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domingo, 16 de junho de 2024

AUTOCUIDADO

 Quando falamos em Autocuidado logo pensamos na vaidade voltado para o físico, mas o termo é mais abrangente, trata-se de cuidar de si mesma (o). Além do corpo, o social, o emocional e o mental, principalmente. Não se trata de egoísmo, mas separar as coisas que afetam nossa vida, reduzindo nossa capacidade cognitiva.



Imagem de André Santana Design por Pixabay

Vivemos numa sociedade permissiva, onde se coloca em risco a saúde mental das pessoas que, parecem anestesiadas, vivendo num mundo paralelo, orientadas por informações capciosas lançadas por noticiários, religiosos, políticos, figuras públicas e afins, os que dominam as narrativas com ardis, visando interesse próprio, mas nunca o coletivo, ao ponto de esquecer sua civilidade no mundo real.

Hoje, falar de amor, empatia, paz, respeito, educação, polidez, seriedade ou dignidade se tornou obsoleto. Quanto mais falacioso, vulgar e obsceno, mais popular e dinheiro no bolso. Quanto mais ódio, polarização, ressentimentos, concorrências e divergências mais agradam à classe dominante, entretanto, desperta na população aquele monstro terrível até então adormecido que, não é folclórico, como o bicho-papão. “Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti.” (Nietzsche em “Além do Bem e do Mal” - Aforismos e Interlúdios).

Em tempos idos, um homem era respeitado e admirado por sua conduta e o fio do bigode (sua palavra) era a garantia de bom-caráter e comprometimento. Hoje é o verbo desdizer.

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Notícias Falsas

O que é Ética?

Perde-se tanto tempo vivendo a vida dos outros, impondo as supostas verdades e suas vontades que, se esquecem de viver a própria vida e respeitar as diversidades e escolhas alheias. Falam-se tanto no “diabo”, o pai da mentira, mas é a mentira que permeia o juízo de valor das pessoas.

Falam-se tanto em equidade, mas é a justiça seletiva que pende na balança. Falam-se tanto em liberdade de expressão quando, na verdade, praticam a libertinagem (o mau uso que um indivíduo faz de sua liberdade, extrapolando nos seus limites), tem até figura política normalizando a mentira como algo corriqueiro.  Segundo o professor Ernesto von Rückert, membro da academia de letras de Viçosa-MG, "Você tem a ver com tudo aquilo de que toma conhecimento".   

"Uma forma de manter o controle social da população é desviar a sua atenção frente às mudanças sociais, econômicas e políticas pelas quais a sociedade está atravessando atualmente, como forma de passar despercebido o que realmente é benéfico para a população, em favorecimento dos interesses da classe dominante", segundo Noam Chomsky, uma das técnicas de manipulação das massas. 

 “Deixemos de coisas, cuidemos da vida, como refletia Belchior, cuidemos da nossa saúde mental, emocional, espiritual e física. "Sem o diálogo, sem a mediação da linguagem, partimos para brigas, guerras, crimes humanitários", conforme a curadora da Bienal de Artes, Lisette Lagnado.

No texto abaixo, Nietzsche, nos convida a avaliar a própria vida, se a vida que vivemos hoje, estaríamos dispostos a vivê-la mais vezes, o eterno retorno:

O maior dos pesos – E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: ‘Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terá de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem – e assim também essa aranha e esse luar entre as árvores, e também esse instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente – e você com ela, partícula de poeira!’.

– Você não se prostraria e rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim falou? Ou você já experimentou um instante imenso, no qual lhe responderia: ‘Você é um deus e jamais ouvi coisa tão divina!’.

Se esse pensamento tomasse conta de você, tal como você é, ele o transformaria e o esmagaria talvez; a questão em tudo e em cada coisa, ‘Você quer isso mais uma vez e por incontáveis vezes?’, pesaria sobre os seus atos como o maior dos pesos! Ou o quanto você teria de estar bem consigo mesmo e com a vida, para não desejar nada além dessa última, eterna confirmação e chancela”.

– Friedrich Nietzsche, Gaia Ciência, 34

Se for preciso repeti-la, que não seja um fardo, mas uma vida bem vivida com responsabilidade social.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Sociedade Do Avesso

    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, segundo Camões, mas nem sempre para melhor como deveria!


Imagem de Pexels por Pixabay

O que observo diante do sol escaldante...

