sábado, janeiro 25, 2014

10 discos para entender os caminhos do folk rock


Uma relação de clássicos do folk rock listada por especialistas no assunto, só de feras, entre eles Bob Dylan, Led Zeppelin e  Almir Sater!

          Imagem: Thadeu Varoni

Muitos falam, poucos ouviram e alguns entendem. O pessoal do All Folks Fest  lista clássicos do folk rock numa matéria especial para o Showlivre!   

Vale a pena conferir: 

"A pergunta vez ou outra vem à tona: por que cargas d’água 
o folk encontraria espaço (e expressão) em locais como uma 
grande metrópole? Qual o sentido de se cantar narrativas que surgiram para dar voz a um povo se muitas daquelas queixas aparentemente foram resolvidas? 

Porque o tempo se encarrega de agregar novos sentidos a sonoridades 
do que não queremos abrir mão. 
É por isso que pareceu tão natural e lógico a nós, do All Folks Fest, 
investirmos em um festival que desse abertura a quem ainda 
acredita no folk e desconsidera rótulos como “saudosismo” ou “modinha”.
Para exemplificar como o folk chegou aos anos atuais cheio de admiradores, convidamos o Pedro Gama e o Rafael Elfemembros da banda The Outside Dogpara listar 10 discos que ilustram bem o caminho do folk rock.                                           
Esperamos que gostem e temos um encontro marcado no dia 29 de junho, no Centro Cultural Rio Verde, na 5ª edição do All Folks Fest.

1) Mississippi John Hurt - Avalon Blues (1963)



O “finger picking” jamais seria o que é se não surgisse, oriundo dos campos de algodão, um sujeito chamado John Smith Hurt
Naturalmente poderíamos classificá-lo como um bluesman (sim, não deixa de ser), mas elevou o campo com sua mistura country-folk-blues. 
De raízes estadunidenses, ganhou a vida trabalhando nos campos das regiões do Mississippi, de quem recebeu, além das imagens 
de suas canções, o nome que carregou e transformou num estilo, 
inconfundível e ancestral. 
O folk de hoje em dia não seria o mesmo sem esse baixo alternado, trançado nessas melodias cantadas pelo violão que seguem a linha melódica da voz.

2) Bob Dylan - Bringing It All Back Home (1965)


O primeiro álbum de folk rock da história! 
O cancioneiro solitário dá lugar a um ícone rebelde, e um tanto arrogante, dos anos 60. 
Substituindo seu violão por guitarra, distorção e uma banda de apoio,
Dylan manteve as letras ácidas e politizadas que com justiça deram a ele o título do grande letrista norte-americano do século XX.
Esse álbum rompeu as barreiras da música folk tradicional, irritando uns 
como Pete Seeger, que quis acertar a aparelhagem do palco (ou mesmo o próprio Dylan!) com um machado no famoso Newport Folk Festival de 1965; ou influenciando outros, como Tom Petty e Neil Young, em tudo que viriam a fazer no futuro. “Bringing It All Back Home” é o responsável pelas guitarras estarem presentes no universo folk.

3) Bert Jansch - Bert Jansch (1965)



Além de ter sido membro de uma banda pra lá de interessante, o Pentangle - que contava com outro folker respeitado,
John Renbourn - , Herbert Jansch (1943/2011)nos deixou no ano retrasado,
por conta de um câncer.
O feito do senhor Herbert foi conseguir condensar os dedilhados vindos do blues com a música folk tradicional, e rompê-los, com canções que acabaram virando provas de fogo para os que se aventuram nas seis linhas de aço.
É conhecido como um dos músicos mais influentes de todos os tempos.
Nomes como Neil Young, Nick Drake, Johnny Marr e Jimmy Page,
beberam de suas imagens.
O disco foi gravado com um violão emprestado.
Além disso, pra ir a Londres, onde gravaria o disco, utilizou-se de uma forma bem conhecida pelos amantes das estradas, a carona.
E todas essas imagens estão costuradas nas suas melodias que
conseguem viajar e traçar um caminho definitivo entre o folk,
o blues e o jazz. Inovador e genial, é um artista indispensável
pra quem quer conhecer o que seria o “violão folk”. Depois desse disco,
tocar violão ficou bem mais complicado.

