tarde, Javert permite que Valjean escape por poupar sua vida. Pela primeira vez, Javert está em uma situação na qual ele desrespeita a lei. Seu conflito interior o levará a medidas extremas.

Thénardier (Jondrette, Senhor Fabantou, Senhor Thénard)
Um estalajadeiro corrupto e sua esposa. Eles têm cinco filhos: duas filhas (Éponine e Azelma) e três filhos (Gavroche e dois filhos mais jovens não identificados). Eles cuidam de Cosette em seus primeiros anos, maltratando e abusando dela. Eles também escrevem cartas sobre Cosette a Fantine, a fim de extorquir dinheiro dela.Mas acabam por perder a estalagem, devido à falência e se mudam para Paris, vivendo como os Jondrette. Senhor Thénardier está associado com um bando criminoso chamado. Patron Minette, mas ao contrário do que se pensa, ele não é o chefe, pois operam de forma independente. A família Thénardier também vive ao lado de Marius, que reconhece Thénardier como o homem que "salvou" seu pai em Waterloo. Eles são presos por Javert, após Marius frustrar suas tentativas em roubar e matar Valjean na casa Gorbeau. No final do romance, com a senhora Thénardier morta na prisão, ele e Azelma viajam aos EUA com a ajuda de Marius, onde Thénardier se torna traficante de escravos.

Éponine - Filha mais velha dos Thénardier.
Quando criança, ela é mimada por seus pais, mas acaba como uma
menina de rua, quando chega à adolescência.
Ela participa de crimes de seu pai e elabora esquemas para conseguir dinheiro.

Deixei Marius e outros personagens símbolos da resistência contra o governo para não alongar o conteúdo.

Partindo das ações e juízo de valor dos personagens centrais, é possível identificar dois princípios de ética: A ética cristã pautada no humanismo, compaixão e empatia. A ética materialista que demonstra uma sociedade egoísta e cruel, com os menos afortunados e a exclusão social. As duas irão se confrontar o tempo todo. As pessoas são divididas em duas categorias como define Victor Hugo: “As das classes dos que têm e dos que não têm” e não há lutas entre elas.

No caso, o “empreendedor”  assume o papel do governo, ao prover as necessidades básicas do trabalhador, através de condições de trabalho.
Ele tentava comprovar que as obras de caridade feita por indivíduos privados e não pelo governo – ajudam os pobres.
Na obra, ele demonstra que através de empreendedores habilidosos,
como Jean, é possível acontecer, o que hoje chamamos de “terceiro setor”.
Ou seja, ele não foi amarrado no tronco como na época atual, mas acobertado pelo Bispo que, omitiu seu roubo, e transferindo para ele a obrigatoriedade de ser honesto, a partir daí.

Lembrando que o escritor não era adepto ao socialismo e nem ao comunismo, mas de um espírito libertário, achava que o maior bem é a liberdade, como “O maior bem mais precioso de toda a humanidade. Comida e água não são nada; vestimentas e abrigos são luxos. Quem é livre permanece com sua cabeça erguida, mesmo que esteja com fome, sem roupas e sem teto. Eu dedicarei a minha própria vida, o que quer que ainda reste dela, à causa da liberdade – liberdade para todos!”

Nota: “Tudo bem, Victor, mas que adianta ser livre, se tanta gente vive sem ter com o que viver”, parafraseando Engenheiros do Hawaii. O próprio Bonaparte dizia que “De nada adianta o talento sem oportunidades”, ele recebeu bolsa de estudo para sua formação.

Hugo também era contra a redistribuição de riquezas, com elas iria minguar o estímulo da produção. Era contrário ao ideal do comunismo e da reforma agrária que visam distribuição de renda, pois, defendia que a distribuição destrói a produtividade. A repartição em partes iguais mata a ambição e, por consequência, o trabalho. Portanto, é impossível tomar essas pretensas soluções como princípio. “Destruir riqueza não é distribuí-la”, segundo Victor Hugo. Diga-se de passagem, era uma personalidade complexa e controversa como descrita na sua biografia: Quando jovem, apoiara a monarquia francesa; mais tarde, admirou Napoleão Bonaparte por supostamente defender os princípios da liberdade e igualdade. Quando tinha quarenta e nove anos, desafiou publicamente Napoleão III, o tirânico imperador. Em decorrência disto, perdeu suas luxuosas casas, suas enormes coleções de antiguidades e sua esplêndida biblioteca de dez mil livros; mas, ressurgiu como exilado eloquente, que defendia a liberdade para todos os povos. No fim da sua vida, quando mais tinha o que perder, dedicou–se à causa da liberdade.

