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domingo, 16 de junho de 2024

AUTOCUIDADO

 Quando falamos em Autocuidado logo pensamos na vaidade voltado para o físico, mas o termo é mais abrangente, trata-se de cuidar de si mesma (o). Além do corpo, o social, o emocional e o mental, principalmente. Não se trata de egoísmo, mas separar as coisas que afetam nossa vida, reduzindo nossa capacidade cognitiva.



Imagem de André Santana Design por Pixabay

Vivemos numa sociedade permissiva, onde se coloca em risco a saúde mental das pessoas que, parecem anestesiadas, vivendo num mundo paralelo, orientadas por informações capciosas lançadas por noticiários, religiosos, políticos, figuras públicas e afins, os que dominam as narrativas com ardis, visando interesse próprio, mas nunca o coletivo, ao ponto de esquecer sua civilidade no mundo real.

Hoje, falar de amor, empatia, paz, respeito, educação, polidez, seriedade ou dignidade se tornou obsoleto. Quanto mais falacioso, vulgar e obsceno, mais popular e dinheiro no bolso. Quanto mais ódio, polarização, ressentimentos, concorrências e divergências mais agradam à classe dominante, entretanto, desperta na população aquele monstro terrível até então adormecido que, não é folclórico, como o bicho-papão. “Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti.” (Nietzsche em “Além do Bem e do Mal” - Aforismos e Interlúdios).

Em tempos idos, um homem era respeitado e admirado por sua conduta e o fio do bigode (sua palavra) era a garantia de bom-caráter e comprometimento. Hoje é o verbo desdizer.

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Notícias Falsas

O que é Ética?

Perde-se tanto tempo vivendo a vida dos outros, impondo as supostas verdades e suas vontades que, se esquecem de viver a própria vida e respeitar as diversidades e escolhas alheias. Falam-se tanto no “diabo”, o pai da mentira, mas é a mentira que permeia o juízo de valor das pessoas.

Falam-se tanto em equidade, mas é a justiça seletiva que pende na balança. Falam-se tanto em liberdade de expressão quando, na verdade, praticam a libertinagem (o mau uso que um indivíduo faz de sua liberdade, extrapolando nos seus limites), tem até figura política normalizando a mentira como algo corriqueiro.  Segundo o professor Ernesto von Rückert, membro da academia de letras de Viçosa-MG, "Você tem a ver com tudo aquilo de que toma conhecimento".   

"Uma forma de manter o controle social da população é desviar a sua atenção frente às mudanças sociais, econômicas e políticas pelas quais a sociedade está atravessando atualmente, como forma de passar despercebido o que realmente é benéfico para a população, em favorecimento dos interesses da classe dominante", segundo Noam Chomsky, uma das técnicas de manipulação das massas. 

 “Deixemos de coisas, cuidemos da vida, como refletia Belchior, cuidemos da nossa saúde mental, emocional, espiritual e física. "Sem o diálogo, sem a mediação da linguagem, partimos para brigas, guerras, crimes humanitários", conforme a curadora da Bienal de Artes, Lisette Lagnado.

No texto abaixo, Nietzsche, nos convida a avaliar a própria vida, se a vida que vivemos hoje, estaríamos dispostos a vivê-la mais vezes, o eterno retorno:

O maior dos pesos – E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: ‘Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terá de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem – e assim também essa aranha e esse luar entre as árvores, e também esse instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente – e você com ela, partícula de poeira!’.

– Você não se prostraria e rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim falou? Ou você já experimentou um instante imenso, no qual lhe responderia: ‘Você é um deus e jamais ouvi coisa tão divina!’.

Se esse pensamento tomasse conta de você, tal como você é, ele o transformaria e o esmagaria talvez; a questão em tudo e em cada coisa, ‘Você quer isso mais uma vez e por incontáveis vezes?’, pesaria sobre os seus atos como o maior dos pesos! Ou o quanto você teria de estar bem consigo mesmo e com a vida, para não desejar nada além dessa última, eterna confirmação e chancela”.

– Friedrich Nietzsche, Gaia Ciência, 34

Se for preciso repeti-la, que não seja um fardo, mas uma vida bem vivida com responsabilidade social.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Sociedade Do Avesso

    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, segundo Camões, mas nem sempre para melhor como deveria!


Imagem de Pexels por Pixabay

O que observo diante do sol escaldante...