4) Led Zeppelin - Led Zeppelin III (1970)



O terceiro álbum do quarteto britânico veio como um contraponto 
ao “Led Zeppelin II” que fora um disco essencialmente elétrico e pautado pelo blues rock tão característico da banda. 
Vilões, bandolins, uma atmosfera folk  e pitadas de música celta
 levaram o guitarrista Jimmy Page a buscar afinações menos tradicionais 
para compor essa nova sonoridade. 
Mudança que certamente permitiu que artistas como Mumford & Sons arriscassem e também criassem muitas de suas mais famosas canções 
nesses moldes.

5) James Taylor - Sweet Baby James (1970)



O mundo folk dá voltas!
James, em seu segundo disco, morava no sofá da casa do guitarrista ou num canto na casa do produtor do “Sweet Baby James”.
O álbum foi gravado com orçamento baixo e seguiu o clichê de que
tudo que é bom excede às expectativas, inclusive as monetárias.
E logo, James Vernon Taylor foi agraciado pelo sucesso estrondoso
da faixa ”Fire and Rain”.
O disco fez tanto sucesso que é de James o termo “sweet beat folk”, referente a uma batida folk suave, e assim elevando o status da música folk.
O álbum traduziu a personalidade introspectiva e branda do cantor.
Suas letras, mergulhadas numa simplicidade bem dura, estão sempre falando de problemas profundos e subjetivos. Aliadas ao seu jeito delicado de interpretá-las, definiu um estilo, até hoje inconfundível.


6) Nick Drake - Pink Moon (1972)



O jovem Nick Drake ficaria feliz pelo trabalho que deixou
pro mundo.
Sem muito sucesso após seus discos anteriores, uma certa insatisfação baixou e fez com que Nick, cada vez mais recluso e triste, voltasse de Londres para, novamente, morar na casa dos pais.
Ele realmente acreditava que faria sucesso com seus discos anteriores.
Sim, qualquer um acreditaria, pois os discos dele ultrapassam o tempo
em que foram registrados.
Em vida, Nick se perguntava a razão de não ser compreendido.
Hoje sabemos. Nicholas Roadney Drake é um daqueles anjos que passam
brevemente por este mundo anunciando que nem tudo está definitivamente perdido.
Pobre Nick, deveria saber que influenciou e continua influenciando quem
almeja despejar a alma em canções de melodia simples e letras outonais;
além da invejável forma de tocar e das inúmeras afinações abertas que fazem de suas canções mistérios maravilhosos pros que tentam executá-las.
Mistério também foi a atmosfera em que o álbum foi gravado.
Pink Moon, seu último registro em vida, foi gravado sem conhecimento
da gravadora.
Reza a lenda que Nick entrou nos estúdios, acompanhado apenas do técnico de som, gravou todas as canções e voltou apenas na enluarada e triste “Pink Moon” para registrar um piano mórbido no refrão.
Nada além de gravações secas - voz e violão. Ou, como ele mesmo definiu, “sem enfeites”.
O disco foi gravado e deixado num envelope em cima da mesa da secretária da gravadora, e semanas depois foi enviado para o produtor.
Aquele envelope tinha o registro que entraria de corpo e espírito para
a história da música.

7) Almir Sater - Estradeiro (1981)



Almir Eduardo Melke Sater, músico sul-mato-grossense e um dos únicos artistas brasileiros a cantar em Nashville, merecia nossa condecoração.
Não só pela sua história junto ao resgate da cultura regional, mas por ser um
belo expoente do folk produzido em terras nacionais.
Conseguiu unir o que o folk tem de mais honesto: a cultura raiz de um povo,
com o universo pop, melodias e letras.
Tendo trafegado, com a velha chalana, pela música paraguaia, o blues, o country,
a música sertaneja de raiz e a pantaneira, Almir trouxe todas essas cores na rapidez
com que faz da mão esquerda dele um aliado fundamental para a viola caipira,
elevando o instrumento, que voa muito além dos ranchos fundos brasileiros.
Seu mestre, Tião Carreiro, deixou em boas mãos o futuro da viola de 10 cordas.
Almir surgiu acompanhando a amiga e cantora Tetê Espíndola, juntos a outros grandes compositores da região que fizeram parte da Geração Prata da Casa,
no Mato Grosso do Sul.
Compondo com Paulo Simões, Renato Teixeira, deixou grandes hinos da
música sertaneja nacional.
Dando uma pitada rock and roll à viola, Almir se diz roqueiro em primeiro lugar,
antes do chavão sertanejo.
O álbum de estreia, “Estradeiro”, define o estilo  
de Almir e diz certeiramente a que veio.
O músico continua excursionando pelo país, em praças, teatros, revelando
o que o interior do mundo tem de melhor, o regionalismo universal!