Sinceramente, nunca vi gente tão malcriada, grosseira e vulgar como essas a partir do final da década passada nesse lugar. Parece que saíram dos esgotos e dominaram a vila. E pior não são os jovens, mas os que deveriam dar o exemplo, os mais velhos e meia-idade. 

Pessoas ignorantes, estúpidas, hipócritas, egoístas e individualistas que acreditam que o mundo gira em torno de suas vontades e contravenções. Mesmo com novos ares, esperança em dias melhores, reconstrução de valores, ainda persistem nos hábitos perniciosos. “O que é bom ninguém semeia” (Tião Carreiro). 

Não obedecem mais regras, não respeitam o espaço alheio. Gente raivosa despeja nas pessoas seus dejetos, frustrações e traumas. Não pensam duas vezes para depreciar, ofender, um desrespeito total.  Reza a psicologia que falta autorrespeito, autoestima e autocuidado.

Só conhecem palavreado de baixo calão, e certamente nunca ouviram falar de Schopenhauer (A Arte de ter razão), mas dominam a técnica como nunca quando afrontados sobre seus abusos e suas inconveniências.

Estou quase concordando com Hobbes, “o homem nasce mau e como tal precisa de regras para aprender a viver em sociedade”. Se aproveitassem as qualidades negativas como “arrogância e soberba” para transformá-las em positivas, o mundo seria mais tranquilo. E pior eles projetam nas outras pessoas (Freud explica) o que eles são: grosseiros, vulgares, mal-educados, irresponsáveis, abusadores do espaço alheio e público, verdadeiros boçais. Isso não pode ser coisa de Deus.



Imagem de reenablack por Pixabay

Deus mora onde há respeito, verdade, justiça, empatia, solidariedade, lealdade, bondade, caridade, compaixão e imparcialidade. Nunca soube que ele reside na mentira, falsidade, ingratidão, desonestidade intelectual, abuso de direito, lei da vantagem, a isso eu conhecia como Lúcifer, Pã, Satanás, diabo...

De acordo com Aristóteles: O homem é um ser social. O que vive, isoladamente, sempre, ou é um Deus ou uma besta. A razão orienta o ser humano para que este evite o excesso ou o defeito (a coragem - não a cobardia ou a temeridade). O homem deve encontrar o meio-termo, o justo meio; deve viver usando, prudentemente, a riqueza; moderadamente os prazeres e conhecer, corretamente, o que deve temer. 

fonte:  https://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/filosofia.html 

Concluindo: “Nem tanto ao mar nem tanto a terra, precisamos buscar o meio, o equilíbrio”.

Portanto, se o berço, as leis, a filosofia, o bom-senso, a reflexão e autoconhecimento não norteiam o caráter, use o Taoísmo para reflexão: “Só é crédulo aquele que ama seu irmão como a si mesmo” ou a ética cristã: “Amai o próximo como a si mesmo”.

Porém, eu desconfio que a maioria nem se ame, caso contrário, não existiria tanta gente sem noção nesse mundo e dispersa, sabendo que a única certeza é o retorno à última morada e voltando a ser o que era desde o começo, apenas pó e mesmo assim insiste em trazer sofrimento, constrangimento aos outros.

Mas o tempo passa tão rápido
Nunca adie as coisas
Nunca espere para dizer o que precisa ser dito.
Você sempre diz a si mesmo que tem muito tempo...

(frase do Filme: Encontrando o amor em Nebrasca). Sinopse: Avô viveu anos remoendo mágoas da filha que falecera sem desejar nenhum contato mais, após ela se casar com rapaz de família rival e reflete ao conhecer sua neta adulta agora. 

Foi um dos filmes que vi durante as celebrações natalinas e festas do final do ano quando me desliguei bastante do mundo virtual, até para dar leveza à alma e elaborar textos verdadeiros em sentimentos e palavras como gosto de fazê-los.

 

Mas a realidade social está tão pior quanto, motivo esse do meu queixume e desse desabafo. 

 

Belchior já observou isso:
Mas não se preocupe meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isto é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer, ao vivo é muito pior...


Qual dos mundos está mais nocivo, isso sim, é uma escolha difícil!

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Notícias Falsas

Vivemos tempos temerosos onde a minoria que domina o poder da
comunicação controla as massas, de acordo com que lhes convém.
As redes sociais antes usadas para unir pessoas, diferentes culturas,
informações e interações em tempo real, tornaram um campo fértil 
para os ímprobos.


