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domingo, dezembro 12, 2021

Princípios são como Salva-Vidas

        Vivemos há tanto tempo em um capitalismo primitivo que, para nós, o sentido do êxito se dá pela posse de bens, pela capacidade individual de acumular propriedades materiais. 

Imagem de Mirko Grisendi por Pixabay 

Vivemos assim faz tempo – e sob pressão constante , que  nos esquecemos, pelo menos de vez em quando, de pensar a respeito. 

Dessa maneira, as emoções, o espírito, os valores humanos são deixados para um outro plano. Isso, somado ao interesse egoísta, faz com que o exercício do poder ainda se dê pela aplicação da força que emana do bolso e desconsidera os atributos pessoais. 

Assim, nossa sociedade é muito cruel, em especial, com o homem pobre. 

No trabalho "pretendem nos ensinar a trabalhar mais por menos, como se devêssemos acompanhar o ritmo do avanço da tecnologia de ponta. 

Somos gentilmente reduzidos a peças de engrenagens", nas palavras do Frei Betto, frade dominicano e um dos coordenadores do programa Fome Zero. 

Mas tem um outro lado da gente, de onde emana a força de resistência à pressão consumista. O lado da gente que busca alternativas para melhorar a qualidade de vida, livrar-se da ostentação, resgar a capacidade de amar, reaprender a ternura, olhar o semelhante em sua suprema dignidade humana.  

O lado  que ouve a própria intuição, que  exercita a humildade,  que sintoniza o transcendente. Frei Betto nos lembra ainda que "somos uma civilização ruidosa. Passamos horas ao telefone, mantemos ligada a TV, o rádio, o som  como se, perante o silêncio, temêssemos mirar a própria face interior. Claro, o mercado não oferece silêncio porque haveria queda de consumo.  No entanto, a vida ensina que a felicidade jorra da intimidade. Não há  outra fonte. Pode haver prazer na apropriação, alegria no encontro, júbilo numa boa surpresa.  Porém, felicidade, como profundo deleite do espírito, só na intimidade amorosa, na contemplação  do belo, na oração sem imagem e palavras, no acolhimento do ser querido, na poesia de um toque, um gesto, uma palavra que traz em si a plenitude". 

Nossa acomodação, nossa falta de iniciativa de exercitar  o pensar, questionar-se e questionar o outro, favorece as fórmulas do entorpecimento disponíveis no mercado: o álcool e outras drogas,  o excesso de comida, as horas desperdiçadas diante da TV, entre outras compulsões e hedonismos. 

Assim ficamos obesos, com gordura na alma, com gordura no cérebro, com o coração lento. Entregamos as rédeas de nossas próprias vidas. 

Ficamos mais facilmente manipuláveis pelos desejos dos outros e pela soberana vontade do mercado. Fingimos viver uma vida que não é nossa.                     Fingimos aderir ao discurso da empresa que nos emprega,  fingimos obedecer ao chefe, fingimos ser solidários, fingimos amar. Fingimos felicidade. 

Fingimos o tempo todo, às vezes, até quase nos acostumarmos com a falta de nós mesmos. 

É provável que gente que conseguiu colocar um ponto final na hipocrisia institucional decidiu mudar de atitude. Adotou como princípios  de vida os chamados valores universais, amor, paz, verdade, ação correta e não violência. O amor, compreendido como um valor humano, é mais do que um sentimento.


Imagem de Gerd Altmann por Pixabay 

É uma energia, um padrão de união, de aproximação e de harmonia. 

É o impulso  que nos mobiliza para a criação. Estar em paz é conseguir encontrar um fio condutor coerente e harmônico entre o que somos, sentimos, pensamos e fazemos. 

Estar em paz com os outros é reconhecer no outro um ser humano que também busca a felicidade e a autorrealização. Estar em paz com a natureza é sentir-se parte integrante  da vida. A verdade é a expressão íntegra de nossas pontencialidades. 

Não é somente aquilo que expresso como verdadeiro, mas sim aquilo que verdadeiramente  sou e expresso. A ação correta é um processo que permeia a nossa vida. É uma determinação para o bem. A não-violência é a combinação de todos os valores, é a conquista do ser humano que ama e não fere, não magoa, não machuca pela ação, reação ou proteção. 

