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domingo, 16 de julho de 2023

De onde vem o ódio?

 Essa postagem é baseada num ataque de ódio nos Estados Unidos por delinquentes brancos contra uma menina negra ocorrida em 2017, mas (infelizmente), condizente com a mudança brusca e grotesca ocorrida na sociedade no mundo todo, nem o nosso país antes considerado uma pátria alegre e gentil escapa das atrocidades descabidas.

Imagem de Dmitry Abramov por Pixabay


A polarização, o preconceito e não aceitação às diferenças culturais, raciais, sociais virou palco para disseminação do ódio, de "
likes" e de engajamento nas redes sociais para a realidade, tendo “Lúcifer” como o mentor em expurgar as relações e sentimentos assertivos como a ética da moralidade, o certo, o justo, a empatia, o respeito e lembrar que, não somos os donos do mundo, todos estão apenas de passagem e não temos o direito de cercear as escolhas, a liberdade alheia e tampouco agir como justiceiros. 

Abaixo um estudo detalhado através da Psicologia social para refletir e compreendermos que o ódio causa mais mal a quem o pratica do que a quem se dirige como na frase atribuída a Shakespeare: “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. 

É preciso resolver os demônios internos e reprimi-los para que todos possam viver em uma sociedade mais harmoniosa e respeitosa, afinal, "Só quem tem respeito por si mesmo pode respeitar os outros".

Caros leitores, leia e refletem:

Infelizmente, de acordo com dados coletados pelo Southern Poverty Law left,  existem aproximadamente 917 grupos de ódio nos Estados Unidos.

A partir da análise da presença de comentários racistas e de incitação ao ódio e à discriminação nas redes sociais, um estudo recente destacou como a presença de “grupos de ódio” cresceu 900% nos últimos dois anos. Os estudiosos, portanto, perguntaram por que odiamos, e as razões podem ser vastas e complexas. 

Segundo o Dr. Marsden, professor do Beacon College em Leesburg, Flórida, uma das razões que impulsionam o ódio está ligada ao medo de tudo o que é diferente de nós.

A teoria da identidade social representa um dos principais modelos explicativos da psicologia social contemporânea, útil para a compreensão da dinâmica funcional entre grupos.

Dentro desta teoria, o grupo é conceituado como um lugar onde a identidade social ganha vida, pois no homem há uma tendência espontânea para formar grupos e fazer uma distinção entre o próprio grupo de pertencimento (in-group) e o de não-grupo. adesão (grupo externo).

Sublinhar esta diversidade é necessário para a consequente compreensão do conjunto de mecanismos cognitivos e comportamentais que são ativados face aos dois grupos: face ao in-group assistimos a um padrão de favoritismo e proteção da identidade partilhada, ao contrário do out-group em direção ao qual muitas vezes há uma competição doentia.

Dr. Patrick Wanis, um especialista em comportamento, referindo-se a esta teoria, aponta que quando nos sentimos ameaçados por "outros" percebidos como estranhos, nos voltamos instintivamente para o nosso próprio grupo, ou seja, aqueles com quem nos identificamos quase como se fosse um mecanismo de sobrevivência.

O Dr. Wanis explica que “o ódio é impulsionado por duas emoções básicas, como amor e agressão: amor pelo grupo favorecido e agressão pelo grupo externo como diferente, perigoso e considerado uma ameaça ao grupo interno”.

O MEDO DE NÓS MESMOS

De acordo com a Dra. Dana Harron, psicóloga clínica em Washington DC, os pensamentos odiosos que muitas vezes temos sobre os outros, na verdade, representam as coisas que tememos em nós mesmos.

Ela sugere pensar no grupo ou pessoa-alvo como uma tela de cinema na qual são projetados aspectos indesejados do eu. A ideia básica é “Eu não sou terrível; Você é!".

Esse fenômeno, conhecido como projeção, é um termo cunhado por Freud para descrever nossa tendência a rejeitar o que não gostamos em nós mesmos.