Sinceramente, nunca vi gente tão malcriada, grosseira e vulgar como essas a partir do final da década passada nesse lugar. Parece que saíram dos esgotos e dominaram a vila. E pior não são os jovens, mas os que deveriam dar o exemplo, os mais velhos e meia-idade. 

Pessoas ignorantes, estúpidas, hipócritas, egoístas e individualistas que acreditam que o mundo gira em torno de suas vontades e contravenções. Mesmo com novos ares, esperança em dias melhores, reconstrução de valores, ainda persistem nos hábitos perniciosos. “O que é bom ninguém semeia” (Tião Carreiro). 

Não obedecem mais regras, não respeitam o espaço alheio. Gente raivosa despeja nas pessoas seus dejetos, frustrações e traumas. Não pensam duas vezes para depreciar, ofender, um desrespeito total.  Reza a psicologia que falta autorrespeito, autoestima e autocuidado.

Só conhecem palavreado de baixo calão, e certamente nunca ouviram falar de Schopenhauer (A Arte de ter razão), mas dominam a técnica como nunca quando afrontados sobre seus abusos e suas inconveniências.

Estou quase concordando com Hobbes, “o homem nasce mau e como tal precisa de regras para aprender a viver em sociedade”. Se aproveitassem as qualidades negativas como “arrogância e soberba” para transformá-las em positivas, o mundo seria mais tranquilo. E pior eles projetam nas outras pessoas (Freud explica) o que eles são: grosseiros, vulgares, mal-educados, irresponsáveis, abusadores do espaço alheio e público, verdadeiros boçais. Isso não pode ser coisa de Deus.



Imagem de reenablack por Pixabay

Deus mora onde há respeito, verdade, justiça, empatia, solidariedade, lealdade, bondade, caridade, compaixão e imparcialidade. Nunca soube que ele reside na mentira, falsidade, ingratidão, desonestidade intelectual, abuso de direito, lei da vantagem, a isso eu conhecia como Lúcifer, Pã, Satanás, diabo...

De acordo com Aristóteles: O homem é um ser social. O que vive, isoladamente, sempre, ou é um Deus ou uma besta. A razão orienta o ser humano para que este evite o excesso ou o defeito (a coragem - não a cobardia ou a temeridade). O homem deve encontrar o meio-termo, o justo meio; deve viver usando, prudentemente, a riqueza; moderadamente os prazeres e conhecer, corretamente, o que deve temer. 

fonte:  https://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/filosofia.html 

Concluindo: “Nem tanto ao mar nem tanto a terra, precisamos buscar o meio, o equilíbrio”.

Portanto, se o berço, as leis, a filosofia, o bom-senso, a reflexão e autoconhecimento não norteiam o caráter, use o Taoísmo para reflexão: “Só é crédulo aquele que ama seu irmão como a si mesmo” ou a ética cristã: “Amai o próximo como a si mesmo”.

Porém, eu desconfio que a maioria nem se ame, caso contrário, não existiria tanta gente sem noção nesse mundo e dispersa, sabendo que a única certeza é o retorno à última morada e voltando a ser o que era desde o começo, apenas pó e mesmo assim insiste em trazer sofrimento, constrangimento aos outros.

Mas o tempo passa tão rápido
Nunca adie as coisas
Nunca espere para dizer o que precisa ser dito.
Você sempre diz a si mesmo que tem muito tempo...

(frase do Filme: Encontrando o amor em Nebrasca). Sinopse: Avô viveu anos remoendo mágoas da filha que falecera sem desejar nenhum contato mais, após ela se casar com rapaz de família rival e reflete ao conhecer sua neta adulta agora. 

Foi um dos filmes que vi durante as celebrações natalinas e festas do final do ano quando me desliguei bastante do mundo virtual, até para dar leveza à alma e elaborar textos verdadeiros em sentimentos e palavras como gosto de fazê-los.

 

Mas a realidade social está tão pior quanto, motivo esse do meu queixume e desse desabafo. 

 

Belchior já observou isso:
Mas não se preocupe meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isto é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer, ao vivo é muito pior...


Qual dos mundos está mais nocivo, isso sim, é uma escolha difícil!

domingo, 16 de julho de 2023

De onde vem o ódio?

 Essa postagem é baseada num ataque de ódio nos Estados Unidos por delinquentes brancos contra uma menina negra ocorrida em 2017, mas (infelizmente), condizente com a mudança brusca e grotesca ocorrida na sociedade no mundo todo, nem o nosso país antes considerado uma pátria alegre e gentil escapa das atrocidades descabidas.