Encontre um tempo para você. 

O texto foi transcrito da Revista Melhor "Vida & Trabalho"  - edição março de 2003, por Luiz Márcio Ribeiro Caldas Júnior - escritor e consultor de empresas no campo de comunicação. correio eletrônico: caldasjunior@terra.com.br

Em outras palavras: "Seja humanista, é chique demais!". 

sexta-feira, dezembro 03, 2021

Tempos de rudeza

    Vivemos numa sociedade ansiosa e com gente mais apressada ainda. Não há tempo para rever conceitos, valores sociais e coletivos ou ter empatia com os outros. Nem desacelerar. Vencer a qualquer custo.

Imagem de Pixabay / licença free

 A “internet” virou um campo minado, por muito pouco pessoas pulam na jugular das outras.  Justamente num país onde segundo pesquisa Retratos da Leitura no Brasil lançada em 2020 e anteriores, o livro mais lido e conhecido entre os supostos leitores é o sagrado, a Bíblia, um paradoxo.

 Portanto, conhecem de cor e salteado os 10 mandamentos cristãos. 


       





Hoje, não se distingue mais quem é filho de Deus ou do capeta, engravatados, políticos, figuras públicas, artistas, pessoas comuns, mentores espirituais, religiosos e pudicos, pasmen, não se privam de nada. Tudo aquilo que antes era visto como pecaminoso, vulgar, boçal ou inadequado foi naturalizado. Justamente de onde deveria vir o exemplo, inclusive os da velha guarda e da comunicação. 

 Antigamente, se distinguia um cristão que se classificava como evangélico pelo linguajar, vestimenta e postura. Eles faziam questão de impor isso aos outros, como diferencial. Hoje, certos "religiosos" são as pessoas mais vulgares, com vocabulário de esgoto, e todos banalizam!

Nem as grandes corporações escapam deste contágio negativo que tomou conta no geral, em cumprir com a missão e objetivos, conforme propôs a fazê-lo atrelado a responsabilidade social. Isso ficou para trás. O valor agregado à marca mudou de patamar. Pelo poder e pela dominação vale tudo!.

 Dizem  que o “empregado é a cara do patrão”, subentende-se que o ambiente interno (“endomarketing”) influi em seu comportamento, sadio (valores éticos, assertivos e coletivos) ou tóxico ( individuais, egoístas e vis) determinará a sua postura perante a sociedade.  Talvez, por isso, falar em medo, demônios e crenças sobrenaturais é mais lucrativo que propagar amor, respeito e união.



           Jennifer Delgado, psicóloga espanhola especialista em “Neuropsicologia”, num de seus artigos publicados no Yahoo,  embasado em estudos científicos diz “todos nós podemos ser alvo de comentários ofensivos, insensíveis ou rudes, sejam de estranhos, amigos próximos ou familiares. No calor do momento, podemos lutar para administrar a situação de forma assertiva. Podemos acabar ficando com raiva e colocando lenha no fogo, ou podemos ficar paralisados ​​e não fazer nada, permitindo que a pessoa despeje sua hostilidade sobre nós”. 



     “Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir.” Machado de Assis.

As circunstâncias se tornaram voláteis, a civilidade e polidez ficaram no passado, justamente o que distinguia o rude camponês da classe da  “nobreza na idade média, da qual se orgulhavam pelo diferencial, era essencial mesmo que fosse um verniz social, mas necessário para conviver na sociedade, com boas maneiras. 

A vulgaridade, rudeza, descompostura, palavreado chulo eram coisas das classes mais baixas, dos aldeões, da leiteira, da taverna, hoje não têm mais disso não. São eles que incentivam as massas e minimizam a civilidade para atuar contra seus oponentes.

“Na verdade, hostilidade, comentários completamente inadequados e grosseria não apenas nos fazem sentir mal, mas afetam nosso desempenho e colocam nosso equilíbrio psicológico em xeque”, de acordo com  estudo conduzido pela Singapore Management University  “comportamentos rudes no trabalho geram muito estresse e podem causar problemas psicológicos e de saúde a longo prazo”.