Em apoio a isso, o Dr. Brad Reedy descreve ainda a projeção como uma necessidade primordial de se sentir bem, o que nos leva a projetar "maldade" para fora e atacá-la: “Desenvolvemos esse método para sobreviver, para nos distanciarmos de qualquer 'malícia' que possa nos colocar em risco de sermos rejeitados ou deixados em paz. Assim, reprimimos todas as coisas que acreditamos serem ruins e negativas - tudo o que os outros nos disseram ou sugeriram que era desagradável ou moralmente repreensível - e nos aproveitamos do ódio e do preconceito contra os outros. Acreditamos que assim nos livramos de características indesejáveis, mas na verdade isso apenas perpetua a repressão, que leva a muitos problemas de saúde mental.”

FALTA DE AUTOCOMPAIXÃO

O antídoto para o ódio é a compaixão pelos outros, assim como por nós mesmos. Ter habilidades de autocompaixão significa aceitar a si mesmo como você é.

Doutor Ready acredita que, quando alguém colide com partes de si mesmo, consideradas inaceitáveis, o mais simples é atacar os outros para se defender da sensação dessa ameaça, mas "se estivermos em paz conosco, somos capazes de responder aos outros e seus comportamentos com compaixão. É somente quando aprendemos a ter compaixão por nós mesmos que podemos automaticamente ser capazes de mostrá-la também aos outros”.

PREENCHA UM VAZIO

Dr. Bernard Golden, autor de vários livros sobre comportamentos e estratégias de ódio, acredita que quando o ódio desencadeia a participação em um grupo, pode ajudar a promover um senso de conexão e camaradagem que preenche o vazio na identidade de alguém.

Ele descreve o ódio de indivíduos ou grupos como uma forma de se distrair da tarefa mais exigente e ansiosa, como a de criar a própria identidade.

Atos odiosos são tentativas de se distrair de sentimentos como solidão, desamparo, injustiça, inadequação e vergonha. Na verdade, o ódio toma forma a partir do sentimento de uma ameaça percebida.

É uma atitude que pode gerar hostilidade e agressão contra indivíduos ou grupos; assim como a raiva, o ódio nada mais é do que uma reação de distração a uma dor mais profunda e interior.

O indivíduo consumido pelo ódio acredita que a única maneira de recuperar o senso de controle sobre sua própria dor é atacando preventivamente os outros.

Nesse contexto, cada momento de ódio é uma trégua temporária do sofrimento interior.

FATORES SOCIAIS E CULTURAIS
O QUE VOCÊ PODE FAZER?

A resposta do por que odiamos, segundo Silvia Dutchevici, presidenta e fundadora do Critical Therapy left, está não apenas nos aspectos psicológicos e familiares, mas também no contexto histórico, político e cultural de pertencimento.

Vivemos em uma cultura de guerra que promove a violência e onde a competição se tornou um verdadeiro modo de vida!” diz a Dra. Dutchevici.
“Tememos que a conexão com o outro nos obrigue a revelar algo sobre nós mesmos; somos ensinados a odiar o inimigo, seja ele quem for, deixando pouco espaço para a exploração da vulnerabilidade do outro por meio do discurso empático e da compreensão. Na sociedade de hoje, estamos mais dispostos a entrar em campo para lutar, em vez de resolver o conflito.Aliás, a paz raramente é a opção que se tem em conta!”.

De acordo com o Dr. Golden, até mesmo o ódio deve ser ensinado para ser aprendido; “Todos nascemos com a capacidade de odiar e sentir compaixão; a tendência comportamental e mental que escolhemos para nós mesmos deve ser sempre o resultado de uma escolha consciente seja do ponto de vista individual, familiar, comunitário ou cultural. A chave para superar o ódio é a educação: em casa, nas escolas e na comunidade”.


Segundo Dutchevici, diante do medo de nos sentirmos vulneráveis e humanos,  somente estabelecendo uma conexão com o outro que aprendemos a sentir e amar.  “Em outras palavras, a compaixão pelos outros é o único contexto que pode nos curar!”

Retirado de PsychologyToday 

Para ler na íntegra: 

https://www.psiconline.it/area-professionale/ricerche-e-contributi/l-odio-come-paura-dell-altro-e-di-se-stessi.html

(Tradução e adaptação por Dra. Giorgia Lauro) em italiano e em português (pelo Google tradução). 

segunda-feira, 30 de maio de 2022

A Sociedade líquida em que vivemos

Coisas reais que apressados ou indiferentes, fingimos não ver.

