Sidnei de Oliveira, Doutor em Música e Filosofia, músico, compositor, instrumentista e escritor fala sobre o seu mais recente livro, Requiem - Filosofia e Viola: O Arquétipo e a Transfiguração do Caipira, lançado em março deste ano em ebook e em 22 de Julho como livro físico pela loja virtual da editora UICLAP e na Amazon.
Foto: Uiclap |
Com ilustração acima de
Renato Ribeiro Pontello, o livro contém 160 páginas onde o tema é a cultura
caipira, cultura popular interligada com o pensamento filosófico, voltado para
um viés crítico e reflexivo.
Segundo o autor,
aborda a desconstrução de mitos criados e do pensamento ideológico em prol da
classe dominante e alienante, excluindo e privilegiando, de acordo com o conceito deles, quem seriam
os escolhidos a fazer parte dessa história, no entanto, é bem mais abrangente.
Não poderia ficar
alheia a essa novidade, trata-se de dois temas que sou apaixonada e “persigo”
sempre: “Música e Filosofia”, é claro que também vou adquirir esse livro. Tenho
em minha coleção o CD “Prólogo” - Viola De Dez Cordas, autografado inclusive,
em 2011.
Ao ser convidada para
conhecer o livro recente, procurei pela produção do artista e o mesmo
gentilmente respondeu algumas curiosidades sobre, a seguir:
Blog Loira Do Bem - Primeiramente, eu quero agradecer pela disponibilidade em atender meu
convite para falar um pouco mais sobre seu livro, da qual estou bem curiosa e
roendo as unhas para lê-lo em breve.
Você é um artista
multifacetado, músico, compositor, instrumentista. Doutorado em filosofia e
música, também escritor. Além desse livro, você já escreveu outros, confere?
Sidnei - Tenho outro livro publicado, resultado de minha pesquisa realizada em meu
mestrado na área da Filosofia, especificamente em da Filosofia da Música, onde
atuo com veemência.
O título deste
primeiro livro é O Beethoven de Wagner em O nascimento da tragédia de
Nietzsche, nele apresento a influência do compositor Richard Wagner, em
especial em seu ensaio intitulado Beethoven, na primeira obra publicada
por Friedrich Nietzsche, O nascimento da tragédia.
Há também capítulos
de livros e artigos científicos publicados nesta mesma esfera de pesquisa, a
saber, estética e filosofia da música.
Blog Loira Do Bem – Eu li a sinopse do livro
“Requiem – Viola e Filosofia” e notei que você faz uma ponte que une a
música no seu purismo com a filosofia, envolve o pensamento filosófico, crítico
e reflexivo sobre a visão das classes sociais e interesses dominantes e
alienantes. O que o levou a escrevê-lo e discorrer sobre o tema?
Sidnei - O fato de estar envolvido com a Viola Caipira e também por meus estudos
com a história da cultura caipira, bem como acompanhado publicações recentes,
tanto na esfera acadêmica quanto fora da academia.
Pude perceber que há
uma monopolização dos conceitos por alguns estudiosos, simpatizantes da cultura
caipira, diletantes, músicos, compositores e, principalmente, por violeiros.
Porém, a sustentação
teórica e científica sempre esteve à margem das publicações atuais, dados que
podem ser comprovados em artigos, livros e demais publicações na esfera da
cultura da música caipira, uma vez que o saudosismo exacerbado por aqueles que nem
sequer viveram a cultura caipira se faz presente. E, quando há uma bandeira que
se hasteia com fervor, um logotipo de uma determinada entidade, um artista...,
muitos passam a reproduzir falas e condutas por aqueles que são tidos como
referências de algo, mesmo que tais representações e ações sejam puramente atos
imaginários, visto a capacidade que a música possui, tal como a própria cultura
caipira e a sonoridade da Viola Caipira.
Muitos são os pontos
que podem ser influenciados para que um discurso seja validado por terceiros,
principalmente quando não há fundamentação científica. Por este ponto
específico e demais razões, ou seja, o incômodo gerado por uma manifestação
única eleita como verdade absoluta..., resolvi escrever Requiem e contrapor a absorção de ideias, porém, com
um pensamento crítico, reflexivo e fundamentado em uma pesquisa científica a partida da filosofia.
Blog Loira Do Bem - Pelo que eu conhecia sobre você era um simpatizante de
Schopenhauer, no seu CD “Prólogo”, inclusive, você faz menção a ele. Podemos
esperar o viés crítico e reflexivo também de Nietzsche (meu favorito) como
embasamento nessa análise entre os dois temas?