8) Bruce Springsteen - Nebraska (1982)



Depois de lançar em 1980 “The River”, um álbum multipremiado,
superproduzido, fundamentalmente elétrico com guitarras, teclados e metais e que o levou ao reconhecimento do grande público, nada mais natural esperar que o Boss daria sequência a esta linha no próximo trabalho.
A grande surpresa foi que “Nebraska” apareceu como um álbum acústico, mostrando um Springsteen solitário com sua voz e violão.
O mais surpreendente foi que todo o álbum era uma demo
gravada numa fita cassete em sua casa, e a crueza e a emoção
ali impostas impressionaram os produtores, que decidiram lançar
aquelas gravações da maneira como estavam.
Hoje, artistas como Tallest Man On Earth e The Felice Brothers fazem
processos semelhantes, encantando o público com a simplicidade e a naturalidade de seus registros.


9) Neil Young - Harvest Moon (1992)



Em “Harvest Moon”, Neil convida a todos para uma dança sob a
luz intensa de um luar apaixonado.
Quer coisa mais caipira? O luar do sertão poderia ter sido palco
para Neil e sua clássica valsa folk, a homônima “Harvest Moon”,
com direito a uma rítmica feita pelo som de uma vassoura
passeando pelo chão.
O disco vem como uma segunda leva do álbum de 1972, o “Harvest”.
Mas essa segunda leva acabou tornando-se o mais bem sucedido álbum
desde “Rust Never Sleeps”, de 1979.
O country-folk invade o mundo! Neil Percival Young, o pai do grunge,
como também é conhecido, fez parte de grupos como Crosby, Stills, Nash & Young e do Buffalo Springfield, além de andar solto pelos campos
com o eletrizante Crazy Horse.
Fã de Chuck Berry, Young também tinha influências do “homem de preto” - não, não estamos falando do Will Smith, estamos falando de Johnny Cash.
Essa parece ter sido a grande combustão no peito desse canadense,
que até hoje aquece nossos corações folkers.


10) The Tallest Man on Earth - Wild Hunt (2010)



O baixinho mais alto do mundo, apesar de pouco tempo de estrada,
já surgiu deixando uma grande marca para o mundo da música folk.
O disco “Wild Hunt”, o segundo registro solo, define o que seria a voz
e o timbre do sueco Kristian Matsson.Revigorante, surge fortalecendo e
trazendo novamente em voga o estilo “finger picking”, de grandes nomes como Mississippi J. Hurt, Jackson C. Frank e Dave Graham.
Kristian grava e produz os próprios discos em casa, e quase sempre registra juntos, num mesmo take, voz e violão.
Com melodias densas e um tom dylanesco, o bardo deixa clássicos como “King of Spain” e "You're Going Back".
Sua força em executar as canções o levou a tocar em grandes festivais,
desmoronando a ideia de que um sujeito, munido apenas de
um violão, não pode subir em palcos maiores sem o amparo de uma banda.
The Tallest Man on Earth, como Kristian gosta de se apresentar, veio para trazer de volta uma potência por muitos esquecida quando pensamos
em canções intimistas.
Com certeza, aprimorou ainda mais a arte nas seis linhas de aço...
depois dele muita coisa deixou de estar segura.
O sujeito trouxe de volta os dedilhados e as afinações abertas.
Já merece um lugar ao sol.

Sobre o All Folks Fest
O All Folks Fest nasceu em novembro de 2011 com um único pretexto: celebrar as boas bandas que tivessem o folk como ponto
de partida para uma sonoridade que se desdobra em emoção.
Quem foi nas edições anteriores, realizadas no Centro Cultural Rio Verde
e no Sesc Araraquara, se admirou com o talento e o profissionalismo das bandas L’Avventura, Theo, Lestics, The Outside Dog, Phillip Nutt, Caio Corsalette & Dollar Furado,Johnny Fox, Phillip Long, Rafael Elfe, Gilmore Lucassen, Pedro Pastoriz, Monoclub, O Bardo &o Banjo, Leprechaun e
Mustache e os Apaches.
Organizadores:  
Amanda Mont'Alvão, Pedro Gama e Rafael Elfe.