Imagem de Besno Pile por Pixabay 

Mas não se preocupe meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isso é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer
Ao vivo é muito pior (Belchior)

Era por volta das 15h30 quase um mês atrás, em um mercado da cidade, quando um senhor começou a passar mal.  O açougueiro percebeu que ele ia desmoronar e o agarrou por um braço que logo ia levar os dois ao chão, as pernas do senhor idoso parecia gelatina, tremiam sem parar. Ele aparentava idade avançada, talvez seja por morar numa chácara como me informou depois, “era mineiro e orgulhoso”  pelo árduo trabalho.

E sem controle, eles rodaram em círculo, foi aí que eu apareci para ajudá-los, ele disse que estava com câimbras e eu pedi ao rapaz para abraçá-lo por trás na altura do estômago com abdômen e descê-lo devagar até que ele se apoiou no balcão de carnes.  Enquanto ele o segurava, eu pedi algo para massagear as pernas do idoso, o fiz com pouco de álcool gel, e elas foram passando e a cor do idoso voltando.

Nesse interim, ele contou que as tinha sempre e que usava “óleo de freio de caminhão” e ajudava, mas que agora elas estavam mais frequentes. Eu disse para ele que estava se contaminando perigosamente e parar imediatamente com a indicação seja lá de quem for.

E ele complementou que aguarda há meses por consulta na unidade pública, mas devido “à pandemia havia uma longa fila de espera” e  veio até aquele mercado (pelo lugar que disse que mora, segundo o Google maps, uns 9 km dali e que antes atravessou à rua apressado e caiu, mas uma mulher o ajudou),  por causa dos preços do café, levantou o pacote do carrinho e que aquele era o verdadeiro café mineiro.   

Enquanto eu pedia para uma funcionária anotar o que faltava de sua compra a pedido dele, disse para chamar à mulher que acompanhava tudo para chamar o SAMU, da qual o mercado não quis informar-me quem era depois, e ela respondeu que eu não poderia fazê-lo sem o consentimento do idoso (sic).

Eu nunca soube na vida que havia tal imposição, ao contrário, que omissão de socorro é crime, está no código penal.

Enquanto isso eu ofereci água a ele, e comprei em seguida uma garrafinha da qual ela foi tomando e melhorando mais, até na fala. Acredite se quiser, mas não oferecerem nada a ele, os funcionários (exceto os 2 açougueiros) da qual solicitei ajuda, o restante, clientes e segurança (que deveria ser treinado para essas eventualidades)  ficavam apenas olhando e indiferentes.

Agora vem a parte que me corroeu por dentro. Pedi seu nome e um contato familiar para ligar. Disse que morava sozinho e contava com vizinhos próximos no mesmo quintal, os filhos moravam em outra vila, evitavam contato e que se eu ligasse para vir até ele, diriam que era para pagar o táxi. E como bom mineiro, era orgulhoso e não ia se rebaixar a eles.

Eu insisti, mas  ele foi taxativo, que eles não se importavam,  ele tampouco. Nisso a compra ficou pronta e disseram para eu que tomariam conta de tudo, e eu pedi pelo menos que chamassem um táxi para ele, concordaram.

Eu fui então terminar a minha compra, mas eu fiquei com o sentimento que eu deveria ter feito mais, e ao mesmo tempo, desapontada com esse modelo de sociedade e pessoas. Vivemos numa sociedade líquida (Bauman), onde as relações sociais cada vez mais frágeis, fugazes e moldáveis, de acordo com os nossos interesses até que eles terminam. Acabou a utilidade, termina a bajulação, a gratidão, o reconhecimento, incontáveis adulações e partimos em busca da próxima utilidade. 

Quando criança, eu ouvia meu pai dizer uma frase de uma música sertaneja: “um pai trata dez filhosdez filhos não trata um pai”

Nós, filhos, não entendemos que nossos pais são vítimas de outras vítimas e quando agimos assim como eles, não somos melhores, ao contrário, nós repetimos os mesmos erros que tanto notamos e o ciclo não se encerra.  E quando eles mais necessitam quando velhos, doentes e cansados, do perdão, compaixão e empatia, de assistência, os deixamos para trás. E esquecemos de contar o tempo, talvez, eles terão 10, 15 anos a mais para tê-los aqui na terra, e o tempo passa tão rápido que só sentiremos a falta deles e a perda quando eles já se foram. 

