Durante passagem no sul, em Junho 26, para uma série de shows, o vompositor, cantor e instrumentista Almir Sater, concedeu uma entrevista exclusiva, para o Jornal A Voz do Paraná, através da Jornalista Sumaya Klaime, declaradamente fã do Artista também.
Um dos mais importantes artistas da Música Popular Brasileira, Almir fala um pouco de suas canções, o risco da profissão em viver nas estradas, sobre seu novo projeto AR, em parceria com Renato Teixeira, que será produzido pelo norte-americano, Eric Silver, entre outras coisas.
Acompanhe na íntegra, a entrevista inédita de Almir Sater, com a jornalista Sumaya Klaime, a seguir
Com mais de 30 anos de carreira e 10 discos gravados, Almir Sater, considerado um dos artistas mais completos, ele é único, é também emoção e leva a verdade
através das suas canções, toca com o coração e emociona os mais endurecidos e suas musicas refletem todo o sentimento de um artista que já nasceu pronto, e que canta e encanta a todos, por isso deixemo-nos contagiar pela energia da sua viola, e cantemos junto com ele, porque como diz o adágio popular “quem canta seus males espanta”.
A banda de Sater é composta por Reginaldo Feliciano (contrabaixo), Marcelus Anderson (sanfona), Guilherme Cruz (violão), Rodrigo Sater (Violão e vocal), Gisele Sater (vocal), e apesar de ter duas pessoas da família, como seus irmãos Rodrigo e Gisele, ele considera toda a equipe a sua família, pelo companheirismo, lealdade e o tempo em que ficam juntos, viajando e participando
em média de 20 shows por mês.
A Voz do Paraná- Almir Sater novamente em Cascavel, mas
agora estreando no teatro novo, o que você achou?
Almir Sater - Sim, mais uma vez. Gosto muito do povo daqui e o paranaense tem comparecido em todos os shows que eu faço, e isso me deixa muito contente, isso quer dizer que quando recebemos convite para voltar é sinal que tem sido proveitoso. Em relação ao teatro, achei muito lindo, confortável, um som excelente,
é realmente muito bom apresentar um show com todas essas boas condições.
A Voz do Paraná- Qual é o seu sentimento quando você sobe no palco, quando apresenta suas lindas músicas ao público?
Almir - Eu tenho viajado durante muito tempo cantando minhas canções, às vezes eu passo anos apresentando o mesmo show, e cada vez que eu toco as minhas canções elas vem de uma maneira diferente, de um jeito diferente, cada dia é um dia, depende do meu estado de espírito, então a impressão que eu tenho é de achar que a musica é nova, tem até canções que eu canto durante 20 anos e fico nervoso de tocar naquele momento, o coração bate muito forte, então a musica
mexe muito com a gente, e cada dia é diferente, cada show é único.
A Voz do Paraná - Não é fácil viver da música, iniciar uma carreira artística nos dias de hoje é um pouco complicado, mais difícil ainda é vender CD e ficar conhecido. Por que está tão difícil, será que é
a concorrência?
Almir - Mudou um pouco o jeito do CD chegar até as pessoas, existem outras opções, antigamente a pessoa tinha que comprar um disco, ouvir na rádio ou pegar emprestado, hoje você baixa na internet de maneira muito fácil o trabalho do artista e de forma gratuita, e às vezes esse artista teve um gasto para fazer esse trabalho, então fica meio injusto essa situação, então parece que o artista é um mal menor. Mas a indústria está se adaptando, todos nós estamos nos adaptando para esses novos momentos, ao mesmo tempo em que os meios de comunicação e a internet divulgam o trabalho, também expõem muito o trabalho do músico, de uma forma aberta.
A Voz do Paraná - E qual o conselho que você daria, para o artista que gostaria de viver da música e iniciar a carreira?
Almir - Quando você faz alguma coisa que tem arte, que emociona, sempre vai ter um espaço aberto, só que também nunca vai ter um espaço suficiente para absorver todos os artistas, porque sempre tem muito mais artista do que espaço para absorver essas artes, mas se você tiver talento, disposição, vontade, se você acreditar e ter fé, é só deixar que as coisas acontecem.
A Voz do Paraná - Algumas músicas marcaram épocas: Emoções de Roberto Carlos; Aquarela, de Toquinho; Garota de Ipanema, de Tom Jobim, etc. A música Tocando em Frente, sempre enlouquece o público, e a sua letra pode ser considerada um hino de esperança, de fé, de otimismo, porque emociona e faz a pessoa ter mais ânimo na vida diante das suas dificuldades, e a impulsiona mesmo tocar em frente.
Almir - A letra dessa música tem uma mensagem muito bonita, e trás algo muito positivo para as pessoas, e agora, me convidaram novamente para entrar com essa música em outra novela, acho que é a décima novela que essa música participa. Eu fico impressionado com a força que essa música possui, e ela veio por conta dela mesma, nós fomos apenas os emissários, só recebemos essa mensagem para passarmos adiante, ela veio muito pronta, então é uma música que tem uma luz muito bonita, nos faz feliz e faz as pessoas muito felizes.
A Voz do Paraná - Já entrevistamos você algumas vezes e já falamos de várias músicas, Cubanita, Trem do Pantanal, Um Violeiro Toca, e dessa vez, separamos três musicas para falarmos sobre elas.Vamos começar com a música Serra de Maracaju, que fala: os portugueses e os espanhóis invadiram a terra dos Guaranis, que muito tempo não ouve paz (...). De quem é a composição?