Imagem de Dmitry Abramov por Pixabay


A polarização, o preconceito e não aceitação às diferenças culturais, raciais, sociais virou palco para disseminação do ódio, de "
likes" e de engajamento nas redes sociais para a realidade, tendo “Lúcifer” como o mentor em expurgar as relações e sentimentos assertivos como a ética da moralidade, o certo, o justo, a empatia, o respeito e lembrar que, não somos os donos do mundo, todos estão apenas de passagem e não temos o direito de cercear as escolhas, a liberdade alheia e tampouco agir como justiceiros. 

Abaixo um estudo detalhado através da Psicologia social para refletir e compreendermos que o ódio causa mais mal a quem o pratica do que a quem se dirige como na frase atribuída a Shakespeare: “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. 

É preciso resolver os demônios internos e reprimi-los para que todos possam viver em uma sociedade mais harmoniosa e respeitosa, afinal, "Só quem tem respeito por si mesmo pode respeitar os outros".

Caros leitores, leia e refletem:

Infelizmente, de acordo com dados coletados pelo Southern Poverty Law left,  existem aproximadamente 917 grupos de ódio nos Estados Unidos.

A partir da análise da presença de comentários racistas e de incitação ao ódio e à discriminação nas redes sociais, um estudo recente destacou como a presença de “grupos de ódio” cresceu 900% nos últimos dois anos. Os estudiosos, portanto, perguntaram por que odiamos, e as razões podem ser vastas e complexas. 

Segundo o Dr. Marsden, professor do Beacon College em Leesburg, Flórida, uma das razões que impulsionam o ódio está ligada ao medo de tudo o que é diferente de nós.

A teoria da identidade social representa um dos principais modelos explicativos da psicologia social contemporânea, útil para a compreensão da dinâmica funcional entre grupos.

Dentro desta teoria, o grupo é conceituado como um lugar onde a identidade social ganha vida, pois no homem há uma tendência espontânea para formar grupos e fazer uma distinção entre o próprio grupo de pertencimento (in-group) e o de não-grupo. adesão (grupo externo).

Sublinhar esta diversidade é necessário para a consequente compreensão do conjunto de mecanismos cognitivos e comportamentais que são ativados face aos dois grupos: face ao in-group assistimos a um padrão de favoritismo e proteção da identidade partilhada, ao contrário do out-group em direção ao qual muitas vezes há uma competição doentia.

Dr. Patrick Wanis, um especialista em comportamento, referindo-se a esta teoria, aponta que quando nos sentimos ameaçados por "outros" percebidos como estranhos, nos voltamos instintivamente para o nosso próprio grupo, ou seja, aqueles com quem nos identificamos quase como se fosse um mecanismo de sobrevivência.

O Dr. Wanis explica que “o ódio é impulsionado por duas emoções básicas, como amor e agressão: amor pelo grupo favorecido e agressão pelo grupo externo como diferente, perigoso e considerado uma ameaça ao grupo interno”.

O MEDO DE NÓS MESMOS

De acordo com a Dra. Dana Harron, psicóloga clínica em Washington DC, os pensamentos odiosos que muitas vezes temos sobre os outros, na verdade, representam as coisas que tememos em nós mesmos.

Ela sugere pensar no grupo ou pessoa-alvo como uma tela de cinema na qual são projetados aspectos indesejados do eu. A ideia básica é “Eu não sou terrível; Você é!".

Esse fenômeno, conhecido como projeção, é um termo cunhado por Freud para descrever nossa tendência a rejeitar o que não gostamos em nós mesmos.

Em apoio a isso, o Dr. Brad Reedy descreve ainda a projeção como uma necessidade primordial de se sentir bem, o que nos leva a projetar "maldade" para fora e atacá-la: “Desenvolvemos esse método para sobreviver, para nos distanciarmos de qualquer 'malícia' que possa nos colocar em risco de sermos rejeitados ou deixados em paz. Assim, reprimimos todas as coisas que acreditamos serem ruins e negativas - tudo o que os outros nos disseram ou sugeriram que era desagradável ou moralmente repreensível - e nos aproveitamos do ódio e do preconceito contra os outros. Acreditamos que assim nos livramos de características indesejáveis, mas na verdade isso apenas perpetua a repressão, que leva a muitos problemas de saúde mental.”

FALTA DE AUTOCOMPAIXÃO

O antídoto para o ódio é a compaixão pelos outros, assim como por nós mesmos. Ter habilidades de autocompaixão significa aceitar a si mesmo como você é.