A psicóloga também cita o experimento da Universidade da Flórida onde reuniram alguns participantes para uma pesquisa de 15 minutos e como resultado final “acreditam que a grosseria e a hostilidade são tão contagiosas quanto à gripe, embora nem sempre estejamos cientes disso. Se estivermos imersos em situações rudes ou hostis, teremos mais probabilidade de nos comportar da mesma maneira com as outras pessoas, o que alimenta emoções como raiva e frustração”. 

        “Não existe grandeza onde não há simplicidade, bondade e verdade.“ Liev Tolstói

 Nem Educação, postura, compostura, respeito, justiça e honra, ouso complementar.  E respeito é uma via de mão dupla.

Quando se acostuma a um ambiente tóxico, seja pessoal, profissional ou virtual, a retroalimentação será de emoções negativas e agressivas. Isso reflete que o “exemplo vem de cima”.

Uma sociedade de padrões invertidos se torna uma sociedade doente, indiferente, grotesca, incivilizada.  Sim, humanos  têm rompantes, mas não podemos fazer dos outros, a nossa privada, assim como não se deve deixar confortável aquele que  desrespeitou primeiro. 

Ninguém é obrigado a gostar de outra pessoa, mas entre o “gostar e respeitar” há uma linha tênue que as separa, em que a segunda deve prevalecer. Ao difamar, caluniar, injuriar, desqualificar, sabotar, cancelar, instigar pessoas ao Cyberbullying (crime cometido por qualquer meio digital),  muitas vezes por motivos torpes, revela mais sobre o caráter e má índole do autor do que da pessoa a ser descqualificada.

Para ler na íntegra, acesse o link https://es.vida-estilo.yahoo.com/comentarios-groseros-fuera-de-lugar-como-responder-160522023.html , a psicóloga revela 5 segredos para responder de forma inteligente à hostilidade, grosseria e insensibilidade.  



                                    Leia também

             O Respeito Na Escada Do Sucesso

                      Sociedade, juízo, valores

                  Sociedade, Respeito E Honra

                            Lei contra Stalkeadores

                    Como você deseja ser visto?

A vida é só um sopro, para que tanta vileza, egoísmo, inveja, julgamentos, medir as pessoas  e coisas por nossa régua, quando na verdade são opiniões e conceitos de acordo com nossa cultura, vivência e aprendizado.  Ao invés de regredir, devemos aproveitar o tempo que resta para evoluir, refletir e desenvolver sentimentos assertivos e coletivos. De acordo com Aristóteles, a virtude é algo que se adquire, praticando. Ou seja, rever nossos conceitos sempre. 

Uma pitada de educação, um grama de paciência e uma boa dose de respeito não fará mal nenhum, ao contrário, só  engrandece, mais civilizados e modelo para outros se inspirarem. Ser assertivo, justo e sincero não para agradar aos outros, mas para ter orgulho de si mesmo que não passou pela vida em vão e nem fez da vida dos outros, um inferno na terra, enquanto aguarda o paraíso! 

Para seguir a psicóloga nas redes sociais acesse seu site Jennifer Delgado

Obs.: As fotos com licença gratuita do site Pixabay, exceto a última do site Pratique o bem, o que vem a calhar: Pratique o bem, você também!

segunda-feira, setembro 06, 2021

A Igreja do diabo - Machado de Assis

  No mês de falecimento do maior gênio da literatura brasileira, Machado de Assis, um conto atemporal, "A Igreja do diabo" simplificado, mas indispensável ao bom leitor e para reflexão. 

  Capa  (A igreja do diabo) 













“Nada menos de duas almas. 
Cada criatura humana traz duas almas  consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para entro... . Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica." - Machado de Assis em "O Espelho".

        Segue

 O Diabo cansado de ficar abaixo de Deus resolveu comunicá-lo que iria fundar sua própria igreja. Pelo livre-arbítrio Deus não o impediu.

Mal chega a terra e o diabo se declara o verdadeiro Senhor e que a partir daí todos os conceitos de virtudes, totalmente abolidos:

“Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso.  e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...”