Em 1822, aos vinte anos, defendeu o Visconde François René de Chateaubriand, um escritor francês famoso que, entrara em conflito com o governo. Certa vez, ofereceu sua casa como refúgio para um amigo de infância que fugia da polícia. Durante a Revolução de 1848, na França, Hugo saiu em meio aos tiroteios para pedir por um fim à violência. Assim como Jean Valjean em “Os miseráveis”, Victor Hugo ajudou os pobres com dinheiro do próprio bolso. Começou em casa, ajudando sua esposa, que tinha se afastado dele, e seus filhos sem muito dinheiro para si próprios. Ordenava a seu cozinheiro que alimentasse os mendigos que aparecessem a sua porta. Cada quinze dias, aos domingos, servia o “jantar das crianças pobres” para cerca de cinquenta jovens famintos do seu bairro. Em seus diários abundam os exemplos de caridade pessoal.

Conforme o biógrafo, André Maurois, durante seus anos mais prósperos, Victor Hugo chegava a gastar todo mês um terço de sua renda em obras de caridade. Nota-se que o escritor estimula uma sociedade livre, comprometida e transfere a responsabilidade para os empreendedores, a elite, a complacência para os contraventores e que, a igreja interfira na ética, sobrepondo a moral com a ética cristã e humanista.
Ele não pede para quem está com pena “adotar um bandido” ou sair pelas ruas em defesa da ordem e segurança, se acaso esta falhar, mas para ser empático. Que o papel de todos sermos engajados, dar amparo aos menos favorecidos, suprir suas necessidades, os incluindo através das oportunidades. “Se o Estado é ineficaz, não supre e nem resolve os problemas ou carências sociais, que façam os do setor privado e civis”.
Reconheço que ele cumpriu com seu papel de cidadania, estava com certeza em 1% de cada 1000, segundo estatística de psicologia social, que age de forma altruísta e comprometido com o bem. Coloca a ética cristã acima da ética moral e social, da crítica, do repúdio, exclusão e punição.

Observações finais:

Sobre Terceiro setor, esta definição surgiu na primeira metade do século passado, nos Estados Unidos.

Segundo Cristina Moura e Talita Rosolen, doutorandas em Administração na FEAUSP, explicaram que a sociedade é formada por três setores: o primeiro caracteriza-se por utilizar meios públicos para fins públicos, representado principalmente pelo Estado; o segundo setor é o que utiliza fins privados para meios privados (empresas); por fim, o terceiro é uma combinação: utiliza-se de fins privados para atingir meios públicos. Formam esse grupo as organizações não governamentais, fundações, associações comunitárias e entidades filantrópicas, por exemplo.  A grande preocupação do terceiro setor é causar impacto positivo na sociedade, se propondo a resolver parcial ou totalmente um problema. 

No Brasil, esse setor nasce com o fim da ditadura militar e ascensão da crise econômica. Com o Estado falido, instituições não governamentais tomam a iniciativa de resolver problemas urgentes. Ao mesmo tempo, com a expansão desenfreada do capitalismo global revelando diversas mazelas sociais e ambientais, a sociedade passa a exigir das empresas mais responsabilidade social, ultrapassando a visão anglo-saxônica de que uma empresa deve gerar apenas lucro.

As ações sociais das empresas e do terceiro setor são chamadas de investimento social e possuem foco em resultados, além de manter uma sinergia com os negócios e visar a inserção dos indivíduos na comunidade. Se diferencia, portanto, da caridade, que são ações isoladas e pontuais, sem muito planejamento e análise. Entre os dois conceitos, há também a filantropia, que vem de fundações e organizações independentes e é mais organizado do que a caridade, mas não tão bem estruturado como um investimento social.