Acho que  Oscar Wilde descreveu de forma crua e nua:  “no início, os filhos amam os pais. Depois de certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam”.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Um Ano A Menos


“Roda mundo, roda-gigante
 Rodamoinho, roda pião 
O tempo rodou num instante
 Nas voltas do meu coração”. 
  (Chico Buarque). 



 Imagem de PhotoVision por Pixabay

Os mais otimistas dirão “adeus ano velho, feliz ano novo”.

Novo em quê? Se, na verdade a cada ano que chega, 
estamos mais e mais envelhecendo e sem garantia de nada. 
Nem sabemos se estaremos vivos amanhã com saúde, 
com trabalho, com dignidade, com respeito, em paz.

E mesmo assim não aprendemos nada, não evoluímos. 
Só estamos de passagem, e por mais que julgamos estar seguros, confortáveis em nossa pele,mas apenas uma falsa ilusão, 
de um dia para o outro tudo pode mudar, para pior. 

Hoje mendigamos atenção, afeto, trabalho, dignidade, oportunidade, respeito, direitos. Uma sociedade doente que só enxerga o 
seu próprio umbigo e em lucrar com as privações alheias e 
explorar, inclusive, a força de trabalho.

Criam-se eufemismos para a fome (insegurança alimentar), trabalhos temporários, sazonais, entrega de comida, bolo caseiro, bordados, lembrancinhas ou uso de carro particular como "taxista" como (empreendedorismo) liberal, autônomo, na realidade "bicos" sem garantia e dignidade de nada no futuro.

Uma pessoa nunca deveria mendigar por afeto, oportunidade e trabalho, por comida e moradia. 

Nenhuma pessoa que se acha prestável se aproveita da vulnerabilidade de outras para tirar vantagem ou lucrar com suas penúrias e mazelas,  enquanto os senhores da "Casa Grande" enchem a pança. 

Dizia Voltaire: “Se o homem não for amigo do rei ou do bispo, é um morto-vivo”.

A gente vai contra a corrente
 Até não poder resistir
  (Chico Buarque)


 Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
                                                      














                                                              Leia Também

Princípios são como Salva-Vidas

Tempos de Rudeza

Mundo dos possíveis

Sim, tripudiaram sobre a polidez, os sonhos, a esperança, a dignidade, o amor, a liberdade, paz interior, as escolhas, as oportunidades, a cultura e educação, o direito de viver com suas diferenças! 

Afinal, como sobreviver numa sociedade desigual, insensível e excludente, se sentimentos assertivos permanecerem?


“Em Nome da Rosa” um filme adaptado do livro de Ecco (Umberto), o riso (refere-se a Aristóteles) não é bem-vindo para o sistema, afinal, quem em sã consciência numa sociedade laica, que propaga respeito, amor, justiça, confiança, dignidade, segurança financeira, oportunidades, escolhas, saúde vai querer odiar, sabotar ou 
viver numa montanha russa? 

Cheios de incertezas, medo e inseguranças? Dificilmente. O medo é uma forma de controle. 

Gente bem resolvida só quer viver em paz, quer ser agente agregador, nunca o contrário.Pois, entende a dinâmica da vida, o que deseja como legado e que se o outro não tiver feliz, virá cobrar sua parte!

No ano passado usei as palavras de Celine Dion, para se despedir de 2020: “Fique de pé, nem tudo o que você deseja vai acontecer”. Nem ela suportou o de agora, adoeceu e cancelou sua turnê.

Sim, porque não depende só de nós, por mais que a gente batalhe, seja firme, forte, sonhador, capaz e esperançoso, depende dos outros. Seja na vida pessoal, social, profissional ou emocional.

"Já que você não merece devolva minhas preces, meu canto, meu amor, meu tempo, por favor, e minha alegria que, naquele dia, só te emprestei por uns dias." Alice Ruiz


Imagem de Pexels por Pixabay

Depende de quem cruza o nosso caminho e ao nosso lado nas trincheiras, momentos bons ou maus. Somos peças girando como um peão no tabuleiro de quem detém a tomada de decisão, influência ou o meio de produção.


