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sábado, novembro 16, 2013

Cultura: A eloquência do poema árabe





A literatura árabe é rodeada de sabedoria,
imaginação e espiritualidade. Entre os árabes a eloqüência sempre foi valorizada,
era inclusive, uma condição exigida para se poder exercer a chefia da tribo
e, com certeza essas tribos primitivas eram imbatíveis na poesia.

Havia feiras anuais e gravava-se em ouro,
sobre folha de palmeira,as peças vitoriosas que
eram dependuras. Desde a infância,
aprendia-se a refletir e a descrever o camelo, o vento,
as montanhas, o deserto.

Dois componentes determinam a sabedoria:
o dom natural e o tempo, que sazona o homem, e essas características tornam
a literatura árabe privilegiada.

A sabedoria, que não é repartida entre todos os homens
e todos os povos, se expressaem livros como os Prolegômenos,
de Ibn-Alkhaldun, Libertação do Erro, de Al-Ghazzali, A Epístola do Perdão,
de Al-Maarri, O Profeta de Gibran, entre tantos outros.

A sabedoria se manifesta em anedotas, aforismos, provérbios, reflexões.
A literatura árabe é extensa e magnífica, conseguiu sobreviver a terrores,
os poetas que foram exilados ou mortos até hoje são lembrados.
É uma arte eterna de pura magia, que consegue atingir a alma,
e que chegando ao fundo dessa alma consegue escrever um poema dentro de qualquer coração. 

Por Cláudia Brino.

Um outro ponto a destacar é a sonoridade: os peculiares recursos fonéticos
da língua estão a serviço da expressão poética.
É o caso de um longo poema do príncipe dos poetas da época pré-islâmica, Imru Al-Qays, que contém um verso antológico nesse sentido.
O poema – um dos tantos da época, dedicados a celebrar o cavalo árabe –
começa descrevendo a sensação de cavalgar um portentoso corcel, dotado da força do vento.
É madrugada, os pássaros nem ainda
saíram de seus ninhos; é tal a imponência
do nobre animal que, se alguma fera o avista,
fica imediatamente paralisada,
estarrecida ante a fogosidade do puro-sangue. —
Seu tropel é belo e harmônico,
embora indomável como a rocha que a chuva precipita
em desabalada carreira desde o alto.
Ao descrever a impetuosidade
desse movimento, o poeta-cavaleiro
diz que sua montaria "avança, retrocede,
arranca e recua num mesmo ato"
o que, no original árabe, é toda uma onomatopéia:
Mikarrin, mifarrin, muqbilin, mudbirin, ma'an!
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— Você tem o relógio, eu tenho o tempo!.
“No deserto, cada pequena coisa
proporciona felicidade. Cada roçar é valioso.
Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos,
de estarmos juntos!
Lá ninguém sonha com chegar a ser, porque cada um já é.”
— Que turbante bonito!
É apenas um tecido fino de algodão:
permite cobrir o rosto no deserto
quando a areia se levanta e, ao mesmo tempo, você pode continuar
vendo e respirando através dele.
— Aqui, vocês têm o relógio; lá, temos o tempo.
No deserto não existe engarrafamento!

Por Moussa Ag Assarid
escritor, jornalista, contador de histórias e ator.