Doutor Ready acredita que, quando alguém colide com partes de si mesmo, consideradas inaceitáveis, o mais simples é atacar os outros para se defender da sensação dessa ameaça, mas "se estivermos em paz conosco, somos capazes de responder aos outros e seus comportamentos com compaixão. É somente quando aprendemos a ter compaixão por nós mesmos que podemos automaticamente ser capazes de mostrá-la também aos outros”.

PREENCHA UM VAZIO

Dr. Bernard Golden, autor de vários livros sobre comportamentos e estratégias de ódio, acredita que quando o ódio desencadeia a participação em um grupo, pode ajudar a promover um senso de conexão e camaradagem que preenche o vazio na identidade de alguém.

Ele descreve o ódio de indivíduos ou grupos como uma forma de se distrair da tarefa mais exigente e ansiosa, como a de criar a própria identidade.

Atos odiosos são tentativas de se distrair de sentimentos como solidão, desamparo, injustiça, inadequação e vergonha. Na verdade, o ódio toma forma a partir do sentimento de uma ameaça percebida.

É uma atitude que pode gerar hostilidade e agressão contra indivíduos ou grupos; assim como a raiva, o ódio nada mais é do que uma reação de distração a uma dor mais profunda e interior.

O indivíduo consumido pelo ódio acredita que a única maneira de recuperar o senso de controle sobre sua própria dor é atacando preventivamente os outros.

Nesse contexto, cada momento de ódio é uma trégua temporária do sofrimento interior.

FATORES SOCIAIS E CULTURAIS
O QUE VOCÊ PODE FAZER?

A resposta do por que odiamos, segundo Silvia Dutchevici, presidenta e fundadora do Critical Therapy left, está não apenas nos aspectos psicológicos e familiares, mas também no contexto histórico, político e cultural de pertencimento.

Vivemos em uma cultura de guerra que promove a violência e onde a competição se tornou um verdadeiro modo de vida!” diz a Dra. Dutchevici.
“Tememos que a conexão com o outro nos obrigue a revelar algo sobre nós mesmos; somos ensinados a odiar o inimigo, seja ele quem for, deixando pouco espaço para a exploração da vulnerabilidade do outro por meio do discurso empático e da compreensão. Na sociedade de hoje, estamos mais dispostos a entrar em campo para lutar, em vez de resolver o conflito.Aliás, a paz raramente é a opção que se tem em conta!”.

De acordo com o Dr. Golden, até mesmo o ódio deve ser ensinado para ser aprendido; “Todos nascemos com a capacidade de odiar e sentir compaixão; a tendência comportamental e mental que escolhemos para nós mesmos deve ser sempre o resultado de uma escolha consciente seja do ponto de vista individual, familiar, comunitário ou cultural. A chave para superar o ódio é a educação: em casa, nas escolas e na comunidade”.


Segundo Dutchevici, diante do medo de nos sentirmos vulneráveis e humanos,  somente estabelecendo uma conexão com o outro que aprendemos a sentir e amar.  “Em outras palavras, a compaixão pelos outros é o único contexto que pode nos curar!”

Retirado de PsychologyToday 

Para ler na íntegra: 

https://www.psiconline.it/area-professionale/ricerche-e-contributi/l-odio-come-paura-dell-altro-e-di-se-stessi.html

(Tradução e adaptação por Dra. Giorgia Lauro) em italiano e em português (pelo Google tradução). 

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Machado De Assis e o gatuno da Caixa Econômica

Dia 21 de junho foi o aniversário do nascimento de, Machado de Assis, considerado o maior nome da literatura brasileira, da qual assino embaixo. Para celebrar tão importante data, havia separado essa crônica do escritor sobre duas situações e o juízo de valor delas, em meio à correria, não postei no dia.
 

Imagem do site HiperCultura


A crônica publicada pela Gazeta de Notícias em “A Semana” (13 de outubro de 1895), Machado de Assis, discorre sobre dois fatos curiosos e paradoxais, da qual ele chama de duas lições para estudarmos. O primeiro se refere a um indivíduo que subiu na estátua de Pedro I da qual dividiu a opinião da multidão quanto à punição. O segundo do gatuno que roubou joias e dinheiro teve a pachorra de levar para depositar nos cofres da Caixa Econômica (Inaugurada em 12 de janeiro de 1861, quando Dom Pedro II assinou o Decreto nº 2.723, que fundou a Caixa Econômica da Corte).