Leia Também: 

Diógenes, o cão



















Para ler ou comprar o livro, "Os Miseráveis":

De qualquer forma, Victor Hugo, transcendeu as barreiras da ficção para criar uma obra que reúne um drama romântico, uma epopeia, um documento histórico, um ensaio filosófico, um tratado sobre ética e um estudo sobre literatura e linguagem. Nada disso seria possível sem o fascínio exercido pelas reviravoltas de seu enredo e pelo carisma de seus personagens.
Como o “criminoso” Jean Valjean sua jornada desesperada em busca de redenção. Ou a explorada e prostituída Fantine e sua filha Cosette, ou do pequeno Gavroche, filho de um lar desajustado que foge de casa para viver nas ruas. Unidos pelo idealismo e pelo gênio narrativo de Victor Hugo, esses excluídos e heróis improváveis fazem de “Os miseráveis”, um grito de liberdade que continua a ecoar até os dias atuais.
Prefácio de Alexandre Boide (Tradutor) e, que fingimos não ver.

Considerações finais: 

*A Analogia do livro se deu devido a uma jornalista adepta de amarrar no tronco um rapaz acusado de roubo, em plena democracia e Direitos Humanos em voga, porém, declarou anos antes, que este era o seu livro favorito. 

*O pensamento de Victor Hugo não reflete necessariamente o meu, pois, sou a favor da distribuição de riquezas e do cooperativismo, filosofia humanista, altruísmo, respeito às diversidades e adepta do voluntariada e ajuda humanitária. A vida é curta demais para agirmos como déspotas e mesquinhos para com os outros. 

*Resumo dos personagens e a vida de Victor Hugo extraído do Site “Literatura Universitária”. *O conceito de setores da sociedade extraído do site www.fea.usp.br

segunda-feira, dezembro 30, 2013

Pitaco Filosófico: A arte de Agradar














A arte de agradar reina em nossos costumes, uma vil e enganosa uniformidade, e todos os espíritos parecem ter sido jogados num mesmo molde; a polidez continuamente exige, o bom tom ordena, continuamente seguimos os costumes, jamais nosso gênio próprio. 

Não mais ousamos parecer o que somos; e nesta perpétua coerção, os homens que compõem esse rebanho a que chamamos sociedade, colocados na mesma circunstância, farão todas as mesmas coisas, se motivos mais potentes não o impedirem. 

 Jamais, portanto, saberemos com quem estamos tratando; será preciso, pois, para conhecer o amigo, aguardar as grandes ocasiões, ou seja, aguardar que não haja mais tempo, pois é justamente para estas ocasiões que seria essencial conhecê-lo. 

Que cortejo de vícios não acompanhará tal incerteza? Não mais haverá amizades sinceras; não mais estima real; não mais confiança fundada. 

Esconder-se-ão as suspeitas, as desconfianças, os temores, a frieza, a reserva, o ódio, a traição sob este véu uniforme e pérfido da polidez, sob essa urbanidade tão valorizada. 

Não mais se realçará o mérito próprio, mas se rebaixará o dos outros. 
Não se ultrajará grosseiramente o inimigo, mas será habilmente caluniado. 

 Haverá excessos proscritos, vícios desonrados, mas outros serão decorados com o nome de virtudes, não vejo aí senão o refinamento de intemperança tanto mais indigno do que meu elogio quanto a sua artificiosa simplicidade. Assim é que nos tornamos gente de bem. 

— Jean Jacques Rousseau - Trecho do "Discurso sobre as Ciências e as Artes". "Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre Homens"

Imagem: Reprodução Google.

sábado, novembro 16, 2013

Cultura: A eloquência do poema árabe





A literatura árabe é rodeada de sabedoria,
imaginação e espiritualidade. Entre os árabes a eloqüência sempre foi valorizada,
era inclusive, uma condição exigida para se poder exercer a chefia da tribo
e, com certeza essas tribos primitivas eram imbatíveis na poesia.