 E assim entusiasticamente ele falava, a fim de atrair a atenção para congregar as multidões que aos poucos vieram para si. Após tê-las convencidas, falou qual seria a nova doutrina. As virtudes moralmente aceitas seriam substituídas por outras, as que eram legítimas.

Entre elas, “A soberba, a luxúria e a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: "Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu..."
"O mesmo disse da gula, que produziu as melhores páginas de Rabelais, e muitos bons versos de Hissope; virtude tão superior, que ninguém se lembra das batalhas de Lúculo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez imortal. Mas, ainda pondo de lado essas razões de ordem literária ou histórica, para só mostrar o valor intrínseco daquela virtude, quem negaria que era muito melhor sentir na boca e no ventre os bons manjares, em grande cópia, do que os maus bocados, ou a saliva do jejum?
"Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de propriedades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento".

"As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloqüência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs. Porém, a demonstração  mais afrontosa foi a da venalidade. Segundo ele, “A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos”.

“Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e
legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório”.
 

"Demonstrado assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente".

"E descia, e subia, examinava tudo, retificava tudo. Está claro que combateu o perdão das injúrias e outras máximas de brandura e cordialidade. Não proibiu formalmente a calúnia gratuita, mas induziu a exercê-la mediante retribuição, ou pecuniária, ou de outra espécie; nos casos, porém, em que ela fosse uma expansão imperiosa da força imaginativa, e nada mais, proibia receber nenhum salário, pois equivalia a fazer pagar a transpiração".

"Todas as formas de respeito foram condenadas por ele, como elementos possíveis de um certo decoro social e pessoal; salva, todavia, a única exceção do interesse. Mas essa mesma exceção foi logo eliminada, pela consideração de que o interesse, convertendo o respeito em simples adulação, era este o sentimento aplicado e não aquele". 

 "A previsão do Diabo verificou-se.  A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo".

"Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e, como digo, às ocultas. Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros".

"A descoberta assombrou o Diabo.  Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas".

"Voou de novo ao céu, trêmulo de raiva, ansioso de conhecer a causa secreta de tão singular fenômeno. Deus ouviu-o com infinita complacência; não o interrompeu, não o repreendeu, não triunfou, sequer, daquela agonia satânica. Pôs os olhos nele, e disse-lhe:"

— Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.

 Machado de forma cômica fala sobre a ambiguidade do ser humano, de como a religião ao mesmo tempo em que vende a salvação também faz vista grossa para as práticas proibitivas.

Dicionário:

* venalidade: qualidade do que pode ser vendido. natureza ou qualidade do funcionário público que exige ou aceita vantagens pecuniárias indevidas no exercício de seu cargo

*turbas: multidão

*pecuniárias - relativas a dinheiro. pagamento de vantagens recebidas ou favorecimento delas.

*Lúculo - político e general da República Romana

Para ler esse conto na íntegra ou mais obras de Machado de Assis acesse o link do Domínio Público   à disposição do leitor.

domingo, janeiro 31, 2021

OUSE SONHAR

“É que às vezes o melhor a se fazer é esperar as coisas ficarem claras”, uma das frases do filme que eu assisti durante o isolamento: O Segredo: Ouse Sonhar! e nasceu essa reflexão. 



Imagem: Pixabay / gratuita.

Em março fará um ano que a pandemia do Covid-19 se alastrou pelo mundo e tudo mudou para sempre em nossas vidas: os costumes, hábitos e principalmente o medo do desconhecido.


Também fará um ano que eu estou sem trabalho, o meu setor é um dos mais afetados, devido às aglomerações não serem viáveis.
Por isso, o auxílio emergencial é muito importante, principalmente para aqueles que trabalham na informalidade ou impedidos de exercer o trabalho em determinados setores que estão vetados devido à isso.

Quanto ao isolamento social não foi tão difícil para mim. Embora sinto falta da prosa olho no olho, de ir nos shows, de abraçar e estar perto das pessoas que amo, porém, todos moram longe, mas reservo um tempo para falar com eles sempre, diariamente.