Almir - É uma música minha e do Paulo Simões, e foi a primeira música que fizemos numa região que nós gostamos muito, que é a Serra de Maracaju, fizemos num lugar que tem um dos céus mais bonitos, e foi a primeira música que fizemos
nessa região, então eu acho que tinha alguma coisa entalada na garganta de alguém e que por isso veio essa mensagem. É uma mensagem simples, uma ficção, mas que tem também muita emoção.
A Voz do Paraná - A música No Rastro da Lua Cheia
tem uma letra maravilhosa, e fala sobre o tempo, se você tivesse que voltar no tempo para viver alguns minutos, você voltaria? Em qual época?
Almir - Essa música tem uma parte que fala assim: o tempo faz, tempo desfaz e vai além sempre, então não dá para voltar no tempo.
A Voz do Paraná - Outra música muito bonita é a Mochileira,
você gosta dessa música?
Almir - Essa música é de um amigo meu, um grande artista da minha terra, Geraldo Roca, e quando éramos jovens na época com uns 16 anos, nós gostávamos muito de tocar essa música e gravamos porque é uma música muito bonita e todo mundo gosta, a nossa geração, os mais novos, os mais velhos, todos gostam, é uma música também muito especial e que marcou uma época. Inclusive precisamos incluí-la no repertório dos shows, porque as pessoas estão me pedindo muito para tocá-la.
A Voz do Paraná - O que representa a morte do cantor Cristiano Araújo para a música sertaneja?
Almir - Eu não conheci o trabalho do Cristiano Araújo, admito que sou um pouco ignorante em trabalho de novos artistas, mas sempre quando uma estrela cai é ruim, ainda mais um artista jovem, novo, que emocionava um monte de gente e morrer de uma forma tão derradeira, violenta, é muito triste mesmo.
A Voz do Paraná - João Paulo, que fazia dupla com Daniel, Gonzaguinha, Cristiano Araújo, e até outros artistas, morreram
nas estradas do Brasil, e dois deles voltando de shows. A vida do artista é uma correria diante de agenda lotada, onde tem que cumprir os contratos de shows. Você faz essas loucuras, de sair correndo de um lugar para o outro, já fez, ou ainda, é tranquilo quanto a isso?
Almir - A nossa profissão é uma profissão de risco, nós já fizemos muitas loucuras até com avião e monomotor, e realmente você tem que chegar ao show porque ele não pode parar, o show tem que continuar, só que às vezes existem riscos sim. O que a gente tem que fazer é rezar, a família da gente reza também. Hoje em dia procuramos fazer de uma forma mais tranquila, mas às vezes tem correria,
porque tem uma agenda que tem que ser cumprida, às vezes ocorre de um carro estragar e você está atrasado e daí tem que correr um pouquinho, e claro que isso não é nada bom, mas a vida do artista tem riscos.
A Voz do Paraná - O público sabe do seu relacionamento
de amizade com Sérgio Reis e Renato Teixeira, como foi o reencontro no palco, de vocês, em um show apresentado recentemente em Vitória?
Almir - Foi muito lindo, o Renato é meu parceiro de música, o Sergão é meu parceiro de novela, e eles têm um show juntos, então nós fizemos dois shows, eu fiz o meu, e depois eles fizeram o deles que se chama Amizade Sincera, e naquele "intervalozinho" nós fizemos uma brincadeira, tocamos umas músicas juntos e o clima ficou bom, a gente combinada.
A Voz do Paraná - Em 1989 você gravou em Nashville o CD Rasta Bonito e Eric Silver participou, será que mais uma vez teremos o encontro da viola com o banjo americano?
Almir - Eu estava produzindo um disco meu e do Renato Teixeira, mas estava ficando muito parecido com o meu som, e eu apaguei tudo e chamei o Eric para produzir, fazer um show diferente e começamos a fazer um som caseiro. Foi muito bom termos chamado o Eric, porque tinha que ter alguém para nos pressionar, para que terminássemos logo esse disco, porque o Renato tem muito show, eu tenho muito show, e o disco foi sendo adiado e quando você envolve uma terceira pessoa e que vem de longe para gravar aqui, tivemos que arrumar um horário, daí gravamos e foi muito bom, porque nos pressionou um pouco e trabalhamos sob pressão (risos).
A Voz do Paraná - Nesse novo CD que vocês estão preparando, o Renato Teixeira vai só compor ou também cantar?
Almir - O Renato vai entrar com a composição e também cantando.
A Voz do Paraná - E o CD já tem um nome?
Almir - Eu ainda não vou falar, será surpresa para o público.
A Voz do Paraná - Não vem por aí um CD com o nome AR?
Almir - Como você sabe? (risos). É AR, A de Almir e R de Renato, e veja
só, se ficarmos três minutos sem ar, a gente morre.
A Voz do Paraná Para terminarmos, a tradicional mensagem
para os brasileiros, já que estamos passando por uma fase difícil.
Almir - Eu acho que é só um baixo-astral político, acho também que está
tudo razoavelmente bem e o baixo astral é esse clima na política que
contagia, e quando acabar isso vai melhorar, acho até que é proposital.
A Voz do Paraná - Enquanto isso, vamos tocando em frente?
Almir - Sim, mas, com os pés no chão.
Na foto: Almir Sater ao lado da Jornalista Sumaya Klaime, e as filhas dela: Isadora e Sarah, também foram prestigiar o show do artista.
O violeiro mais famoso do Brasil é aplaudido em pé, ovacionado pelo público
que não cansou de pedir bis.
Edição no 641 Especial - Jornal A Voz do Paraná
Página Facebook Jornal | Cascavel, 12 de julho de 2015
Imagens e Entrevista - Por Sumaya Klaime