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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

GENTILEZA OU RUDEZA – A ESCOLHA É NOSSA

“Até que ponto você vai na vida depende de você ser gentil como jovem, compassivo com o idoso, misericordioso com o esforçado e tolerante com o fraco e o forte. Porque algum dia na vida você terá sido todos eles.” George Washington Carver - botânico, inventor, cientista e agrônomo norte-americano.

Imagem: Giusseppe Domínguez, poeta.

Reza a lenda que pessoas machucadas ferem outras, há fundamento, porque por trás de uma pessoa raivosa ou arrogante, há alguém que quer externar ao mundo suas dores, angústias, frustrações e amarguras passadas. Mas não podemos transferir aos outros, as nossas tristezas e desapontamentos, mazelas como uma metralhadora giratória. Só vamos acumular mais dores e desconcertos. Muitas vezes ferir também as pessoas erradas. 


No filme ParaNorman – há uma frase assim: “Passou tanto tempo lembrando-se das pessoas más, que se esqueceu de lembrar-se das boas”.

 
Nós focamos tanto nas experiências amargas, pessoas que nos feriram, sabotaram ou foram indiferentes que, não lembramos mais quem nos alegrara, nos deram oportunidades e fizeram a diferença em nossa vida, em algum momento. Devemos ser mais gentis conosco, porque só assim seremos mais assertivos com os outros. 


Os outros também têm o direito de suas escolhas em não compartilhar de nossos sonhos, sentimentos ou ideais, o que não quer dizer, que por isso somos menos respeitados, mas talvez as afinidades, propósitos não sejam compatíveis com os nossos. Nem sempre tomamos o caminho certo e escolhemos as pessoas certas que nos faz felizes, mas certamente naquela ou em outra ocasião era a escolha mais viável. 

A internet tem sido palco de ações nada saudáveis, algumas pessoas sempre com uma pedra na mão, julgando, criticando, condenando, desdenhando e polarizando. Quando elas não atingem o objetivo, se fazem de vítimas da situação. Elas não expõe opiniões, mas provocações, falas capciosas.  


Não podemos fazer dos outros, o depósito para despejar nosso 
lixo emocional, perdas ou fracassos. Certamente elas também em algum momento tiveram experiências parecidas com as nossas, no entanto, elas buscam um comportamento mais adequado e menos antissocial. Se assim não fosse, só restariam dois lugares para os agressivos: a prisão ou o hospício. 

Para isto, que existem as regras sociais, a tal da polidez.  Schopenhauer afirmou que, a “Polidez é inteligência; consequentemente, impolidez é parvoíce. Criar inimigos por impolidez, de maneira desnecessária e caprichosa, é tão demente quanto pegar fogo na própria casa”. 


As más experiências ou frustrações que vivenciamos não farão as nossas atitudes e vida melhores agora, ou apagar as cicatrizes, marcas ou perdas com relações destrutivas, frustradas ou voláteis. Podemos optar por alimentar essas mágoas e ressentimentos ou continuar vivendo e crescendo com as experiências.

O que fazer então? 
"O que não nos mata, só nos fortalece." Nietzche
 
Criar um novo padrão mental. Ocupar o nosso tempo para adquirir sabedoria, superação, resiliência, cobrar ou nos culpar menos, perdoar-nos mais. Buscar por atitudes mais positivas, investindo pesado em nós, a começar pelo autorrespeito. 
 
Ao invés de ocupar nosso tempo em maldizer, proferir palavras ferinas, provocar atritos, fazer fofocas, intrigas e se alimentar de energia negativa, vamos buscar entendimento, ler, estudar, buscar ajuda e autocura com profissionais especializados, pesquisar mais, priorizar autocuidado.


Descobrir nossas reais habilidades, metas e sonhos.



 
Pode ser que o outro não nos amou como queríamos, mas nos amou de algum modo, aquele patrão ou chefe, não nos deu o devido valor, mas quem sabe não era o lugar que deveríamos estar, o amigo que parecia legal nos magoou, mas nós também machucamos, inconscientemente ou não, algumas vezes. 


Pode ser que aquela vizinha chata, birrenta, altiva seja apenas um disfarce de sua inabilidade de lidar com os outros ou apenas um mecanismo de defesa. Pde ser que sua família não o compreenda, porque falta diálogo entre vocês. Enfim...
 
O inferno nem sempre foram os outros.
 
 Às vezes lutamos, sabotamos, sofremos porque nunca nos perguntamos, se todas aquelas coisas de fato pertenciam a nós. São inúmeras as possibilidades para desbravar, alcançar a autorrealização, sem precisar se ferir sempre. 
 