Reprodução: Google

Hoje, criar Fake News (disseminar falsas notícias, falar mentiras)
sobre pessoas, fatos e coisas tornou-se um meio torpe para alcançar objetivos. Tudo o que aprendemos na igreja desde criança e abominável aos olhos do Senhor: “Não apresentarás um testemunho mentiroso contra o teu próximo”, foi pelo ralo.

Mentir virou senha para subir a escada do sucesso, dos negócios, qualificação profissional ou permanência no emprego desde que, fique do lado errado, mas pertinente ao sistema. Como diria Voltaire em Dicionário Filosófico: 
“Se não for amigo do rei ou do bispo” és um morto-vivo.

Não é novidade nenhuma que o mal sempre sobrepôs sobre o bem. O medo, a insegurança e a dúvida criam dependência emocional, pois, precisamos de algo além de nossa capacidade de compreensão para dar conforto, segurança e amparo  mesmo que ilusório.

E não atentamos para o quanto é pernicioso esse tipo de comportamento  ao confundi-lo com “liberdade de expressão”, quando na verdade, trata-se de “abuso de direito e desonestidade intelectual”.  O mesmo que caluniar, difamar e injuriar uma pessoa para tirá-la do caminho porque sabe que não vencerá no jogo limpo, com equidade e ética.

“Ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois, quem ama o próximo tem cumprido a lei.” (Romanos 13:8-10).  
Diz o ditado “Cada um só oferece o que tem”. O que pode oferecer aos outros, uma pessoa que não se ama, sem autorrespeito? Nada. Não se cura uma ferida gerando outras. Quando se sente representada desafoga todos os seus sentimentos oprimidos e livre para trazê-los à tona e explorá-los de maneira errônea. Só pesquisar o histórico de algumas figuras públicas sob o ponto de vista da psicanálise e psicodrama que, o entendimento fica fácil para compreender suas escolhas insanas e antissociais, no passadou ou agora.

Algumas delas repetem o ciclo vividos na infância com pais repressivos dos quais as traumatizaram, deixando máculas para sempre e repetindo o ciclo em outras. 

Segundo os entendedores da lei: A liberdade de expressão termina quando há injúria, calúnia e difamação, (a desonestidade intelectual é isso, naturalizando a mentira em verdade, mesmo sabendo que é mentira). Quem utiliza dessa artimanha como "liberdade de expressão" para macular nome de outrem por motivos escusos deve ser freado, rechaçado pelas vias não só legais, mas por todos os que almejam justiça e ética, repudiando o abuso de direito, institucionalizado. 

A escritora de romances históricos, Simone O Marques, expressou recentemente sobre: “Sou uma defensora ferrenha da liberdade de expressão, afinal, sou escritora e roteirista e acredito na liberdade de criar. Por isso mesmo, sou uma crítica visceral de fake News (mentiras).”

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As pessoas coniventes ou permissivas, talvez por simplismo, 
simplicidade ou maledicência (mesmo) com esse “modus” operandi, só comprova que a meritocracia tão disseminada pelo sistema capitalista é uma falácia. Se assim não fosse e vence por sua capacidade, mérito e esforço árduo, não necessitaria desse ardil para obter o sucesso ou poder, pisando em alguém antes.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (Camões), mas a SOFISMA permanece!

Confiantes na (estratagema) criam situações vexatórias para outros e para si mesmos.
Pois, não percebem, que uma injustiça praticada colocam todos em situações de riscos. Basta olharmos para o passado, a história nos mostra diversos exemplos que levaram a humanidade ao caos, pessoas injuriadas e destruídas por inveja, ambição, intolerância, cobiça ou poder.

Exemplos:

É o que Rei Davi fez com o seu melhor homem de guerra, Urias, quando viu sua mulher Bate-Seba 
se banhando e mandou buscá-la para sua luxúria e a engravidou, depois para se livrar do marido dela o enviou estrategicamente para o campo de batalha para morrer, onde o inimigo avançava fortemente.

É o que ocorreu na inquisição, quando pessoas eram difamadas por autoridades credíveis e tementes a Deus e as mandavam para a fogueira, no entanto, seus bens, seus servos, sua vinha e toda a riqueza passavam aos inquisidores, o que antes era do “diabo”.