Eu estou habituada com minha rotina caseira, trabalhar em horários alternados, faço alongamento, meditação, ouço muita música, leio livros quase que diariamente, aprendi até fazer bolinho de arroz, bolo de gengibre (delicioso), se interessar por plantas e cuido do meu jardim como me ensinou, Voltaire, mas nem por isso deixo de lado, a vaidade.


Para a autoestima faz um bem danado, enquanto preparo meu café, e claro, logo ligo o computador para ouvir minha lista que varia de Pink Floyd, Led Zeppelin, Roger Waters, Robert Plant, Bob Dylan, Zé Ramalho, Almir Sater, Raul Seixas, Humberto Gessinger, Bob Darin, Belchior, George Harrison, Jethro Tull, dentre outros, assim como música celta, os gêneros instrumental, gêneros Folk, Folk Rock, Rock, Bluegrass, MPB ou clássica.


Como sempre Nietzsche tem razão: A arte existe para que a realidade não nos destrua, se não fosse as artes, se não fosse a música, os livros, os filmes, os sonhos, eu já teria entrado em colapso com tudo que ando vivendo de anos para cá. Eu vivo na expectativa desse pesadelo terminar e com ela aumenta a ansiedade, enxaqueca, rinite alérgica de ordem emocional.

“Eu acho que passei tanto tempo aflita que eu me esqueci como ser feliz de verdade”.


Como não ficar? aflita, indecisa, insegura, estressada, ansiosa, se diariamente aparece um novo “monstro” para amedrontar nossa segurança emocional, financeira, física, mental e disseminar a incerteza, temor. Não está sendo fácil para ninguém essa fase da vida, um período conturbado e de muitas incertezas, medos, aflições. Uma sociedade sendo desmantelada e cada mais selvagem e inóspita. Se está confortável nele algo de errado tem.

“O que você prefere: 200 amigas virtuais ou cinco reais?” - Pergunta o personagem para a adolescente preterida. Eu sempre preferi as cinco reais, construídas ao longo do tempo, desde adolescência e perdura até hoje. Com elas, eu posso ser eu mesma, sem medo de falsidade. Como diz a frase alusiva ao livro "Por Quem os Sinos Dobram" de Ernest Hemingway: Quem estará nas trincheiras ao teu lado? ‐ E isso importa? ‐ Mais do que a própria guerra (...)

Não há como ficar leve numa sociedade de valores invertidos, gente odienta, frustrada e infeliz. Uns levam a sério e são responsáveis consigo e com os outros, outros não. Me solidarizo com quem perdeu seus entes queridos, amigos ou simplesmente desconhecidos. A vida é preciosa demais para ser desperdiçada, negligenciada assim.

A gente vive uma só vez na vida, mesmo assim vivemos como se nunca fôssemos morrer, ao invés de cultivar sentimentos bons e assertivos como empatia, solidariedade, amor, bom-senso, educação, justiça e imparcialidade, mas há quem prefere os destrustrutivos como os sentimentos mesquinhos, vis, egoístas, zombeteiros e gananciosos. Como se faltasse capacidade cognitiva ou preguiça para entender a dinâmica do sistema que cedo ou tarde, irá atingi-lo também.


Imagem: Pixabay - licença gratuita. 








O que a gente sonha?


A gente sonha com dignidade, oportunidades, segurança, respeito, conhecimento, lazer, um futuro sem medo, sem desprezo e sem exclusão, em uma sociedade com pessoas mais humanizadas, civilizadas e que sejam exemplos para que se evolua para melhor.

Que se importa com os outros, só quem tem respeito por si mesmo terá pelos outros também. Não se cura uma dor existencial abrindo outras para compensar nossas frustrações, privações ou mágoas. Que a vacina chegue logo, que ela possa salvar, prevenir e poupar vidas, que possa devolver a esperança e os nossos sonhos de dias melhores, pessoas melhores e um futuro mais promissor.

A vida como ensinou Guimarães Rosa, quer da gente coragem, onde vamos encontrá-la, eu não saberei opinar, porque nem mesma eu sei onde vou chegar, mas vamos viver um dia por vez. Coragem então, para vencer nossos medos, coragem para vencer nossos obstáculos, libertar dos monstros e se cercar de gente do bem, assertivas e com empatia, mas sobretudo coragem para fazer o que é certo, justo e bom para todos!