Havia feiras anuais e gravava-se em ouro,
sobre folha de palmeira,as peças vitoriosas que
eram dependuras. Desde a infância,
aprendia-se a refletir e a descrever o camelo, o vento,
as montanhas, o deserto.

Dois componentes determinam a sabedoria:
o dom natural e o tempo, que sazona o homem, e essas características tornam
a literatura árabe privilegiada.

A sabedoria, que não é repartida entre todos os homens
e todos os povos, se expressaem livros como os Prolegômenos,
de Ibn-Alkhaldun, Libertação do Erro, de Al-Ghazzali, A Epístola do Perdão,
de Al-Maarri, O Profeta de Gibran, entre tantos outros.

A sabedoria se manifesta em anedotas, aforismos, provérbios, reflexões.
A literatura árabe é extensa e magnífica, conseguiu sobreviver a terrores,
os poetas que foram exilados ou mortos até hoje são lembrados.
É uma arte eterna de pura magia, que consegue atingir a alma,
e que chegando ao fundo dessa alma consegue escrever um poema dentro de qualquer coração. 

Por Cláudia Brino.

Um outro ponto a destacar é a sonoridade: os peculiares recursos fonéticos
da língua estão a serviço da expressão poética.
É o caso de um longo poema do príncipe dos poetas da época pré-islâmica, Imru Al-Qays, que contém um verso antológico nesse sentido.
O poema – um dos tantos da época, dedicados a celebrar o cavalo árabe –
começa descrevendo a sensação de cavalgar um portentoso corcel, dotado da força do vento.
É madrugada, os pássaros nem ainda
saíram de seus ninhos; é tal a imponência
do nobre animal que, se alguma fera o avista,
fica imediatamente paralisada,
estarrecida ante a fogosidade do puro-sangue. —
Seu tropel é belo e harmônico,
embora indomável como a rocha que a chuva precipita
em desabalada carreira desde o alto.
Ao descrever a impetuosidade
desse movimento, o poeta-cavaleiro
diz que sua montaria "avança, retrocede,
arranca e recua num mesmo ato"
o que, no original árabe, é toda uma onomatopéia:
Mikarrin, mifarrin, muqbilin, mudbirin, ma'an!
———————————————————————————

— Você tem o relógio, eu tenho o tempo!.
“No deserto, cada pequena coisa
proporciona felicidade. Cada roçar é valioso.
Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos,
de estarmos juntos!
Lá ninguém sonha com chegar a ser, porque cada um já é.”
— Que turbante bonito!
É apenas um tecido fino de algodão:
permite cobrir o rosto no deserto
quando a areia se levanta e, ao mesmo tempo, você pode continuar
vendo e respirando através dele.
— Aqui, vocês têm o relógio; lá, temos o tempo.
No deserto não existe engarrafamento!

Por Moussa Ag Assarid
escritor, jornalista, contador de histórias e ator.

sexta-feira, junho 21, 2013

Sociologia: 'Saber mais é mudar relações de força'

terça-feira, maio 14, 2013

ADVOGADO ABSOLVE BOIADEIRO COM MÚSICA DE ALMIR SATER

Advogado absolve acusado com a  música de Almir Sater e Renato Teixeira, de forma surpreendente, a seguir:

A semana havia sido quebrada por um chamado especial do Juiz do Júri. Sentado em seu gabinete, ouvi com atenção o pedido para aceitar uma nomeação dativa para a defesa de um senhor. Beirando os sessenta anos de idade, ele havia largado sua profissão de boiadeiro. Por suas andanças, após ter filhos paraguaios, um romance com uma índia, e tantas outras histórias, acabou vendo a boiada embarcar em um caminhão. Não havia mais trabalho para o velho boiadeiro.



O destino então lhe trouxe para Curitiba, onde após alguns esforços, conseguiu o emprego de carpinteiro em uma construtora. Poucos dias de trabalho e acabou perdendo a mão em uma serra. Aposentado por invalidez restou-lhe o direito de viver em um pequeno barraco de uma das tantas favelas da Capital Paranaense.