Foi o que fizeram os membros influentes da sociedade e católicos com a família protestante a respeito do suicídio de um dos seus filhos, em “Tratado sobre a Tolerância” de Voltaire, 
quando vem a absolvê-los tardiamente. Hoje, os intolerantes são fundamentalistas. 

Por isso, não basta seguir em frente, mas olhar dos lados e para trás para entender o 
presente e evitar os mesmos erros no futuro. Se olharmos só para frente, em linha reta, deixamos de prestar atenção à paisagem em volta e nos tornamos alienados, resignados, sem entender o todo e repetir os ciclos, ao invés de previsibilidade. A isso chama-se visão analítica e holística.

Assim ocorre com o concorrente desleal, em qualquer profissão, quando vê sua 
prosperidade nos negócios, ao invés de buscar conhecimento, ou fazer como Machado de Assis na crônica do anúncio do barbeiro (Vender sua barbearia por falta de vocação no ofício) usa de meio escuso, sabotagem, difamação, boicote.

Um vizinho (a), amigo (a) invejoso (a) de sua família, lar, filhos, ou de amigos leais cria intrigas para gerar dúvidas de modo a causar desarmonia e rompimentos. Um colega de trabalho menos capaz, ocioso, inseguro ou limitado para garantir o lugar, por receios de mudanças ou adaptação, o deprecie junto aos superiores, enquanto passa por gente de boa-fé e de confiança indubitável!
“Uma injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos.” Barão de Montesquieu.
Uma vez a reputação destruída, colocada em xeque, em dúvida, dificilmente será restaurada, mesmo que prove a inocência, a má-fé, e claro, esse tipo de atitude encontra os seus iguais. Se assim não fosse, elas não teriam voz!

Assim fizeram com Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, que o levou a cometer suicídio por causa de sua prisão ultrajante, e sem provas, encerraram o inquérito depois, impunementes.

Por esses e outros motivos que a sociedade precisa agir e reagir contra esse mal maior, a destruição de reputações pautadas em convicções ou opiniões. “A opinião depende dos valores e do ponto de vista de cada um, enquanto, os fatos existem independentemente da visão peculiar”, são verdades, aconteceu realmente.



Se suas conquistas ou permanência delas dependem do sofrimento, constrangimento ou difamação alheia, reflita sobre seu juízo de valor, não são qualidades compatíveis para quem valoriza caráter e lisura, como diria Hobbes sobre o homem e sua natureza: “é mau, não presta”.

Imagem do site Mensagens10

“Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na terra um canalha a menos.” ― Millôr Fernandes.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Juízo de valor


Imagem de Chen por Pixabay










Filosofar e divagar sobre a ética e a moral é um campo arriscado, entre às duas está uma tênue linha divisória que vai diferenciar uma da outra: “juízo de valor” embasados de acordo com as percepções e crenças de cada um vividas no âmbito familiar e pessoal, de geração em geração.


Diferentemente do “juízo da realidade”, este associado as experiências reais, e não nas suposições e princípios culturais, mas na capacidade de avaliar com mais precisão através do empirismo.


De certa forma é uma avaliação positiva ou negativa sobre algo, fato, coisas ou pessoas, de acordo com nossa percepção e vivência. “O juízo de valor” está relacionado com o que vivenciamos de acordo com as condições da nossa existência “se as condições mudam, os nossos juízos de valor modificam-se” segundo Friedrich Nietzsche.

Enquanto a moral é cultural, ou seja, está intrinsecamente ligada com regras e normas redigidas por um determinado grupo ou sociedade, a ética é universal, ela começa com a indagação:

― O que faço prejudica terceiros, sejam por palavras, atos, ações ou decisões? Então, se sim, não é oriundo do bem, logo não é ético. Entretanto, se for para salvar a vida de alguém injustiçado ou matar a fome? Um caso a pensar, porque ela também está pautada na ética cristã, engloba amor e compaixão. Não é a própria bíblia que questiona isso?: — Quem de vós dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe?

Porém, o Estado é o Primeiro setor, é dever dele promover políticas sociais para erradicar a miséria, a disparidade social e fornecer oportunidades para o seu povo conforme o Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária.

Reza a lenda que Sócrates discorria que “A felicidade só pode existir aonde há o bem coletivo”.

― Como poderá ocorrer isso, se vivemos numa sociedade mais individualista do que nunca? Quando colocamos o egoísmo, interesses e valores acima dos demais e de qualquer coisa? Se quase sempre julgamos, condenamos e criticamos embasados em nosso juízo de valor, e não em julgamento crítico, justo e imparcial.