Estamos só de passagem!

"Eu não quero que a vida seja fácil, eu quero que ela valha a pena” (...)

Para você, para os outros e para mim!


Imagem: Reprodução internet 







Para assistir  👇

https://youtu.be/GdBvIdg8uO0

Obs.: As frases entre aspas são do filme “O Segredo: Ouse Sonhar”! romance adaptado do best seller de autoajuda de Rhonda Bryne, "O Segredo", transformado em um drama familiar de superação.

Imagens: Pixabay/ licença gratuita para uso. 

sexta-feira, janeiro 22, 2021

Mundo dos Possíveis

Querer não é poder! 

De anos para cá, me tornei uma pessoa dada ao ceticismo, não pessimista, porém, mais realista e menos otimista.

Imagem de kinkate por Pixabay 


Até pela mudança brusca de comportamento social, pois,  “são tempos difíceis para os sonhadores” (Amélie Poulain). Vejo muitos dizeres por aí e mensagens que recebo: “Pense e receba”, “Querer é poder”, “Deseje e será seu”, “Durma e sonhe com seu objetivo, ele virá”, eu até trollei uma amiga e enviei de volta; ok, “Desejo casar-me com Roger Waters”, risos!

Já que basta pensar, dormir e desejar! Como pó de pirlimpimpim que num passe de mágica, o desejo se materializará. ¯\_(ツ)_/¯

 
 Imagem de GraphicMama-team por Pixabay

A partir de certas crenças de otimismo exagerado ou simplismo, a falsa ilusão de que se  "você não se deu bem, porque não desejou, não mereceu ou não se esforçou o suficiente". 

E para aqueles que alcançaram suas "dádivas" ou estão confortáveis em seus lares, relacionamentos e estabilidade financeira é mais fácil crer nessa  surrealidade, porque eles creem que são os "privilegiados" divinos como prega o calvinismo, por exemplo.

Mas experimente dizer isso para quem está com a vida de cabeça para baixo, revirada do avesso, vulnerável. Não quero dizer que não se deve ser otimista, sonhar alto, etc. e tal, como aquariana, elemento ar, vivo com a mente aqui e acolá, cheia de ideias e sonhos, mas sem apegos e pés no chão, o que vier é lucro, porém, passar a ideia aos que estão em dificuldades extremas, insegurança alimentar, rompimento de relações, desemprego, luto, pressões familiares, doenças ou contaminado pela Covid-19 lutando com a vida é inimaginável. De um egoísmo sem fim, desrespeitoso e falta de empatia. Em "Cândido",  uma das obras mais conhecidas do filósofo Voltaire, da qual li faz tempo lembra essa ambiguidade.




 De acordo com apresentação de  Nélson Jahr Garcia no prefácio do livro:
"Cândido" é uma das obras mais conhecidas de Voltaire. O texto contrapõe ingenuidade e esperteza, desprendimento e ganância, caridade e egoísmo, delicadeza e violência, amor e ódio. Tudo isso mesclado com discussões filosóficas sobre causas e efeitos, razão suficiente, ética. Como sempre Voltaire expõe suas concepções com fina ironia, sem abandonar o sarcasmo de quando em vez. O romance, em todos e cada um dos seus parágrafos, caracteriza-se como uma sátira às ideias de Leibniz.

 Leibniz afirmara, pelo menos assim entendeu Voltaire, 
que o mundo é o melhor possível, que Deus não poderia ter construído outro e que tudo corria às mil maravilhas. 
Voltaire não podia partilhar dessa mesma visão otimista, suas ideias tinham resultado em prisões e perseguições a tal ponto que, por volta de 1753, já não podia fixar-se, sem risco, em lugar algum da Europa.

Cândido foi expulso de onde morava, foi preso e torturado, 
perdeu sua amada, seus melhores amigos; em todos os casos com requintes de crueldade. Mas a cada um desses fatos, meditava sobre como explicar o melhor dos mundos possíveissempre com deboche mais ou menos sutil.