A dependência rouba a dignidade, autoconfiança, amor-próprio e o autorrespeito. Voltaire acreditava que um homem só se curva a outro, porque não é livre para escolher ou independente, então submete-se para sobreviver e até para autopreservação. 


Assim como Voltaire, me sinto inadequada no mundo leviano de Leibniz, "mundo dos possíveis", utópico e restrito numa bolha para poucos.



Como alguém pode se sentir confortável, se em volta há fome, miséria, doenças, morte, pandemia, desemprego, desamor, violência?

Dizer "graças a Deus" porque eu estou viva, eu não peguei Covid-19, eu estou empregado (a), eu tenho família, se a maioria passa por privações, infelicidades e perdas?

Falta empatia (se colocar no lugar do outro), respeito e silenciar, ao invés de se achar privilegiado divino, ter compaixão pelo infortúnio alheio. Apenas lamentar. Nunca sabemos onde nossa roda vai girar e parar.

Cuidamos uns dos outros, sejamos conscientes, isso chama-se responsabilidade e comprometimento social, cidadania!

Sejamos generosos em nossas escolhas futuras, o que agrega ao coletivo e não aos interesses individuais.

Para 2022, o bom Deus, o verdadeiro deveria nos deixar “encantados” e só acordarmos em 2023, com pessoas, coisas e fatos melhores, sem interferências externas de Mamom e afins.

Para Evoluir, não regredir!Com (mais) Gente e menos zumbis!."

Se a humanidade é como um vírus” segundo Savater, que se pega, contagie então com exemplos, de preferência, humanistas!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Tempos de rudeza

    Vivemos numa sociedade ansiosa e com gente mais apressada ainda. Não há tempo para rever conceitos, valores sociais e coletivos ou ter empatia com os outros. Nem desacelerar. Vencer a qualquer custo.

Imagem de Pixabay / licença free

 A “internet” virou um campo minado, por muito pouco pessoas pulam na jugular das outras.  Justamente num país onde segundo pesquisa Retratos da Leitura no Brasil lançada em 2020 e anteriores, o livro mais lido e conhecido entre os supostos leitores é o sagrado, a Bíblia, um paradoxo.

 Portanto, conhecem de cor e salteado os 10 mandamentos cristãos. 


       





Hoje, não se distingue mais quem é filho de Deus ou do capeta, engravatados, políticos, figuras públicas, artistas, pessoas comuns, mentores espirituais, religiosos e pudicos, pasmen, não se privam de nada. Tudo aquilo que antes era visto como pecaminoso, vulgar, boçal ou inadequado foi naturalizado. Justamente de onde deveria vir o exemplo, inclusive os da velha guarda e da comunicação. 

 Antigamente, se distinguia um cristão que se classificava como evangélico pelo linguajar, vestimenta e postura. Eles faziam questão de impor isso aos outros, como diferencial. Hoje, certos "religiosos" são as pessoas mais vulgares, com vocabulário de esgoto, e todos banalizam!

Nem as grandes corporações escapam deste contágio negativo que tomou conta no geral, em cumprir com a missão e objetivos, conforme propôs a fazê-lo atrelado a responsabilidade social. Isso ficou para trás. O valor agregado à marca mudou de patamar. Pelo poder e pela dominação vale tudo!.

 Dizem  que o “empregado é a cara do patrão”, subentende-se que o ambiente interno (“endomarketing”) influi em seu comportamento, sadio (valores éticos, assertivos e coletivos) ou tóxico ( individuais, egoístas e vis) determinará a sua postura perante a sociedade.  Talvez, por isso, falar em medo, demônios e crenças sobrenaturais é mais lucrativo que propagar amor, respeito e união.



           Jennifer Delgado, psicóloga espanhola especialista em “Neuropsicologia”, num de seus artigos publicados no Yahoo,  embasado em estudos científicos diz “todos nós podemos ser alvo de comentários ofensivos, insensíveis ou rudes, sejam de estranhos, amigos próximos ou familiares. No calor do momento, podemos lutar para administrar a situação de forma assertiva. Podemos acabar ficando com raiva e colocando lenha no fogo, ou podemos ficar paralisados ​​e não fazer nada, permitindo que a pessoa despeje sua hostilidade sobre nós”. 