Se for contra nossos interesses ou isentos de benefícios, com favorecimentos, a condenação é crucial. Então para ser considerado ético, temos que estar acima do bem e do mal, e não sermos levados impetuosamente pelo auge da emoção, comoção e do antagonismo apenas.

A ética deve estar à parte do que escraviza e limita nosso pensamento e que nos leva a enxergar o comportamento social apenas de forma linear e não na totalidade. Para isso que existe a Sociologia, analisar o comportamento das relações humanas e compreender o porquê determinado grupo ou indivíduos agem daquela maneira.

Devido ao advento da “internet”, de anônimos passamos a ter voz ativa, sejam como blogueiros ou interações nas redes sociais, até os ditos “influencers” com opiniões equivocadas, tendenciosas e perniciosas, carregadas de eufemismos em seus canais midiáticos por ser divergentes, geram interpretações ambíguas. Algumas pelo véu da ignorância, visão torpe, sem nenhuma propriedade ou embasamento científico para discorrer sobre o assunto, porém por benesses, as redes sociais antes criadas supostamente para interações e aproximação global, virou um campo fértil para confundir as massas deliberadamente, sem controle. O que importa é gerar engajamento.

Quando, na verdade, poderia dar oportunidade para que todos analisem por si mesmos, os dois lados de uma mesma moeda. Não julgar apenas de forma unilateral, mas sistêmica. Ao partir para a incivilidade (não quer dizer que devemos permanecer inertes diante do fascismo, barbáries e preconceitos), mas firmes e determinados para viver de forma harmoniosa, polida e que engloba o bem comum, direitos humanos, a validação da Carta Magna e do Estado do bem-estar social e não gerar mais insegurança para provocar indiretamente uma polaridade descabida ou uma guerra civil — “salve-se quem puder” no final!

Quem lucra com isso? Certamente, não serão os cidadãos comuns. Mas os que fomentam o ódio, a dúvida, o medo e a ignorância, que desejam ocupar o poder e privilégios restritos a minoria. Não será através do caos que uma sociedade evoluirá, se tornará pró-ativa, mas através de consciência social, educação e reflexão.

Segundo Fernando Savater, filósofo espanhol, "Ninguém chega a se tornar humano se está sozinho. Nós nos fazemos humanos uns aos outros. Somos, pois frutos do contágio social. A humanidade é como um vírus que se pega. Contato após contato, emoção depois de emoção. Nem sempre em um processo indolor. Não seríamos o que somos sem os outros, mas custa-nos ser com os outros".

Cuidamos de nós, dos nossos e dos outros. A vida é muito curta para esperar ser bom e justo só quando alcançar o paraíso. Sejamos e nos esforçamos para aprender virtudes e ser bons na terra mesmo, “Lembra-te que és pó e ao pó voltarás” (Gn. 3,19). Ou seja, nada levarás em sua última morada. Ali acabará tudo, egoísmo, ambição, a inveja, arrogância, suas riquezas serão desfrutadas por outros. A oportunidade é esta! O que vier depois, se vier, estaremos no lucro e merecimento!

Sim, há dois caminhos que você pode seguir 
Mas na longa estrada 
Há sempre tempo de mudar, o caminho que você segue! 
Oh, isso me faz pensar... (Led Zeppelin). 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pitaco Sociedade: Joga pedra na Geni!

Da leitora Sonia Araújo: “Por que hoje em dia o mundo trata coisas e pessoas como descartáveis? Como fazer para não ser considerado algo descartável?”

Geni e o Zepelim - Reprodução Internet








Por Eugênio Mussak

– Joga pedra na Geni!

Esta é uma das frases fortes de uma das melhores músicas do Chico Buarque, lá dos idos de 1977. Conta a história de uma cidade de gente má, que se vê ameaçada pelo comandante de um zepelim dourado cheio de canhões. Mas há uma esperança. O feroz guerreiro se interessa por Geni, uma linda moça de grande coração e de vida devassa:

– Quando vi nesta cidade/ Tanto horror e iniqüidade/ Resolvi tudo explodir/ Mas posso evitar o drama/ Se aquela formosa dama/ Esta noite me servir!

