“Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almasconsigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para entro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica." - Machado de Assis em "O Espelho".
Ufa, finalmente terminei de ler e a complexidade de Machado
não é fácil, mexe com nossos sentimentos mais profundos e reflexão.
Eu fiz uma pesquisa com as amigas Marta e Vanda na semana passada
para ver o que elas pensavam a respeito dessa citação tão impactante.
E elas tinham opinião parecida com a minha. Em algumas análises
que li, alguns acham que o autor se refere à alma, no sentido espiritual,
uma está interligada com a outra e não podem se dividir. Com a ruptura,
não é fácil, mexe com nossos sentimentos mais profundos e reflexão.
Eu fiz uma pesquisa com as amigas Marta e Vanda na semana passada
para ver o que elas pensavam a respeito dessa citação tão impactante.
E elas tinham opinião parecida com a minha. Em algumas análises
que li, alguns acham que o autor se refere à alma, no sentido espiritual,
uma está interligada com a outra e não podem se dividir. Com a ruptura,
se encolhe e se perde na sua essência.
Eu entendo mais como personalidade e o ego. De que passamos a ser
e a viver de acordo com a imagem que os outros fazem de nós, e
Eu entendo mais como personalidade e o ego. De que passamos a ser
e a viver de acordo com a imagem que os outros fazem de nós, e
esquecemos do nosso verdadeiro eu, da essência real.
Na maioria das vezes, confundidos com a função social da qual exercemos, assumimos a identidade da qual a sociedade nos reconhece, incorporamos
um personagem de modo a angariar prestígio e mais respeito.
No entanto, o espelho é o nosso verdugo, porque ele nos mostra nosso
verdadeiro eu sem máscaras, aquilo que somos quando não estamos
No entanto, o espelho é o nosso verdugo, porque ele nos mostra nosso
verdadeiro eu sem máscaras, aquilo que somos quando não estamos
diante dos outros, representando nosso papel, sem nossa armadura externa.
A impressão é que, ao tentar separar essas duas almas, a analogia entre
"alma e laranja" ou seja, quando repartida em duas, se veem pela metade, incompletas.
Um rápido resumo de “O espelho” Machado de Assis descreve sobre
Jacobina, um alferes (posto militar na época)que orgulhava-se de
sua farda e vivia em Santa Teresa, bairro conceituado do RJ.
Orgulho de toda família, passou a ser chamado de "Sr. Alferes" e
durante suas férias na fazenda de sua tia, pelo status alcançado
lhe foi destinado o melhor quarto, mobília e um espelho enorme,
oriundo da família real. Começou a se ver como os outros lhe viam,
Um rápido resumo de “O espelho” Machado de Assis descreve sobre
Jacobina, um alferes (posto militar na época)que orgulhava-se de
sua farda e vivia em Santa Teresa, bairro conceituado do RJ.
Orgulho de toda família, passou a ser chamado de "Sr. Alferes" e
durante suas férias na fazenda de sua tia, pelo status alcançado
lhe foi destinado o melhor quarto, mobília e um espelho enorme,
oriundo da família real. Começou a se ver como os outros lhe viam,
e não mais como o seu eu verdadeiro.
Ao ficar sozinho na fazenda, passou a ter como companhia o espelho,
e a angústia de que sua alma externa havia também o abandonado.
Ao trocar a farda por um pijama, com o tempo percebe que sua imagem
Ao ficar sozinho na fazenda, passou a ter como companhia o espelho,
e a angústia de que sua alma externa havia também o abandonado.
Ao trocar a farda por um pijama, com o tempo percebe que sua imagem
refletida no espelho estava desaparecendo e sumindo. Já não era mais o respeitado Alferes, então vestia sua farda, e ao estar diante do espelho, lá se reconhecia novamente.
Mas sempre se sentia incompleto.
Mas sempre se sentia incompleto.
Muitas vezes, ganhamos esse respeito, não por quem somos, mas pelo
que representamos. E no fim, quando sós a nossa consciência é o nosso
espelho, que se revela de forma angustiante, sem a nossa pele externa,
estamos desprotegidos e passamos a ser um indivíduo comum,
inseguros com a pela interna.
Sem a primeira, a segunda perde o seu glamour perante os olhos dos outros.
inseguros com a pela interna.
Sem a primeira, a segunda perde o seu glamour perante os olhos dos outros.
Vem de encontro ao filme "A pele que habito" inspirado no livro "Tarântula" de Thierry Jonquet.
E a pergunta que não quer calar:
— Estamos nós, confortáveis com a "pele" em que vivemos?
"A roupa faz o homem" diz o ditado, mas quanto à essência?
imagens: Reprodução /internet
E a pergunta que não quer calar:
— Estamos nós, confortáveis com a "pele" em que vivemos?
"A roupa faz o homem" diz o ditado, mas quanto à essência?
imagens: Reprodução /internet
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