quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Um Ano A Menos


“Roda mundo, roda-gigante
 Rodamoinho, roda pião 
O tempo rodou num instante
 Nas voltas do meu coração”. 
  (Chico Buarque). 



 Imagem de PhotoVision por Pixabay

Os mais otimistas dirão “adeus ano velho, feliz ano novo”.

Novo em quê? Se, na verdade a cada ano que chega, 
estamos mais e mais envelhecendo e sem garantia de nada. 
Nem sabemos se estaremos vivos amanhã com saúde, 
com trabalho, com dignidade, com respeito, em paz.

E mesmo assim não aprendemos nada, não evoluímos. 
Só estamos de passagem, e por mais que julgamos estar seguros, confortáveis em nossa pele,mas apenas uma falsa ilusão, 
de um dia para o outro tudo pode mudar, para pior. 

Hoje mendigamos atenção, afeto, trabalho, dignidade, oportunidade, respeito, direitos. Uma sociedade doente que só enxerga o 
seu próprio umbigo e em lucrar com as privações alheias e 
explorar, inclusive, a força de trabalho.

Criam-se eufemismos para a fome (insegurança alimentar), trabalhos temporários, sazonais, entrega de comida, bolo caseiro, bordados, lembrancinhas ou uso de carro particular como "taxista" como (empreendedorismo) liberal, autônomo, na realidade "bicos" sem garantia e dignidade de nada no futuro.

Uma pessoa nunca deveria mendigar por afeto, oportunidade e trabalho, por comida e moradia. 

Nenhuma pessoa que se acha prestável se aproveita da vulnerabilidade de outras para tirar vantagem ou lucrar com suas penúrias e mazelas,  enquanto os senhores da "Casa Grande" enchem a pança. 

Dizia Voltaire: “Se o homem não for amigo do rei ou do bispo, é um morto-vivo”.

A gente vai contra a corrente
 Até não poder resistir
  (Chico Buarque)


 Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
                                                      














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Sim, tripudiaram sobre a polidez, os sonhos, a esperança, a dignidade, o amor, a liberdade, paz interior, as escolhas, as oportunidades, a cultura e educação, o direito de viver com suas diferenças! 

Afinal, como sobreviver numa sociedade desigual, insensível e excludente, se sentimentos assertivos permanecerem?


“Em Nome da Rosa” um filme adaptado do livro de Ecco (Umberto), o riso (refere-se a Aristóteles) não é bem-vindo para o sistema, afinal, quem em sã consciência numa sociedade laica, que propaga respeito, amor, justiça, confiança, dignidade, segurança financeira, oportunidades, escolhas, saúde vai querer odiar, sabotar ou 
viver numa montanha russa? 

Cheios de incertezas, medo e inseguranças? Dificilmente. O medo é uma forma de controle. 

Gente bem resolvida só quer viver em paz, quer ser agente agregador, nunca o contrário.Pois, entende a dinâmica da vida, o que deseja como legado e que se o outro não tiver feliz, virá cobrar sua parte!

No ano passado usei as palavras de Celine Dion, para se despedir de 2020: “Fique de pé, nem tudo o que você deseja vai acontecer”. Nem ela suportou o de agora, adoeceu e cancelou sua turnê.

Sim, porque não depende só de nós, por mais que a gente batalhe, seja firme, forte, sonhador, capaz e esperançoso, depende dos outros. Seja na vida pessoal, social, profissional ou emocional.

"Já que você não merece devolva minhas preces, meu canto, meu amor, meu tempo, por favor, e minha alegria que, naquele dia, só te emprestei por uns dias." Alice Ruiz


Imagem de Pexels por Pixabay

Depende de quem cruza o nosso caminho e ao nosso lado nas trincheiras, momentos bons ou maus. Somos peças girando como um peão no tabuleiro de quem detém a tomada de decisão, influência ou o meio de produção.


A dependência rouba a dignidade, autoconfiança, amor-próprio e o autorrespeito. Voltaire acreditava que um homem só se curva a outro, porque não é livre para escolher ou independente, então submete-se para sobreviver e até para autopreservação. 


Assim como Voltaire, me sinto inadequada no mundo leviano de Leibniz, "mundo dos possíveis", utópico e restrito numa bolha para poucos.



Como alguém pode se sentir confortável, se em volta há fome, miséria, doenças, morte, pandemia, desemprego, desamor, violência?

Dizer "graças a Deus" porque eu estou viva, eu não peguei Covid-19, eu estou empregado (a), eu tenho família, se a maioria passa por privações, infelicidades e perdas?

Falta empatia (se colocar no lugar do outro), respeito e silenciar, ao invés de se achar privilegiado divino, ter compaixão pelo infortúnio alheio. Apenas lamentar. Nunca sabemos onde nossa roda vai girar e parar.

Cuidamos uns dos outros, sejamos conscientes, isso chama-se responsabilidade e comprometimento social, cidadania!

Sejamos generosos em nossas escolhas futuras, o que agrega ao coletivo e não aos interesses individuais.

Para 2022, o bom Deus, o verdadeiro deveria nos deixar “encantados” e só acordarmos em 2023, com pessoas, coisas e fatos melhores, sem interferências externas de Mamom e afins.

Para Evoluir, não regredir!Com (mais) Gente e menos zumbis!."

Se a humanidade é como um vírus” segundo Savater, que se pega, contagie então com exemplos, de preferência, humanistas!

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