Ao contrário do otimismo de Leibniz  e sua bolha, Voltaire, via seu mundo desmoronar e de pernas para o ar, suas ideias, contrapontos e questionamentos o levaram à prisão e uma vida quase 
toda no exílio, na Inglaterra e depois na Suíça, destituído dos seus bens, mas mesmo assim [ele não parou de escrever, com seu ironia e deboches afiados, no fim se renderam à sua genialidade, por sua resistência e persistência.  Celine Dion trouxe a resposta em 2016 quando declarou:


“Eu não posso simplesmente viver pensando
'perdi meu marido, meus filhos não têm pai'.
Eu tenho que permanecer de cabeça erguida e
forte porque esta é a minha maneira de viver:
Fique de pé, seja positivo, escolha suas batalhas,
faça o melhor que puder e viva para hoje,
não para amanhã, e saiba que nada é perfeito,
nem tudo o que você quer, vai acontecer”.


Portanto, concluo que "querer não é poder", depende do ambiente externo, pessoas, fatos, oportunidades entre outros fatores. Assim como há coisas que não foram feitas para nós por mais que a desejamos ("Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes", Johann Goethe, tem razão), como também há pessoas que vivem momentos delicados, passam por dores e privações inomináveis, minimizar seus sentimentos, ao criar falsas expectativas, talvez não seja o melhor caminho, mesmo que carregado de boas intenções, às vezes.

"Tudo isso está muito bem dito", respondeu Cândido, mas "devemos cultivar nosso jardim". Embora não seja o "melhor dos mundos possíveis", divididos entre o otimismo e o pessimismo, mas é o único mundo possível de se viver, então, vamos seguir em frente, mas sem deixar de olhar para os lados e para trás! Sempre aparando arestas, burlando o tempo, construindo pontes e derrubando muros, se equilibrando aqui e acolá!

quinta-feira, dezembro 31, 2020

NO PRÓXIMO ANO




Quando um ano termina
outro começa
na verdade
 estamos mais velhos, 
alguns mais experientes, 
outros mais exigentes, 
mais pacientes e outros  
não absorveram nada 
do 
que viveram. 


O tempo  passando rápido
demais 
não nos damos conta 
dessa realidade, 
achamos que 
viveremos para sempre, 
mas, não. 

Geralmente, 
quando pensamos no ‘novo ano’ 
desejamos que ele seja 
melhor que 
os já vividos e prometemos 
fazer algumas 
das coisas que 
sempre 
almejamos, 

mas, não conseguimos 
encontrar tempo ou porque 
a vida 
se tornou exigente demais, 
muitas vezes, 
em nossa ânsia em acompanhar 
a evolução e competir por 
um espaço, deixamos de lado, 
as coisas
que deveriam nos 
importar. 



Não se muda o mundo, 
somos nós que devemos
entender a dinâmica 
do tempo, da vida e o 
quanto é volátil 
nossa 
estadia na terra. 


Brigamos por 
coisas pequenas, odiamos 
outros
e julgamos que somos
nós,
os privilegiados divinos, 
quando
na verdade, num coração 
onde 
mora o divino, não há 
espaço 
para a soberba, orgulho, 
vaidade, a ganância e
 o ódio.

Ser bons, leais e justos
não
para agradar aos outros, mas 
para 
honrar a nós mesmos


Muitas vezes, por mais que 
esforçamos ou desejamos, 
porém 
não temos controle sobre
 o futuro e nem sobre 
as pessoas, 

o passado já 
aconteceu e o presente 
é o agora. 

Então, como não 
temos uma máquina nem 
do futuro (para saber o 
resultado de nossas ações) 
e nem para retornar 
ao passado (em desfazer 
os equívocos, erros) 
só podemos 
assumir um compromisso 
de reflexão. 

Ás vezes, 
nem precisa ser um 
novo caminho, mas um jeito
diferente de caminhar. 

Vez ou outra,
vamos nos dar o direito 
de bagunçar, desarrumar e
se reinventar. 