Diz ele: A segunda lição que devemos estudar ou deves estudar é a que se segue.

Um gatuno furtou diversas joias e quatrocentos mil-réis. O Sr. Noêmio da Silveira, delegado da 7º circunscrição urbana, moço inteligente e atilado, descobriu o gatuno e o furto. Até aqui tudo é banal. O que não é banal, o que nos abre uma larga janela sobre a alma humana, é que o gatuno tão depressa furtou os quatrocentos mil-réis como os foi depositar na caixa econômica. Medita bem, não me leias como os que têm pressa de ir apanhar o bonde; lê e reflete.

Como é que a mesma consciência pode simultaneamente negar e afirmar a propriedade? Roubar e gastar está bem; mas pegar do roubo e ir levá-lo aonde os homens de ordem, os pais de família, as senhoras trabalhadeiras levam o soldo do salário e os lucros adventícios, eis aí o que me parece extraordinário. Não me digas que há viciosas que também vão à caixa econômica, nem que os bancos recebem dinheiros duvidosos. Ofício é ofício, e eu trato aqui do puro furto.

Assim é que, o empregado da caixa, vendo esse homem ir frequentemente levar uma quantia, adquire a certeza de ser pessoa honesta e poupada, e quando for para o céu, e o vir lá chegar depois, testemunhará em favor dele ante S. Pedro. Ao contrário, se lá estiver algum dos seus roubados, dirá que é um simples ratoneiro.

O porteiro do céu que negou três vezes a Cristo e mil vezes se arrependeu, concluirá que, se o homem negou a propriedade por um lado, afirmou-a por outro, o que equivale a um arrependimento, e metê-lo-à onde estiverem as Madalenas de ambos os sexos.

Se eu houvesse de definir a alma humana, em vista da dupla operação a que aludo, diria que é uma casa de pensão. Cada quarto abriga um vício ou uma virtude. Os bons são aqueles em quem os vícios dormem sempre e as virtudes velam, e os maus... Adivinhaste o resto; poupas-me o trabalho de concluir a lição.

                                                        Leia também:

         A Igreja E o Diabo

  O Espelho

      O barbeiro honesto

Conclui-se que em todas as épocas sempre existiram a dualidade e o "passa pano", infringir a lei, desvio de caráter e conduta ou faltar com a verdade é um mal menor diante do "arrependimento", os anais da história demonstram que minimizar esses desvarios faz parte da humanidade como instrumento para driblar as transgressões. 

domingo, 5 de março de 2023

Sinceridade é um “tiro no pé” em novos tempos


Imagem de StockSnap por Pixabay 











“Se você não tem uma equipe dedicada e capaz represen­tando seu negócio, você não tem um negócio.” - Melanie Milburne (escritora australiana).

Na Administração moderna em lugar de funcionário(a), empregado (a), a partir dos anos 90, as empresas passaram a empregar o termo colaborador (a), para “reforçar” a ideia de que, eles são peças fundamentais para o sucesso delas. Nos anos 40 eram divididos por categoria: empregado, operário e trabalhador. O primeiro quem prestava serviços ao governo. 

Ou seja, o “colaborador” (a) se sente motivado por ser agregado como capital humano, indispensável para a empresa progredir, porém, é fundamental a sinergia e interação, principalmente o feedback (reforço negativo ou positivo), assim como a transparência na comunicação para não ocorrer ruídos e corrigi-las para atingir a excelência.

Todos comprometidos e alinhados com as estratégias, a missão da empresa que se propõe a ser ética e com responsabilidade social, etc. Muitos chamam por funcionários mesmos, o que considero mais correto. 

Mas de anos para cá, virou cafonice ser ético, sincero, comprometido e responsável, um atestado para o desemprego e persona non grata, a contar pelos exemplos que vemos corriqueiramente, os praticantes da desonestidade intelectual, do sofismo como qualificação profissional são os mais requisitados.  

É como se as empresas, pessoas virassem todas voláteis, como bula de remédio com prazo de validade: “Hoje, atuamos assim, amanhã veremos como fica e se for preciso desdizemos tudo o que nos comprometemos antes!”. 

“Será possível que me tornei vosso inimigo apenas por vos declarar a verdade?” Gálatas 4.16.

É o caso do engenheiro, considerado um dos mais importantes da plataforma, perdeu o emprego devido ao feedback dado em reunião quando o CEO "visionário" questionou o motivo de seu perfil tornar-se menos lido pelos usuários na rede social, e acreditava tratar-se de um bug, ao explicar para seu empregador “que nada anormal acontecera e que o algoritmo mantinha um funcionamento padrão. Para o engenheiro, o que causou a diminuição no engajamento do chefe foi uma queda no interesse pelo empresário e pela aquisição" do pássaro azul.

