quinta-feira, 12 de março de 2015

Um encontro entre dois: olho a olho, cara a cara

"Existem palavras sábias, mas a sabedoria não é suficiente, falta ação." Jacob Levy Moreno.



                                
                     













"Um coração não pode ser roubado, pode apenas ser dado." Catherine arche (escritora de romance).

Ao ler um romance medieval com essas palavras acima, me lembrei de Jacob Levy Moreno,  criador do psicodrama, sobre o "encontro de dois" e resolvi fazer uma análise, segundo meu entendimento, para divagar sobre como as relações interpessoais são complexas, ora constroem, ora desconstroem, muitas vezes, desconcertam.

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O outro não quer compreender, não quer perdoar ou tornar o convívio mais flexível, nunca queremos ceder. É como se ao abrir essa possibilidade, abrimos brecha para nossas fragilidades e nos tornamos vulneráveis. Árdua luta, entre nosso eu e do outro, o que vence no final, o quanto estamos dispostos a desnudar? E se não o fizermos, é possível o consenso? Às vezes ceder também é vencer. 

"Um encontro entre dois: olho a olho, cara a cara
E, quando estiveres perto, arrancarei teus olhos
E os colocarei no lugar dos meus
E tu arrancarás meus olhos e os colocarás no lugar dos teus 
Então te olharei com teus olhos e tu me olharás com os meus".



Mais complicado do que expressar é entender o amor ou os laços que formamos ao longo da nossa jornada. São fios que interligam. Não há como estarmos isolados, inertes, ou desligados, porque dependemos desses entrelaçamentos para a convivência habitual. Requer flexibilidade, concessões, negociações, recuar ou avançar. 

Sem estes laços a vida se torna inóspita e insignificante. O que fazer então?. É necessário o enfrentamento das situações que vão resultar no encontro, "olho a olho, cara a cara". Assim como Sartre "Entre Quatro Paredes" e a frase icônica “O inferno são os outros”, na verdade, esse outro passa a ser o nosso espelho. À partir do momento que ocorre essa troca, passamos a enxergar através da subjetividade (penetrar no intímo do outro, como ele vê, sente, pensa em relação ao mundo interior e exterior).

Quase nunca estamos preparados em aceitar ou compreender a identidade do outro, queremos que seja como nós, e intransigentes que somos, exigimos devoção. E os conflitos se tornam inevitáveis. Mas as relações não podem serem construídas na base de nossa vontade, é necessário entender o outro, só a partir do outro, é que eu sei quem sou.

Só a partir do enfrentamento é que podemos afirmar essa percepção, o reconhecimento das diferenças, facilitar ou dificultar para mediar conflitos, atritos e os desconcertos que “supostamente” o outro nos causa.

Para nos entregar e conhecer é inevitável o encontro, arrancar o véu dos olhos, se revelar e desnudar os sentimentos e sensações, mesmo que o outro nos arranque a alma, se relacionar nem sempre é um processo indolor, segundo Fernando Savater, filósofo. espanhol.

Nota: Jacob Levy Moreno (1889-1974) foi médico, psicólogo, filósofo e por fim: dramaturgo. Manteve seu foco na Psicologia Social, sendo o criador da sociometria e do psicodrama (ciência que atua como uma investigação da mente humana através da ação). Jacob Levy Moreno morreu aos 85 anos de idade, e pediu que em sua sepultura fossem gravadas as seguintes palavras: "Aqui jaz aquele que abriu as portas da Psiquiatria à alegria”.

Fonte de pesquisa:
Federação Brasileira de Psicodrama.
https://teatroemescala.com/2021/11/01/perfil-jacob-levy-moreno/
Texto Adaptado/ autorreflexão.
Imagem: Reprodução Internet.

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