Subam a montanha com Friedrich Nietzsche, pois, Aquilo que não me mata, só me fortalece” e desçam mais leves com a certeza de que, se agirmos com retidão, compaixão, justiça, bondade, empatia e amor não seremos tão amargurados e raivosos mais. E nos libertamos das amarras do passado, das experiências mal-vividas, dos enganos e até das mágoas. Aquele fato, pessoa ou coisa não mais comandará as nossas emoções.
 
Em certas horas, haverá dificuldade em ser gentis com tanta parvoíce e falta de bom senso de alguns, mas deixa que eu lhe diga, humanos têm rompantes, é isso que nos diferencia de outros seres, sentimentos. Afinal, "Toda ação humana, quer se torne positiva ou negativa, precisa depender de motivação", segundo um monge budista.


Mas seguiremos o caminho da gentileza, nem sempre "gentileza gera gentileza'" como dizia o profeta Gentileza, há aquelas cascas grossas, cheios de arrogância e quer que o mundo gire em torno de seu umbigo. 
 
O problema é deles, nós nos esforçaremos cada vez mais para agregar educação, polidez e civilidade. Afinal, não é isso que nos diferencia dos selvagens? 

 "Simhá dois caminhos que você pode seguir. Mas na longa estrada.  sempre tempo de mudar. o caminho que você segue." (Led Zeppelin).
 
Deixa a raiva para quem tem e não se curou de suas mazelas passadas, um adulto em evolução e emocionalmente preparado sabe que, precisa enfrentar as crises existenciais para seguir em frente, entretanto, sempre olhando para trás e para os lados, a vida não é para gente birrenta. Mas, para quem cresce com os erros, transforma os pontos fracos (defeitos) em pontos fortes (virtudes). 
 
Nem por isso, devemos ser permissivos ao ponto de servir de penico para alguém despejar os seus dejetos em nós, se uma pessoa mal-educada, grosseira e vulgar nos desrespeita, é nosso direito que, elas saiam de nossa presença, desconfortáveis, mas nunca ao contrário, para aprender o valor do respeito. Ser bom não é ser tolo.

E no fim, descobriremos que, não 
existem términos, mas recomeços, de outras maneiras até melhores!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Gentileza e Simplicidade


Gentileza e simplicidade




Há alguns meses, estava eu numa lanchonete quando vi, do outro lado de uma pesada porta de vidro, um casal se aproximando com bandejas nas mãos. Vendo a sua dificuldade em abrir a porta com as mãos ocupadas, e vendo que ninguém ali no recinto esboçara qualquer atitude, saí da mesa em que estava sentado confortavelmente e puxei a porta para que os dois passassem. Passaram. E eu fiquei esperando um agradecimento qualquer, por tímido que fosse. Mas que nada!… Tempos depois, na recepção de um hotel, abri a porta para uma senhora que carregava sua mala com certo sacrifício e, de novo, nem um mísero "obrigado" ouvi.

Não que eu tenha feito tais favores com a intenção de ser laureado, com condecoração em praça pública, chave da cidade, comenda, quermesse e festa no sambódromo, mas penso que é muito alentador ouvir agradecimentos quando se presta um favor a alguém. Instaura-se uma tal atmosfera de "amistosidade" que, ainda que por um momento, nos dá a esperança de viver num mundo mais gentil, menos bárbaro.

Conto essas histórias para ilustrar a minha percepção de que hoje as pessoas raramente agradecem, talvez porque entendam a gentileza apenas no contexto dos serviços. O porteiro que carrega a mala, a recepcionista que dá a informação, o taxista que abre a porta, a aeromoça que retira a mala do bagageiro… A gentileza é um serviço, não um gesto espontâneo e desinteressado, logo agradecer seria um detalhe, não uma obrigação.


Gosto de fazer favores, como gosto de agradecer. Dar a vez no trânsito hoje em dia é um gesto com mais poder transformador que qualquer manifestação na porta do Congresso ou passeata na Paulista. "Gentileza gera gentileza", disse o folclórico profeta contemporâneo. E gratidão é nobreza, costuma dizer um amigo, filósofo de padaria.


Zapeando a tevê dia desses, vi por acaso matéria sobre a São Paulo Fashion Week, disputado evento da moda brasileira, cujo emblema de alta-costura ganhou status de alta cultura nos dias que correm. Lá pelas tantas a repórter entrevistava personalidades para falarem da grande tendência do momento: a simplicidade. Diziam elas: "Superprodução é fake, o lance é se vestir com simplicidade"; "tem que ser básico, nada de figurinos superproduzidos"; "simplicidade é a palavra"… Bem, concluo então que as pessoas agora se produzirão para parecerem simples, o que vai de encontro à real idéia de simplicidade. No dicionário, entre muitos sentidos da palavra "simples", há: "que evita ornamentos dispensáveis ou afetação" e "desprovido de elementos acessórios", tudo o que a moda não pode ser.

Zeca Baleiro - Cantor e Compositor