Mas, para a surpresa de todos, Geni nega-se, pois ela tem lá seus caprichos. Cidadãos respeitáveis imploraram que ela os salvasse. O prefeito veio de joelhos, o bispo de olhos vermelhos e o banqueiro ofereceu 1 milhão. Todos a encheram de mimos e elogios:

– Você pode nos salvar/ Você vai nos redimir/ Bendita Geni!

Ela, então, cede às suplicas de todos e entrega-se nauseada ao forasteiro, que cheirava a brilho e a cobre. Quando ele, saciado, vai embora e ela pensa que finalmente vai descansar, ouve a cantoria daqueles que havia acabado de salvar, e que não viam nela mais nenhum valor:

– Joga pedra na Geni/ Joga bosta na Geni/ Ela é boa de apanhar/ Ela é boa de cuspir/ Ela dá pra qualquer um/ Maldita Geni!

Pois é, o Chico, em uma de suas melhores fases conseguiu, com sua poesia, desnudar a alma mais uma vez. Só que, desta feita mostrou um lado sombrio, mesquinho e pequeno que carregamos em nós. 

Abordou aquela terrível mania de conferir utilidade para as pessoas e tratá-las de acordo com essa utilidade, e não em função de sua condição de ser humano. 

Ao lidarmos com uma pessoa apenas com base no ponto de vista de sua utilidade, a estamos “coisificando”, tratando-a como uma coisa. 

E isso ocorre porque a sociedade em que vivemos é o império da eficácia e não o reinado do valor. Sim, pessoas descartadas são pessoas coisificadas.

E o pior é que ideias, valores e até pessoas são descartadas com freqüência, após vencer o prazo de utilidade. É o “efeito Geni”

Cada um tem seu valor 

 
". Atribuir-se valor e fazer jus a ele dá à pessoa uma qualidade só sua, demasiadamente humana, e que os objetos nunca terão: dignidade.Coisas têm preço, atribuído em função de sua utilidade e de sua raridade. Pessoas têm dignidade, que lhes é atribuída de maneira diretamente proporcional aos seus valores. Todos podem escolher como percorrer a vida. Há o atalho do preço e há o caminho do valor". Boa escolha!

Texto publicado sob licença da revista Vida Simples, Editora Abril.
Todos os direitos reservados. 

trecho reproduzido do site de eugeniomussaki para ler na íntegra.
Imagem: Reprodução blogdovelhinho 

Nota deste blog: Embora a música não deixa claro quanto a sexualidade de Geni, na peça "Ópera do Malandro" é interpretada como um travesti. 

sábado, 6 de novembro de 2010

Afinal, o que é Ética?


 

 "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta".(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7)".

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, Ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto". 

Alguns diferenciam ética e moral de vários modos:

1. Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas;
2. Ética é permanente, moral é temporal;
3. Ética é universal, moral é cultural;
4. Ética é regra, moral é conduta da regra;
5. Ética é teoria, moral é prática.




Conclusão:

"Ética é algo que todos precisam ter. Alguns dizem que têm. Poucos levam a sério. Ninguém cumpre à risca", segundo Vanderlei de Barros Rosas, professor de Filosofia e Teologia, Bacharel e licenciado em filosofia pela UERJ e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil". 

Certa vez, Oscar Wilde disse “a arte não é moral nem imoral, mas amoral.”
O que isso quer dizer? Vejamos por etapas e tendo por base o dicionário enciclopédico "ilustrado Veja Larousse":

Primeiramente, o que é Moral
É o que está “de acordo com os bons costumes e regras de conduta; conjunto de regras de conduta proposto por uma determinada doutrina ou inerente a uma determinada condição.” 

No mesmo dicionário, moral também é classificada como o “conjunto dos princípios da honestidade e do pudor”. Daí, este termo ser tão utilizado em âmbito social, principalmente no político.

Imoral é tudo aquilo que contraria o que foi exposto acima a respeito da moral. Quando há falta de pudor, quando algo induz ao pecado, à indecência, há falta de moral, ou seja, há imoralidade.

Amoral é a pessoa que não tem senso do que seja moral, ética. A questão moral para este indivíduo é desconhecida, estranha e, portanto, “não leva em consideração preceitos morais”.  
Oscar Wilde quis dizer que a arte não tem senso do que seja moral, por isso, para alguns tudo o que é visto não causa assombro, está dentro dos costumes. Já para outros, dependendo do que se vê, é ultrajante, indecente!.