     “Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir.” Machado de Assis.

As circunstâncias se tornaram voláteis, a civilidade e polidez ficaram no passado, justamente o que distinguia o rude camponês da classe da  “nobreza na idade média, da qual se orgulhavam pelo diferencial, era essencial mesmo que fosse um verniz social, mas necessário para conviver na sociedade, com boas maneiras. 

A vulgaridade, rudeza, descompostura, palavreado chulo eram coisas das classes mais baixas, dos aldeões, da leiteira, da taverna, hoje não têm mais disso não. São eles que incentivam as massas e minimizam a civilidade para atuar contra seus oponentes.

“Na verdade, hostilidade, comentários completamente inadequados e grosseria não apenas nos fazem sentir mal, mas afetam nosso desempenho e colocam nosso equilíbrio psicológico em xeque”, de acordo com  estudo conduzido pela Singapore Management University  “comportamentos rudes no trabalho geram muito estresse e podem causar problemas psicológicos e de saúde a longo prazo”.

A psicóloga também cita o experimento da Universidade da Flórida onde reuniram alguns participantes para uma pesquisa de 15 minutos e como resultado final “acreditam que a grosseria e a hostilidade são tão contagiosas quanto à gripe, embora nem sempre estejamos cientes disso. Se estivermos imersos em situações rudes ou hostis, teremos mais probabilidade de nos comportar da mesma maneira com as outras pessoas, o que alimenta emoções como raiva e frustração”. 

        “Não existe grandeza onde não há simplicidade, bondade e verdade.“ Liev Tolstói

 Nem Educação, postura, compostura, respeito, justiça e honra, ouso complementar.  E respeito é uma via de mão dupla.

Quando se acostuma a um ambiente tóxico, seja pessoal, profissional ou virtual, a retroalimentação será de emoções negativas e agressivas. Isso reflete que o “exemplo vem de cima”.

Uma sociedade de padrões invertidos se torna uma sociedade doente, indiferente, grotesca, incivilizada.  Sim, humanos  têm rompantes, mas não podemos fazer dos outros, a nossa privada, assim como não se deve deixar confortável aquele que  desrespeitou primeiro. 

Ninguém é obrigado a gostar de outra pessoa, mas entre o “gostar e respeitar” há uma linha tênue que as separa, em que a segunda deve prevalecer. Ao difamar, caluniar, injuriar, desqualificar, sabotar, cancelar, instigar pessoas ao Cyberbullying (crime cometido por qualquer meio digital),  muitas vezes por motivos torpes, revela mais sobre o caráter e má índole do autor do que da pessoa a ser descqualificada.

Para ler na íntegra, acesse o link https://es.vida-estilo.yahoo.com/comentarios-groseros-fuera-de-lugar-como-responder-160522023.html , a psicóloga revela 5 segredos para responder de forma inteligente à hostilidade, grosseria e insensibilidade.  



                                    Leia também

             O Respeito Na Escada Do Sucesso

                      Sociedade, juízo, valores

                  Sociedade, Respeito E Honra

                            Lei contra Stalkeadores

                    Como você deseja ser visto?

A vida é só um sopro, para que tanta vileza, egoísmo, inveja, julgamentos, medir as pessoas  e coisas por nossa régua, quando na verdade são opiniões e conceitos de acordo com nossa cultura, vivência e aprendizado.  Ao invés de regredir, devemos aproveitar o tempo que resta para evoluir, refletir e desenvolver sentimentos assertivos e coletivos. De acordo com Aristóteles, a virtude é algo que se adquire, praticando. Ou seja, rever nossos conceitos sempre. 

Uma pitada de educação, um grama de paciência e uma boa dose de respeito não fará mal nenhum, ao contrário, só  engrandece, mais civilizados e modelo para outros se inspirarem. Ser assertivo, justo e sincero não para agradar aos outros, mas para ter orgulho de si mesmo que não passou pela vida em vão e nem fez da vida dos outros, um inferno na terra, enquanto aguarda o paraíso! 

