sábado, 8 de agosto de 2015

FILOSOFANDO: CARÁTER É FAZER O QUE É JUSTO


     Imagem: Reprodução Internet

"Uma viva inteligência de nada serve se não estiver ao serviço de um caráter justo; um relógio não é perfeito quando trabalha rápido, mas sim quando trabalha certo." Luc de Clapiers Vauvenargues, marquês de Vauvenargues, moralista, ensaista e escritor francês.

Num diálogo com o pai de uma amiga e ela, quando saí em defesa da ética e bom senso e não da parcialidade, ele me indagou: - O que é ser justo, afinal? Respondi sem titubear: É ser imparcial, fazer o certo mesmo que seja um adversário, um concorrente, uma pessoa detestável!

Nietzsche nos preveniu: “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não se tornar também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”, ou seja, se naturalizamos a perversidade, a injustiça, a mentira até  para levar vantagens sobre concorrentes, oponentes ou rivais, estamos nos igualando àqueles que tanto criticamos, repudiamos e dotados de maus vícios e desvirtuosos. 

A história nos lembra os tempos sombrios, o período das trevas, a caça de gente inocente, julgados por um tribunal parcial, convictos de que regalias e privilégios eram apenas para os seus iguais e minorias como nobreza e clero.

Por mais que nós desejemos "viver sem o outro e mais individualmente", Aristóteles nos mostra que não é apropriado, já que fazemos parte de uma engrenagem, e o enfrentamento na maioria das vezes é inevitável. 

E depende das nossas atitudes ou ações que escolhemos ao longo de nossa vida, boas ou más. Mais que fazer o bem, "é fazer o que é justo, mas não para aparentar boa imagem, mas porque é o certo". Aí reside o verdadeiro caráter. Muitas vezes, ser justo e correto é ir contra a correnteza, ferir algumas pessoas, independente de quem seja. 

 Aristóteles, apesar de ter sido um discípulo de Platão, procurou ser um pensador mais eclético voltado para uma ampla produção intelectual.

Sob a visão dele, "O homem não pode ser visto como um ser individual", pelo contrário, ele é essencial para a sociedade num todo, ou seja, uma peça formadora de uma engrenagem e, sendo assim uma "mola mestra", e vai desempenhar um papel importante, seja do ponto de vista positivo ou não, de acordo com suas atitudes repercutirá com intensidade em suas relações. 

Ainda, segundo Aristóteles, possui mais valor um cidadão formado nas virtudes, especialmente aquelas relacionadas ao conceito de Justiça, do que as prescrições objetivas estabelecidas pela lei. Para ele, a justiça é uma virtude humana, que estimula a prática do bem.

A Ética Aristotélica realiza uma interpretação das ações humanas fundamentada em análises de meio e de fim, resultando da definição de determinadas práticas humanas onde o conteúdo moral estará relacionado à prática de ações específicas. 
Tais ações devem ser implementadas não apenas por parecerem corretas aos olhos de quem as pratica, mas, porque dessas ações o homem estará mais próximo do bem. 

O bem seria o referencial em cujo interesse incidiriam todas as ações do homem. Logo, o bem seria a finalidade das ações. O bem supremo é absoluto, desejável e não funciona como instrumento para se alcançar outros interesses menos nobres. Conclui-se que, baseado na visão aristotélica, uma pessoa precisa ter como  características básicas "os princípios da ética, do bom senso, equidade em suas ações, a busca pelo equilíbrio e propagação da justiça". 

Para o filósofo, a justiça é aquela disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir corretamente, e a desejar o que é justo; e, de modo análogo, a injustiça é a disposição que leva as pessoas a agir injustamente e a desejar o que é injusto. Portanto, façamos da justiça e das virtudes, um hábito.  

Para finalizar, a célebre frase de Montesquieu: “Uma injustiça feita a um só homem é uma ameaça para toda gente”.

Consultas: Adaptadas das Fontes e Referências:

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