Ilustração: pt.dreamstime

Ernesto von Rückert em seu blog, de forma autoexplicativa define cada uma delas. Deixando de lado a etimologia das palavras, ética e moral, no contexto filosófico, passaram a adquirir significados diferentes. 

A moral é uma disciplina normativa, que fixa procedimentos aceitáveis como corretos em um certo estrato social, em certa época e lugar. Assim, de fato, está relacionada com os costumes vigentes. 

O caráter moral, imoral ou amoral se aplica às ações, desde que feitas por seres conscientes e livres, no caso, pelo que se conhece, apenas humanos, no pleno gozo de suas faculdades mentais e livres de toda coação.
 

A ética, por outro lado, é uma disciplina filosófica, que investiga as condições para que uma ação seja conforme a certos princípios, ditos “éticos”, que se relacionam ao que seja certo ou errado, bom ou mau. 
Nota-se que a moral não se reporta à qualidade de boa ou má de uma ação, mas tão somente a sua conformidade com os costumes. 

A questão que se prende a este debate é justamente é se a noção do bem e do mal são absolutas ou relativas ao tempo, lugar e estrato social. 

Muitos filósofos procuraram estabelecer critérios universais para tais características e outros julgaram-nas completamente relativas ao contexto. 

No meu entendimento pode-se extrair certa universalidade na caracterização do bem e do mal (e portanto do caráter bom ou mau de alguma ação).

Quatro critérios se apresentam:

1. A ação se pauta pela expressão da verdade, isto é, não engana ninguém?
2. A ação promove a maximização da felicidade para o maior número de seres?
3. A ação pode ser erigida como norma universal a se determinar a ser cumprida?
4. A ação é uma que a pessoa que a faz desejaria ser receptadora dela?

Nesse sentido, caso preencha esses critérios, a ação seria considerada ética. A moral, portanto, deveria prescrever apenas ações que fossem éticas. Não é o que sempre ocorre.

A poligamia (poliandria ou poliginia) é considerada imoral em várias sociedades. No entanto, havendo consentimento livre dos envolvidos, não é desonesto, não contribui para a infelicidade de ninguém, pode ser adotado como norma geral, e não é algo que não se pudesse desejar para si.Logo não é antiética. Por outro lado, a ablação do órgão sexual feminino e o apedrejamento de adúlteras, aceito em algumas coletividades, configura-se como algo moral, sendo patentemente antiético, pois provoca infelicidade e não é nada que se deseje para si próprio. 
A “Farra do Boi” não é tida como imoral, mas é antiética.

O mesmo pode-se dizer para todo tipo de comportamento preconceituoso, em relação a gênero, raça, religião, classe social ou o que seja. Pode ser admitido como moralmente aceito, mas é antiético. Já o homossexualismo é considerado imoral por alguns, mas não é antiético. A escravidão já foi moralmente aceita, mas é antiética.

A exploração dos empregados pelos patrões em muitas circunstâncias, é moralmente aceita (pelo menos pela classe dos patrões), mas é antiética.

Levar vantagem nas vendas em razão da condição precária do comprador é moralmente aceito, mas é antiético. Ser ateu é considerado imoral por muita gente, mas não é antiético.

A lista é extensa…

Ética é universal e moral é cultural. 
O ideal é que a moral sempre se pautasse pela ética. Nem sempre isto ocorre.Em qualquer sociedade é fácil ver se alguma ação seja boa ou má. É claro que se precisa fazer uma análise de cada caso. Mentir é antiético, mas pode-se admitir uma mentira para salvar um inocente, por exemplo. Furtar é antiético, mas pode-se admitir um furto para matar a fome, não havendo outra possibilidade, mas desviar verbas destinadas a socorrer vítimas da seca, por exemplo, é assassinato.

Outra coisa que se relaciona ao que se discute aqui é a questão de se fazer justiça pela aplicação da lei, como o fazem muitos juízes. A lei não pode estar acima da justiça e, se a lei for injusta, obrigatório se é desobedecê-la.
 
"Você tem a ver com tudo aquilo de que toma conhecimento."

Autoria: by Ernesto von Rückert  - 
Professor, ensaísta, poeta, pintor, compositor, cantor, programador. Membro da Academia de Letras de Viçosa (MG). Vice Presidente da “Associação dos Amigos da Orquestra de Câmara de Viçosa” entre outras coisas mais.
Fonte pesquisa: http://www.ruckert.pro.br/blog/?p=3288