Para seguir a psicóloga nas redes sociais acesse seu site Jennifer Delgado

Obs.: As fotos com licença gratuita do site Pixabay, exceto a última do site Pratique o bem, o que vem a calhar: Pratique o bem, você também!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

AMOR-PRÓPRIO NÃO É SE COLOCAR EM PRIMEIRO LUGAR

Amor-próprio é um dos A (s) necessários para alavancar nossa autoestima, mas não devemos confundir com egoísmo.





Ando meio incomodada quanto à interpretação de alguns sites, blogs e pessoas,
em confundir o significado de amor-próprio com egoísmo (colocar-se em primeiro lugar) e achar que estes são distintos, a fim de, talvez, justificar e amenizar as negligências, omissão e falta de sensibilidade nas relações interpessoais ou profissionais.

Vivemos num momento onde tudo é passageiro, assim como objetos agora os relacionamentos. E como tudo é volátil e na ânsia de chamar atenção, principalmente em redes sociais, as coisas se tornaram frívolas demais, não 
menos duradouras, alguns embarcaram neste pensamento de que não somos 
mais responsáveis pelo outro na realidade.





A vertente do cristianismo sempre esteve ligada ao “sofrimento e resignação”
(Deus não dá uma cruz maior que você não possa carregar), no entanto, estamos desobrigados agora por mais estreito que seja esse vínculo.

Devemos seguir em frente (Cada um pra si e Deus para todos), ajudar até, mas acompanhado do sentimento de negação (primeiro o bel-prazer, depois os outros).

O sociólogo Zygmunt Bauman ( in memoriam) em seus escritos, já sinalizava esse novo modelo de sociedade, em que visamos mais autopreservação, egoísmo e
individualismo do que outra coisa.

É comprovado que pessoas sem convívio social, adoecem ou até morrem mais cedo, por falta de afeto, solidão, segurança emocional, pois viraram peças decorativas nesta engrenagem. As pessoas não buscam mais consertar ou preservar relacionamentos.



Um jeito mesquinho de ficar isento de comprometimento, me dá preguiça em acatar essas interpretações — útil para aqueles que já caminham para esse processo da “individuação” da qual não se envolve com o outro. Mais triste averiguar que essa forma de pensar é endossada por pessoas influentes da mídia, onde o outro como não é mais útil para sua vida social ou material, então isento de culpa e responsabilidade, são deixados do lado, a isso chamam de amor-próprio (pensar em si antes de qualquer coisa).

Leia também:


Para entender melhor isso, a psicoterapeuta transpessoal, Elciene Maria Tigre Galindo, explica objetivamente: “Para ter amor-próprio, não significa que a pessoa deve ter sempre seus desejos satisfeitos, ser egoísta ou pisar, nos outros. O amor-próprio faz com que as pessoas ajam positivamente, procurem evitar pensar no passado, quando há tristezas ou mágoas, que procurem sempre lembrar que foi mais uma experiência para poder evoluir, procurando tirar proveito daqueles acontecimentos.Quem se ama de verdade, procura possuir controle emocional, procura compreender as pessoas e sempre se conhecer melhor, estar sempre, ou a maior parte do tempo, de bem com a vida, com paz interior e esquecer a opinião alheia, não guarda raiva, rancor, está sempre disposto a perdoar e ter coragem, amor, discernimento, visão aberta, confiança e segurança para recomeçar”.

O amor-próprio se une a dois conceitos essenciais e formam um tripé: autoaceitação (saber quem somos com todas as qualidades e limitações), autoestima (o sentimento que temos por nós mesmos, ligados a autoconfiança e o autorrespeito), para saber enfrentar adversidades e situações que exigem, e através do autoconhecimento, conseguimos compreender melhor isso, o artigo na íntegra da psicoterapeuta: https://www.linkedin.com/pulseAmor

Portanto, só quem se ama se respeita, e assim tem amor e respeito para dar aos outros, independente de qual modelo de vida que esteja caminhando. Os seres humanos não nasceram para viver separados, isolados ou relegados em segundo plano, estamos conectados mutualmente. Todos merecemos nascer, viver e morrer com dignidade, ao menos. Devemos tratar as pessoas como prioridades e não como mera opção. Reza a filosofia, que o bem é tudo aquilo que não causa sofrimento, dor ou danos a terceiros. Não podemos seguir (em frente) em detrimento do sofrimento de outros.