Ainda mais quando um bilionário excêntrico adquire uma rede de interação social, é natural ocorrer uma insegurança de patrocinadores, dos inscritos e afins. Mudanças sempre geram certo desconforto. Um dos módulos mais importantes da administração é sobre “gestão de pessoas”, quando uma empresa demite um(a) funcionário (a) por motivos torpes, na verdade, ela demitiu os clientes.

O custo para treinar um novo (quando na verdade um diálogo entre gente bem-resolvida resolveria a questão) é considerável e ainda oferece de bandeja para que o concorrente o contrate é maior que o estrago que ele causou no ego da chefia.

Um funcionário assim deveria ser promovido e valorizado por expor a verdade, ele é um agente agregador da empresa, monitorou os dados e análises para que um líder dos mais visionários, decida quais medidas estratégicas e urgentes necessitam para o alcançar os resultados mais eficazes, isso está muito além da eficiência. 

É o perfil de "colaborador" nos cursos de Administração, Marketing em seus estudos científicos estimulam a requisitar para suas empresas. 
Não aqueles pagos apenas para cumprir ordens, fazer o trivial, permanecer engessados e apáticos quanto à administração arcaica e autocrática, porque não estão verdadeiramente interessados em resultados eficazes, mas apenas em receber o pagamento no fim do mês.


Talvez os egocêntricos, displicentes preferem um profissional como o conto de Andersen (A roupa nova do imperador), onde dois espertalhões, sabendo da vaidade e ego inflado do rei, o ludibriram sobre a fabricação de uma roupa invisível que somente inteligentes conseguiriam ver, seus asseclas para não passar por tolos, fingiam enxergá-la, mas a criança espontânea ao vê-lo nu desfaz a farsa, expondo a verdade.

Porém, o rei, para não ser considerado um parvo que caiu num conto do vigário, fingiu não entender!

Em Gálatas, 4.17, está a resposta: “Aqueles que se mostram fazendo tanto esforço para vos agradar não agem com boas intenções, mas seu real propósito é vos isolar a fim de que sejais constrangidos a demonstrar vosso cuidado para com eles”.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O Ano que virá

Termina mais um ano e com ele a expectativa de que 2023 venha com mais esperança, empatia e oportunidades.



Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Cada ano que termina estamos mais distantes do passado e envelhecendo mais. Hora de refletir, olhar para dentro de nós e buscar a sabedoria, o bom senso.

Fique para trás os anos duvidosos, o mundo adoeceu mental, físico, emocional e espiritual simultaneamente, enfrentamos uma pandemia das mais terríveis, muitas vidas se foram, me solidarizo com quem passou pela dor da partida dos seus entes amados, conhecidos e me compadeço delas por não conseguir salvação a tempo. E ainda não estamos livres, temos que ser cautelosos.


Reprodução: Internet 













A vida é frágil, as coisas são passageiras e as mudanças sempre vem, tudo é impermanente, não há como parar a roda do tempo. É preciso entender o ontem e prestar atenção à paisagem.

Se caminharmos apressados só em linha reta, não enxergamos a curva ou à paisagem nas laterais, se deixarmos uma obra inacabada, nunca saberemos o que seria dela se a tivéssemos terminado. 

Conserve seu medo
Mas sempre ficando
Sem medo de nada
Porque nessa vida
De qualquer maneira
Não se leva nada
Ande pra frente
Olhando pro lado...
( Raul Seixas) 

Nem sempre o acaso vai nos proteger, uma incógnita, "O acaso é um deus e um diabo ao mesmo tempo", segundo Machado, porque nunca se sabe o que virá pela frente depois.

Às vezes tudo o que precisamos não é um caminho novo, mas um novo jeito de caminhar, de enxergar as coisas sobre um novo prisma ao aprender com os erros passados e perdoarmos por nossos equívocos.

Como diz Machado de Assis: “Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de corrigir”. Tempo de introspecção, reaproximação e despertar o lado bom da gente, humanidade.

Estamos só de passagem, nada levaremos conosco quando partimos deste mundo. Fica para trás a ambição, o egoísmo, a mesquinhez, a raiva, a ganância, o preconceito. Mas as coisas boas que plantamos e espalhamos ao nosso redor, farão a diferença para outras pessoas. 