Conheça o festival http://allfolksfest.tumblr.com
Redes Sociais:
http://www.facebook.com/AllFolksFest
www.twitter.com/allfolksfest 
Fale com a gente! allfolksfest@gmail.com
por Marcelo Shida
Fonte: showlivre.com

quinta-feira, janeiro 23, 2014

Culturalização de Negócios - Como agregar valor à marca

Há um conceito no mercado pouco explorado ainda, mas muito usado no exterior, chamado de “culturalização de negócios” (valor agregado a partir de elementos intangíveis e culturais), uma estratégia de Marketing da economia criativa, através da “incorporação de elementos culturais e criativos ao negócio”. 


"Culturalizar segundo dicionário 'Forjar novos processos culturais'. É pouco explorado ainda, mas bem difundido entre países europeus e visionários empreendedores. É criar um sincronismo e somas".

 

Crédito: Rawpixel

Hoje produtos, bens tangíveis e serviços se assemelham entre si,  então, como os  diferenciar? Através dos bens intangíveis, associar a marca aos eventos culturais.

Acredito, que quanto mais autêntica seja a estratégia usada, mais chances de atingir os resultados no processo final. Dar oportunidade para os novos valores também. Apesar da mídia nos bombardear com suas escolhas, mas falta emoção, originalidade. Esse novo tipo de estratégia tem um apelo mais humanista, eu diria até, sem dúvida, uma forma de inovar nos produtos e serviços, envolve a população como parte do processo, com intuito de sensibilizar suas escolhas. 

Ao investir nesse diferencial, além de alavancar a economia, as indústrias do turismo,  artesanato serão bastante beneficiadas, pois, contribuirão para ampliar o mercado, e une diferentes segmentos.

Segundo o Blog AFINAL O QUE É ECONOMIA CRIATIVA? são 13 os setores da economia criativa em diferentes àreas: arquitetura, publicidade, design, artes e antiguidades, artesanato, moda, cinema e vídeo, televisão, editoração e publicações, artes cênicas, rádio, softwares de lazer e a música.

A música, por exemplo, é um chamariz independente de raça, credo, cor, dogma, política partidária, ela une pessoas. Das 7 artes é considerada a mais humana, porque ela penetra no coração, comove até as almas mais blindadas.

Segundo Daniel Pasqualucci É importante dizer que, por focar em criatividade, imaginação e inovação como sua principal característica, a economia criativa não se restringe apenas a produtos, serviços ou tecnologias. Ela engloba também processos, modelos de negócios, modelos de gestão, entre outros.


   Crédito: Pixabay/free.

Uma empresa agrega mais à sua marca e valor, quando ousa “apostar no futuro”, sem deixar a tradição do lado, mas unir às duas vertentes numa só. Para ter esse “feeling” é preciso que o inovador, esteja atento a dinâmica do mercado. 

Sensibilidade para ver, questionar e ouvir por meio de feedbacks (reforço “positivo quanto negativo”) entender das expectativas e das necessidades que precisam ser avaliadas e atingidas.

Assim como Peter Drucker definiu “encontrar essas oportunidades e transformá-las em soluções exige uma grande disciplina”, eu acrescentaria, energia, determinação e sobretudo, acreditar por inteiro no que se propõe, muitas vezes, os resultados são a longo prazo. Para alguns especialistas, a curto prazo, no mínimo de um ano. 

Ou seja, o marketing e suas estratégias são ferramentas usadas para novas oportunidades e não para fazer milagres. Requer além da criatividade, ousadia, dedicação, comprometimento e persistência, sobretudo, conhecer o produto da qual está disposto a trabalhar, além da remuneração.

Finalizando com o guru da administração moderna, Peter Drucker:
“Para ser eficaz, uma inovação deve ser simples e centralizada. O maior elogio que uma inovação pode receber seria alguém dizer: 'Isto é óbvio!' Por que motivo não pensei nisso antes? 

Além de fidelizar a marca, agregar valor e manter-se em evidência, não esquecer dos pós-vendas, muito importante, o feedback tem que ser via de mão dupla, não única, o consumidor, cliente merece atenção e retorno sempre até para medir os parâmetros da audiência, um diferencial nas redes sociais!