O caso a ser julgado era de certa forma simples. Réu confesso, ele contava que depois de muito esforço, conseguiu mobiliar seu barraco, que tinha até televisão. Mas dentre todos os seus bens, gostava mesmo é de seu radinho de pilhas, que trouxe na bagagem de boiadeiro. Ali gostava de ouvir suas notícias, e aprender alguma coisa sobre o mundo novo que tão pouco conhecia.

Cerca de um mês antes dos fatos, viu com tristeza seu barraco ser invadido. De lá, retiraram a metade de seus poucos bens. Na favela, todos apontavam o autor, mas ninguém podia fazer nada contra ele. O autor do furto era elemento de uma gangue, cuja notoriedade foi alcançada pelas suas arruaças, roubos e violência.

Certa feita encheu o peito da coragem de boiadeiro, e foi até o meliante para pedir suas coisas de volta. Além de uns sopapos, não conseguiu mais nada. Agora voltava pra casa sem sua dignidade, e sem seu radinho de pilhas.

Tomado por sua justa revolta, ainda com a coragem de boiadeiro, resolveu ir à polícia e denunciar o furto e a gangue. Na delegacia viu uma jovem menina preencher alguns papéis, pedir-lhe para pregar os dedos sujos de tinta em alguns documentos, nada além disso.

Voltou pra casa estranhando aquilo. O Boiadeiro achava que ao dar a notícia, veria alguns policiais entrarem em uma viatura e irem até a favela para prenderem os bandidos. Pelo que percebeu as coisas não funcionavam por aqui exatamente como deveriam. Descendo do ônibus, rumou a passos pequenos e tristes para o seu barraco. Parece que mais um pouco de sua dignidade havia sido perdida na delegacia.

Quando entrou em seu barraco pela porta arrombada, deparou-se com a mais inusitada das cenas. Todo o resto de seus bens, das roupas ao colchão, havia sido roubado. Explodindo em revolta, foi até os vizinhos. Estes lhe informaram que foi exatamente o mesmo elemento que havia cometido o primeiro furto. A sua revolta tomou proporções insuportáveis. Durante uma semana toda viu o ladrão passar pela frente de sua casa com o sorriso irônico que confessava o furto. Aguardava o dia em que a polícia entrasse na favela e fizesse a justiça, mas ela não veio.

Em uma destas oportunidades, o ladrão cometeu um erro fatal. Passou pela frente do barraco ouvindo o amado radinho de pilhas. Quando o Boiadeiro foi até ele para tentar reaver seu bem foi agredido. Mas esta era a última vez. Tomado de um sentimento de vergonha e tristeza, cegado pela ira, o Boiadeiro frequentou os mesmos bares do meliante. Num destes bares, conseguiu comprar um revólver. O destino dos dois estava selado.

No dia dos fatos, quando a gangue do meliante passava pela frente da casa do Boiadeiro, carregando o mesmo ar sarcástico, ele não titubeou. De arma em punho saiu e descarregou a arma sobre o peito do ladrão.

A polícia se fez presente imediatamente, e procedeu a prisão em flagrante do Boiadeiro, que por questões de honra, confessou prontamente o homicídio. Levado à delegacia sem advogado e nem família, longe de sua índia, ele passou alguns meses preso, até que o juiz do Tribunal do Júri resolveu de ofício conceder-lhe a liberdade provisória.

Após aceitar e me preparar adequadamente para o processo, eu ainda não tinha uma tese sólida o suficiente para convencer os sete jurados. A Legítima Defesa baldaria diante do excesso. De nada valeria sustentar a excludente para ao final, chegar à mesma condenação. Um dia antes do júri, o promotor Celso Ribas (in memorian) , disse que não pediria a absolvição, porém, achava que os debates seriam riquíssimos se circundassem a Inexigibilidade de Conduta Diversa. Achei o tema interessante, mesmo que partindo do oponente, resolvi me preparar para sustentar aquela tese. Fui ao plenário sustentando Legítima Defesa, Homicídio Privilegiado e Inexigibilidade de Conduta Diversa.