Assim como haverá momentos bons, felizes, recompensas, também haverá de dores, conflitos, atritos, medos, incertezas, desapontamentos, perdas, atos falhos, afinal, "Sobre todos nós, um pouco de chuva precisa cair" segundo Led Zeppelin, mas temos que ser resilientes enquanto respiramos: carpe diem quamminimum credula postero ou “colha o dia e confie pouco no amanhã”, é o sábio conselho do filósofo Horácio.

Se não puder ajudar, não atrapalhe.

Enquanto aproveitamos o presente nos esforçarmos para evoluir, em amar mais, odiar menos. Não cabe sermos verdugos uns dos outros. Viemos neste mundo para termos o direito de escolha e imposição, afinal, se "Deus se deu ao incômodo de nos dizer oitocentas vezes para ficarmos contentes e alegres era porque queria que nós também o disséssemos uns aos outros" (Eleanor H. Porter - Pollyanna).

Leia Também

Textos de júbilo em Pollyanna

Que venha 2023 carregado de boas energias e um novo despertar para nós todos!

Imagem de Pixabay /free












Agradeço por todos os leitores pela audiência e pela confiança há mais de uma década.
Bons ventos o trazem, que bons ventos o levem!
Boas Festas! Até breve, assim espero.
Blessed Be!

sábado, 17 de dezembro de 2022

Como adquirir ingressos para shows com segurança

Nota-se um aumento considerável de anúncio de vendas de ingressos para “shows” que confundem os canais oficiais e autorizados pelas vendas dos eventos.



Imagem de Okan Caliskan por Pixabay

Principalmente depois dessa onda crescente de fake news, vazamento de dados, golpes pela “internet” aumentaram e até mesmo pela interrupção dos “shows” por dois anos devido à pandemia, as informações podem ser imprecisas, desatualizadas, virou um terreno fértil para cambistas, atravessadores e oportunistas até os de boas-intenções por desistência por algum motivo.


Muitos golpistas têm anunciados “shows” falsos de artistas, bandas até inativas e dos mais concorridos com ênfase naqueles esgotados antecipadamente, são reclamações e denúncias feitas no site da G1.


Segundo o advogado João Paulo Todde, fundador da Todde Advogados, explicou ao site https://www.inset.com.br : “Ao adquirir um ticket fora dos canais oficiais, o usuário abre mão de qualquer suporte e garantia que o fornecedor do ingresso assegure. Ou seja, não há qualquer responsabilidade do organizador do evento sobre nenhum dano, e o risco é todo do consumidor”. 


Veja também

Lei sobre adiamentos ou cancelamentos de eventos durante pandemia

Por que é importante comprar nos canais autorizados? 

Segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC) os organizadores do evento ficam compromissados em publicar alterações nos mesmos canais autorizados sobre quaisquer eventualidades que vir a ocorrer por motivos de força maior, as instruções, as procedências sobre a devolução, validação de ingressos, etc. etc. garantidas dentro dos parâmetros legais. 

Antes de comprar o ingresso para shows e festivais, verifique se os pontos oficiais de venda, online ou em locais físicos, são os mesmos anunciados nos canais oficiais do evento da produção em seu site, redes sociais, canais de atendimento disponíveis e afins. Geralmente os sites eletrônicos com cadeado são mais seguros. Evite correr riscos desnecessários! 

Algumas observações importantes: 

É crime revender ingresso? 

Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa, segundo o site https://www.tjdft.jus.br caracterizado como cambismo. 

Posso comprar ingresso de terceiros, impossibilitados de comparecer? 

Não é proibido a prática, adquirir ou vender, se por desistência ou impossibilidade do comparecimento, porém, ele não poderá ser cobrado com valor maior, mas não deixa de ser arriscado, principalmente se tratar de pessoa desconhecida, aleatória. 

Ganhei um ingresso de  cortesia posso vendê-lo depois? 

Ingressos de cortesia são de cortesia, eles não poderão ser comercializados, segundo a Lei Federal 1.521, de 26 de dezembro de 1951, afirma que "obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo" é crime contra a economia popular. 

Na dúvida, lembre-se do velho ditado popular: "Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém".

sábado, 7 de agosto de 2021

A Magia Dos Sorrisos E Risadas

 No capítulo 3 do Livro - Desvendando Os Segredos Da Linguagem Corporal - de Allan e Bárbara Pease discorre sobre “A Magia dos sorrisos e risadas” e por que o riso é o melhor remédio.