Nunca, mas nunca se
 esqueça 
da nossa criança interior
é o alimento para continuar 
a ter esperança e acreditar 
em nossos sonhos. 
 

Busque ler mais, 
não abra mão 
do 
lazer e se aproxime 
de
pessoas
assertivas e que nos
empurram
para o alto, 

é essencial se
inspirar em atitudes
 sadias, 
exemplos dignos,
não 
em palavras
envernizadas, 
porque virtudes
 já diziam os filósofos 
da antiga Grécia
elas são 
adquiridas, 

não tenham dúvida,
 todos nós 
somos capazes de nos 
humanizar 
ainda mais e focar em
nossas qualidades, 
em somar para
 à sociedade 
se agirmos 
com 
justiça, bondade e 
imparcialialidade

Infelizmente, 
as pessoas mais sensíveis 
e que já atingiram um nível 
maior
de entendimento coletivo 
tendem a absorver para si 
o sofrimento e dor da 
humanidade, e se 
entristecem 
com razão, 

o mundo fica acinzentado
mas, fiquem 
atentos aos sinais e não 
desistam, 

nem de si mesmos
e nem dos outros, e muito 
menos dos sonhos

Procure por um trabalho
uma ocupação onde suas 
habilidades farão de você 
a pessoa que você quer 
ser lembrada pelo resto 
de sua vida, não para 
impressionar 
apenas. 

Mesmo que seja difícil, 
passar por cima 
das 
injustiças, mágoas e
desapontamentos, 
deslealdades e atitudes 
mesquinhas

seja orgulhoso 
nisso e não se iguale a eles 
nas desumanidades

o perdão é para isto, não dar mais 
poder sobre os nossos 
sentimentos
e o valor que temos 
sobre
 nós mesmos. 

Afinal, um corpo físico 
necessita de mente e 
espírito sadios. 
Não se descuide disso.

 

Enquanto seus desejos não 
acontecem,
tenha
muitos discos, livros, sonhos
eles ajudam a preencher 
o vazio existencial 
assim 
como os amigos, 
mas confie em poucos, 
é certo o ditado 
“quem é amigo de todo o mundo
 não é amigo de ninguém”, 

alguns só visam interesses 
e favores para atingir 
seus objetivos, 
nem todos são leais. 

Faça uma revisão de 
quem 
esteve ao seu lado, 
e
 conheceu 
o nosso pior, e 
mesmo assim, nos 
abençoou 
com sua fé, e estendeu 
a mão. 
A estes sejam  gratos.


Saiba separar o que seria 
considerado 
amigos e conhecidos
Uma amizade verdadeira não se 
corrompe com
conflitos, atritos 
e brigas, pode até abalar, 
mas 
sabemos que os laços são 
mais
 fortes que embates. 


Dê uma olhada
naqueles também, 
seja por
sangue ou considerados 
como
 membros da família e, 
se 
são pessoas que somam e 
se regozijam com o nosso 
sucesso, se entristece 
com 
nossas perdas e fracassos
e respeitam nossa forma 
de ser, 

caso contrário, 
coloque-os à distância.

A vida é cheia de oportunidades,
 curvas e atalhos, antes 
de 
qualquer atitude, olhar para nossa 
consciência e os valores que
 nos foram herdados, e 
se fosse conosco, 
como gostaríamos
 de ser tratados?.

Não podemos apagar a 
nossa história, 
o passado serve 
para aparar as arestas, 
em alguns casos
 como eliminar possíveis diferenças 
e
 problemas com objetivos e pessoas,
 pois, daqui pra frente, as nossas 
ações vão definir quem somos
 e não dá mais para 
simplesmente passar 
o tempo. 
Devemos evoluir. 

Perdoa o que pode ser perdoado
 e vamos esquecer o que não 
tem solução. 

E, agradecer aos momentos
 bons, felizes e oportunidades, 
por algumas pessoas vale a 
pena perdoar, amar e ser leal 
até o fim.

Imagem relacionada

Eu desejo a vocês, um 
Feliz Ano Bom!
Que a chama da fé, esperança 
e amor 
continuem de 
mão em mão. 
 
Crédito das imagens: 
pixabay, exceto a da 
criança interior.