Sidnei - Por ser um livro que fundamento toda a teoria na filosofia, trago para o
leitor não apenas a filosofia de Schopenhauer e Nietzsche, mas também de outros
pensadores como Karl Marx, Theodor Adorno, Enrique Dussel, Achille Mbembe,
entre outros.
No primeiro capítulo de Requiem
apresento como a filosofia pode ajudar na compreensão de uma filosofia da
cultura, especialmente, a partir da filosofia da cultura nietzschiana.
Schopenhauer aparece
em outros momentos do livro para realizar a crítica acadêmica à cadeira de
Viola Caipira na Universidade de São Paulo, para isso, faz-se necessário que o
leitor realize uma analogia a obra Sobre a filosofia universitária, de
Schopenhauer.
Ainda com base da
filosofia e hierarquia das artes de Schopenhauer, trago a discussão para uma
análise das obras de Almeida Junior, em seus quadros com temas do universo
caipira. Diversas são as temáticas abordadas em Requiem, desde a
apropriação cultural, a indústria da cultura, as primeiras gravações, as
inúmeras formas de representação da cultura caipira utilizadas por violeiros
atuais, assim como aqueles que se dizem caipiras.
A necessidade em ser
escolhido e fazer dessa ação um meio para expandir a ideia inexistente de uma
vivência, seja ela cultural ou saudosista, também é discutida no livro com
exemplos e nomes citados com referências em artigos, documentários e
entrevistas.
Toca crítica
reflexiva que abordo em Requiem possui fundamento científico e
referências para que o leitor possa averiguar a veracidade. Um ponto importante
a ser mencionado e presente no livro, se dá pela crítica à teoria desenvolvida
na esfera da cultura caipira, independente de quem publicou o artigo, o livro,
ou de quem deu a entrevista citada.
Não é considerada a
relevância artística ou o “micropoder” estabelecido por outros, e pelos seus, a
qualquer nome citado na obra Requiem, a relevância está na publicação e
na fala de todos que são lembrados no livro.
Por fim, é valido
lembrar que há um anexo que parece, aos olhos dos despercebidos, se distanciar
da obra, mas aqueles que compreenderem a essência de Requiem, irão
entender o motivo dos três nomes utilizados no anexo intitulado Escolhidos e
Submissos.
Blog Loira Do Bem - E por fim, fique à vontade para falar sobre seus inúmeros compromissos,
ao que parece também professor de viola, entre tantas atividades e todas
agregadoras para nós. E desejo todo o sucesso em sua trajetória brilhante.
Sidnei - Os compromissos estão sempre relacionados aos trabalhos voltados para a academia e também para a área da Música. Sou professor de Viola Caipira e de Violão na esfera particular. Professor de Arte no ensino básico (anos iniciais), e também atuo como professor de Filosofia em cursos de pós-graduação.
Atualmente, tenho tocado pouco, apenas compondo e realizando arranjos, algo que aprecio mais do que estar em qualquer palco. Tenho composições para outros dois novos trabalhos, um de canções e outro instrumental. Porém, não vejo previsão de lançamento. Sigo escrevendo e publicando artigos em revistas científicas.
Sidnei de Oliveira - Foto/ Reprodução Facebook
Contato para shows e eventos:
Sidnei de Oliveira
E-mail: violaoliveira@yahoo.com.br
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Sobre Sidnei de Oliveira:
Músico, compositor e instrumentista. Possui graduação em
Filosofia pela UNIFRAN (2010). Licenciatura em Música - Ingressou no curso de
Bacharelado e Licenciatura no Departamento de Música USP-Ribeirão Preto (2005),
concluindo-o posteriormente o curso de Licenciatura em Música no Centro
Universitário Claretiano (2017).
Pedagogia EPT pelo Instituto Federal de São Paulo - IFSP
(2022).
Mestre em Filosofia pelo programa de pós-graduação em
Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com financiamento
CAPES (2013).
Doutor em Filosofia pelo programa de pós-graduação em
Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) com financiamento
FAPESP (2017) e Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE/FAPESP) pela
Universität Leipzig/Deutschland (2014-2015).
Doutor em Música pelo Programa de Pós-Graduação em Música -
UNESP - Instituto de Artes com financiamento CAPES (2023).
Publicou o livro intitulado O Beethoven de Wagner em O
Nascimento da Tragédia de Nietzsche (Passo Fundo, Editora IFIBE, 2016) e Requiem
- Viola e Filosofia: O arquétipo e transfiguração do caipira, pelo Editora
UICLAP, 2024.
Atua em pesquisas sobre os seguintes temas: Cultura Popular, Filosofia da Música, Arte e Estética com ênfase em Arthur Schopenhauer, Richard Wagner, Friedrich Nietzsche e Theodor Adorno.
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