Imagem de Victoria_Borodinova por Pixabay

Segundo os autores, assim como acontece com o sorriso, a incorporação do riso como parte permanente da nossa personalidade atrai amigos, melhora a saúde e estende a vida.

Quando rimos, todos os órgãos do nosso corpo são afetados de forma positiva. A respiração se acelera, exercitando o diafragma, o pescoço, o estômago, o rosto e os ombros.  O riso aumenta a quantidade de oxigênio no sangue, o que não só ajuda os processos de cura como melhora a circulação e expande os vasos sanguíneos próximos à superfície da pele. É por isso que as pessoas ficam com rosto vermelho quando riem. 

O riso também tem o poder de diminuir os batimentos cardíacos, dilatar as artérias, estimular o apetite e queimar calorias.

O neurologista Henri Rubenstein descobriu que um minuto de boas gargalhadas proporciona até 45 minutos de relaxamento subsequente.

Quanto mais velhos mais sérios nos tornamos a respeito da vida. Um adulto ri, em média, 15 vezes por dia; uma criança em idade pré-escolar, 400 vezes.

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                                        Por que se deve levar o riso a sério

As pesquisas mostram que rir ou sorrir, mesmo quando não nos sentimos especialmente felizes, causa um surto  de atividade elétrica em uma parte  da  “zona feliz” do hemisfério esquerdo do nosso cérebro. Em um de seus números estudos sobre o riso, Richard Davidson, professor de psicologia e psiquiatria da universidade de Wisconsin, mediu, por meio de eletroencefalogramas, a atividade das ondas cerebrais de voluntários solicitados a assistir a filmes engraçados. 

O riso fazia  com que as zonas felizes do cérebro, “clicassem” loucamente. O professor Davidson  provou que a produção deliberada de sorrisos e risadas aproxima a atividade cerebral  da felicidade espontânea. Dois grupos passaram três semanas assistindo a filmes de vídeo. O grupo que assistiu a comédias obteve mais melhoras daquele que assistiu a vídeos não humorísticos.

O humor cura

O riso estimula a produção de endorfinas, analgésicos naturais do corpo e agentes de sensação do bem-estar que ajudam a aliviar o estresse e a curar doenças. As endorfinas são substâncias químicas liberadas pelo cérebro quando rimos, ela produz um efeito tranquilizante sobre o corpo, ao mesmo tempo em que se reforça o sistema imunológico. Isso explica por que as pessoas felizes raramente adoecem, e as infelizes e queixosas sempre parecem estar doentes.

Chorar de rir

Do ponto de vista psicológico, o riso e o choro estão intimamente ligados. Procure se lembrar da última vez que uma piada lhe provocou um acesso de riso incontrolável. Como você se sentiu em seguida¿.

Paul Ekman descobriu que uma das razões pelas quais somos atraídos por rostos alegres e risonhos é que, ao ver uma pessoa sorrindo, nós sorrimos também, e isso provoca a liberação das endorfinas. Quando cercados de pessoas tristes e infelizes, temos a tendência de imitar suas expressões e nos tornam taciturnos e deprimidos.

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Concluindo: O segredo talvez seja em não deixar a nossa criança interior fenecer, se cercar de boas pessoas e energias. Vamos rir, mesmo que seja no desespero, a vida é curta demais, não sairemos vivos dela mesmo, então, façamos como o dito popular: “O que não tem remédioremediado está”. 

Sobre o casal de autores australianos:

Allan PeaseApesar de não ter formação em psicologia, neurociência ou psiquiatria, ele conseguiu se estabelecer como um "especialista em relacionamentos". Seus livros foram traduzidos para 53 idiomas e venderam mais de 25.000.000 de cópias. Allan é professor honorário de psicologia na ULIM International University, membro da Royal Society of the Arts (Reino Unido), membro do Institute of Management, membro da Lifewriters Association, membro Paul Harris (Reino Unido), senador do JCI e foi introduzido no Hall da Fama da National Speakers Association. (F: https://www.gspeakers.com/our-speakers/allan-pease/).

Barbara Pease é CEO da Pease é imensamente bem-sucedida empresa Pease International Pty Ltd. Ela controla a distribuição, marketing e vendas de livros de Allan & Barbara, CDs, DVDs e programas de treinamento nas áreas de comunicação, linguagem corporal, vendas, motivação, liderança e trabalho em equipe. Ela é coautora do grande best-seller de livros. (Fonte: Skoob, Editora Sextante).