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sábado, 6 de novembro de 2010

Afinal, o que é Ética?


 

 "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta".(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7)".

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, Ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto". 

Alguns diferenciam ética e moral de vários modos:

1. Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas;
2. Ética é permanente, moral é temporal;
3. Ética é universal, moral é cultural;
4. Ética é regra, moral é conduta da regra;
5. Ética é teoria, moral é prática.




Conclusão:

"Ética é algo que todos precisam ter. Alguns dizem que têm. Poucos levam a sério. Ninguém cumpre à risca", segundo Vanderlei de Barros Rosas, professor de Filosofia e Teologia, Bacharel e licenciado em filosofia pela UERJ e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil". 

Certa vez, Oscar Wilde disse “a arte não é moral nem imoral, mas amoral.”
O que isso quer dizer? Vejamos por etapas e tendo por base o dicionário enciclopédico "ilustrado Veja Larousse":

Primeiramente, o que é Moral
É o que está “de acordo com os bons costumes e regras de conduta; conjunto de regras de conduta proposto por uma determinada doutrina ou inerente a uma determinada condição.” 

No mesmo dicionário, moral também é classificada como o “conjunto dos princípios da honestidade e do pudor”. Daí, este termo ser tão utilizado em âmbito social, principalmente no político.

Imoral é tudo aquilo que contraria o que foi exposto acima a respeito da moral. Quando há falta de pudor, quando algo induz ao pecado, à indecência, há falta de moral, ou seja, há imoralidade.

Amoral é a pessoa que não tem senso do que seja moral, ética. A questão moral para este indivíduo é desconhecida, estranha e, portanto, “não leva em consideração preceitos morais”.  
Oscar Wilde quis dizer que a arte não tem senso do que seja moral, por isso, para alguns tudo o que é visto não causa assombro, está dentro dos costumes. Já para outros, dependendo do que se vê, é ultrajante, indecente!.



Ilustração: pt.dreamstime

Ernesto von Rückert em seu blog, de forma autoexplicativa define cada uma delas. Deixando de lado a etimologia das palavras, ética e moral, no contexto filosófico, passaram a adquirir significados diferentes. 

A moral é uma disciplina normativa, que fixa procedimentos aceitáveis como corretos em um certo estrato social, em certa época e lugar. Assim, de fato, está relacionada com os costumes vigentes. 

O caráter moral, imoral ou amoral se aplica às ações, desde que feitas por seres conscientes e livres, no caso, pelo que se conhece, apenas humanos, no pleno gozo de suas faculdades mentais e livres de toda coação.
 

A ética, por outro lado, é uma disciplina filosófica, que investiga as condições para que uma ação seja conforme a certos princípios, ditos “éticos”, que se relacionam ao que seja certo ou errado, bom ou mau. 
Nota-se que a moral não se reporta à qualidade de boa ou má de uma ação, mas tão somente a sua conformidade com os costumes. 

A questão que se prende a este debate é justamente é se a noção do bem e do mal são absolutas ou relativas ao tempo, lugar e estrato social. 

Muitos filósofos procuraram estabelecer critérios universais para tais características e outros julgaram-nas completamente relativas ao contexto. 

No meu entendimento pode-se extrair certa universalidade na caracterização do bem e do mal (e portanto do caráter bom ou mau de alguma ação).

Quatro critérios se apresentam:

1. A ação se pauta pela expressão da verdade, isto é, não engana ninguém?
2. A ação promove a maximização da felicidade para o maior número de seres?
3. A ação pode ser erigida como norma universal a se determinar a ser cumprida?
4. A ação é uma que a pessoa que a faz desejaria ser receptadora dela?

Nesse sentido, caso preencha esses critérios, a ação seria considerada ética. A moral, portanto, deveria prescrever apenas ações que fossem éticas. Não é o que sempre ocorre.

A poligamia (poliandria ou poliginia) é considerada imoral em várias sociedades. No entanto, havendo consentimento livre dos envolvidos, não é desonesto, não contribui para a infelicidade de ninguém, pode ser adotado como norma geral, e não é algo que não se pudesse desejar para si.Logo não é antiética. Por outro lado, a ablação do órgão sexual feminino e o apedrejamento de adúlteras, aceito em algumas coletividades, configura-se como algo moral, sendo patentemente antiético, pois provoca infelicidade e não é nada que se deseje para si próprio. 
A “Farra do Boi” não é tida como imoral, mas é antiética.

O mesmo pode-se dizer para todo tipo de comportamento preconceituoso, em relação a gênero, raça, religião, classe social ou o que seja. Pode ser admitido como moralmente aceito, mas é antiético. Já o homossexualismo é considerado imoral por alguns, mas não é antiético. A escravidão já foi moralmente aceita, mas é antiética.

A exploração dos empregados pelos patrões em muitas circunstâncias, é moralmente aceita (pelo menos pela classe dos patrões), mas é antiética.

Levar vantagem nas vendas em razão da condição precária do comprador é moralmente aceito, mas é antiético. Ser ateu é considerado imoral por muita gente, mas não é antiético.

A lista é extensa…

Ética é universal e moral é cultural. 
O ideal é que a moral sempre se pautasse pela ética. Nem sempre isto ocorre.Em qualquer sociedade é fácil ver se alguma ação seja boa ou má. É claro que se precisa fazer uma análise de cada caso. Mentir é antiético, mas pode-se admitir uma mentira para salvar um inocente, por exemplo. Furtar é antiético, mas pode-se admitir um furto para matar a fome, não havendo outra possibilidade, mas desviar verbas destinadas a socorrer vítimas da seca, por exemplo, é assassinato.

Outra coisa que se relaciona ao que se discute aqui é a questão de se fazer justiça pela aplicação da lei, como o fazem muitos juízes. A lei não pode estar acima da justiça e, se a lei for injusta, obrigatório se é desobedecê-la.
 
"Você tem a ver com tudo aquilo de que toma conhecimento."

Autoria: by Ernesto von Rückert  - 
Professor, ensaísta, poeta, pintor, compositor, cantor, programador. Membro da Academia de Letras de Viçosa (MG). Vice Presidente da “Associação dos Amigos da Orquestra de Câmara de Viçosa” entre outras coisas mais.
Fonte pesquisa: http://www.ruckert.pro.br/blog/?p=3288