A acusação feita sempre de forma magistral pelo saudoso Celso Ribas, pediu tão somente o afastamento das qualificadoras, requerendo aos jurados que condenassem o Boiadeiro nos moldes do Caput do artigo 121 – Homicídio Simples.

Na minha sustentação, passei rapidamente pela Legítima Defesa por questões técnicas. Logo entrei no privilégio e dele fiz as mais ardentes palavras. Eu não tinha dúvida da violenta emoção. No meio da sustentação, percebi que um dos melhores argumentos pelo privilégio, era exatamente o sofrimento moral diante da injusta provocação da vítima. E como argumentos compatíveis, privilégio e inexigibilidade de conduta diversa se avultaram diante dos jurados.

Percebendo a possibilidade de sucesso da tese defensiva, a Acusação decidiu fazer uso da réplica. Antes porém, o colega de plenário Celso Ribas, passou por mim e disparou: Preparou-se bem para a tese que lhe indiquei. Parabéns! Porém, creio que não devo mais trocar ideias com o senhor antes do júri. Ambos sorrimos, terminamos o café e voltamos ao plenário.

Na réplica, Celso Ribas foi exatamente aquilo que sempre se esperou dele. Brilhante. Com os cuidados que lhe eram peculiares, percebeu que precisava levar o julgamento para o lado emocional. A discussão técnica havia se tornado incompreensível para os jurados. E ele o fez com maestria.

Assumi a palavra na tréplica ainda contido, mas ao olhar para o Boiadeiro, depois de acabar a abordagem técnica, percebi que havia algo mais a ser dito naquele plenário. “A Constituição garante que os acusados serão julgados por seus iguais quando submetidos ao Tribunal do Júri. Os senhores jurados se sentem iguais ao acusado? Já trabalharam como boiadeiros?” O coração assumiu o controle das palavras. Então me lembrei dos tempos de músico. Lembrei-me da viola caipira, onde sempre gostei de tocar as modas pantaneiras de Almir Sater. Enquanto falava, sentia o peso do plenário e media o ponteiro do relógio. Havia ainda cerca de 10 minutos para a explicação dos quesitos e o encerramento.

Subitamente, percebi o quanto a música peão se aplicava ao caso. Do tempo restante resolvi fazer a declamação da letra de Almir Sater, cuja transcrição faço a seguir.

Peão
Almir Sater 


Diga você me conhece
Eu já fui boiadeiro
Conheço essas trilhas
Quilômetro, milhas
Que vem e que vão
Pelo alto sertão
Que agora se chama
Não mais de sertão
Mas de terra vendida
Civilização

Ventos que arrombam janelas
E arrancam porteiras
Espora de prata riscando as fronteiras
Selei meu cavalo
Matula no fardo
Andando ligeiro
Um abraço apertado
E um suspiro dobrado
Não tem mais sertão

Os caminhos mudam com o tempo
Só o tempo muda um coração
Segue seu destino boiadeiro
Que a boiada foi no caminhão

A fogueira, a noite
Redes no galpão
O paiero, a moda,
O mate, a prosa
A saga, a sina
O “causo” e onça
Tem mais não

Ô peão….

Tempos e vidas cumpridas
Pó, poeira, estrada
Estórias contidas
Nas encruzilhadas
Em noites perdidas
No meio do mundo
Mundão cabeludo
Onde tudo é floresta
E campina silvestre
Mundão “caba” não

Sabe, “prum” bom viajante
Nada é distante
“Prum” bom companheiro
Não conto dinheiro
Existe uma vida
Uma vida vivida
Sentida e sofrida
De vez por inteiro
E esse é o preço “preu” ser brasileiro.

Ao final do Júri, a sentença que reconhecia a primeira Inexibilidade de Conduta Diversa desde 1995 em Curitiba, além de absolver o acusado, sentenciaram este advogado a viver com a música. Músico e advogado em plenário, pois a Justiça, enquanto escrita com letras maiúsculas, é a mais doce das harmonias que um músico pode buscar.



— Autor: 
Advocacia Samuel Rangel
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