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sábado, 13 de outubro de 2012

ROCK ON STAGE: Almir Sater na visão de um metaleiro



Almir Sater na visão de um roqueiro metaleiro




Almir Sater

O compositor, cantor e instrumentista
sul-mato-grossense Almir Sater marcou presença
em um Credicard Hall lotado no último sábado, no dia 22 de
setembro onde apresentou toda sua técnica e seu
vasto repertório na capital paulista.
Com 30 anos de carreira e dez álbuns solo gravados,
Almir Sater tem um estilo único.
Excelente músico e instrumentista, e até antes de ir ao
show pesquisei com várias pessoas que curtem Heavy Metal
praticamente em todos os estilos, escutando as respostas
mais variadas, porém com uma única característica
em comum, se trata de um baita músico, tocando muito
e todos queriam um dia vê-lo ao vivo e chegava a minha
vez de presenciar essa performance.

Almir caracteriza-se pelo experimentalismo puro no som
 acústico de viola e violão, passa longe de rotulá-lo como
cantor sertanejo
, embora seja especialista em misturar
tons caipiras ao Folk (não confundir com o Folk Metal ),
e cheio de influências de seu estado, como a música
paraguaia ou andina. Foi responsável também pelo
resgate da viola de dez cordas na música brasileira, não
só reinventando-a, como acrescentando um toque mais sofisticado,
mesclando estilos como o próprio Rock, Blues,
ou Folk americano imortalizado por
Bob Dylan.






Foi escolhido pela crítica para abrir o Free Jazz Festival, em 1989,
ao lado de grandes nomes da música mundial, como John Lee Hooker, Branford Marsalis e George Benson.

Naquele ano, também fez uma apresentação histórica nos Estados Unidos,
 na cidade Nashville, conhecida cidade Country norte-americana dado
a qualidade técnica do mesmo. O Credicard Hall estava com a disposição de mesas e ao subir as cortinas os músicos Marcelus Anderson no acordeon, Guilherme Cruz no violão, bem parecido com o guitarrista Alex Gizzi
da banda Trayce, Toninho Porto no contrabaixo acústico, se posicionam
e Almir Sater é recebido com muitos aplausos e começam com
uma música instrumental servindo de entrada aos presentes
no Credicard Hall.
A técnica de Almir Sater já se destacou no primeiro minuto e
como o som era bem diferente do que usualmente ouço, já me
destacou os solos que Almir proporciona, é simplesmente incrível,
podendo muito bem participar de um G3 brasileiro acústico,
com fortes influência ora Blues ora Jazz os músicos solavam
e fizeram uma bela trinca tocando as primeiras músicas.













Almir dá o aclamado "Boa Noite São Paulo" e explica que a
primeira música é instrumental e apenas para servir de
introdução no show e "aquecer os dedos" e foram seguidas
por Trem do Pantanal e Comitiva Esperança.
A partir dai foi a minha surpresa, pois, além de grande
músico a facilidade que ele tem de contar causos é fantástica.
Então, ele começa a contar um de quando ele mais dois violeiros
e uma equipe de filmagem saiu viajando pelo Pantanal e dormiam
de fazenda em fazenda pedindo pouso, então que descobriram que
o melhor horário para chegar era um pouco antes das seis da tarde,
pois assim teriam a janta garantida, mas, logo os fazendeiros
perceberam isso e já começaram a pedir para eles fazerem um baile
para os empregados da fazenda noite afora e muito das vezes,
quando chegava na fazenda já tinha até um tablado armando
para o baile da noite.







E ele lembra que três moças no Pantanal já é motivo para baile
e com a quantidade de mulheres no Credicard Hall, aquilo
seria um bailão brinca o músico e conta que em um desses bailes
durante a viagem do documentário, que o fazendeiro, típico
pantaneiro da região, bigodudo, com cara de poucos amigos
pede para parar o baile, pega o microfone e pergunta ao povo:
"quem havia passado a mão na filha dele?", Almir continua o
causo e diz que o baile emudeceu e o fazendeiro volta
 a perguntar:
"quem foi e que o indivíduo se apresente e peça desculpa
para a moça no palco", Almir comenta que o silêncio continuava,
e ele lembra que ficava quieto já que não tinha sido ele e o
fazendeiro com voz extremamente nervosa deixa claro, que
se a pessoa não se apresentasse o baile iria acabar.

Após uns minutos que pareceram intermináveis,
segundo o músico o fazendeiro termina a pressão
dizendo..."Bom já que indivíduo foi embora e deixou o baile,
vamos continuar com ele..." claro que todos riram muito
e achei super divertido a maneira que o músico contou
esse causo.










Deu sequencia com as músicas Maneira Simples e No
Rastro da Lua Cheia
, músicas bem conhecidas, que eram cantadas
de maneira discreta pela grande maioria que estava na casa.
Então Almir para e volta a contar mais um causo de sua região,
no caso, um vizinho que gostava de falar demais e se achava muito
melhor que os outros e comenta que antes de um baile na região
pantaneira, o vizinho parou para pescar, e ao fisgar sua vara
quando percebeu foi puxado ao rio por uma enorme sucuri,
Almir conta que o vizinho não pensou duas vezes tirou sua faca
e cortou a cobra no meio aparecendo um boi, que a cobra havia
engolido minutos antes e com o sangue que certamente jorraria
no rio, o vizinho disse que começou a se estapear com as piranhas
 que apareceram e ao chegar na margem do rio... o vizinho
se encontrava com um temível urso polar.

Almir então reclama com o vizinho, que mesmo exagerado
tudo se encaixava em lendas pantaneiras onde sucuri come bois,
piranhas atacando, mas, urso polar ele não podia acreditar...
e segundo ele, o vizinho termina sua história dizendo que
apertou as bochechas do urso perguntando o que o urso fazia

no Pantanal.. Simplesmente hilário. Nesse clima pantaneiro,
ele tocou a conhecida música que relembra a trilha sonora
a novela Pantanal com Os Zoio dos Bichos e emenda
três músicas na sequencia
"Peão", "É Necessário" e " Um Violeiro Toca".








Contando mais um causo ele relembra que estava
no interior de Minas Gerais se apresentando e após
duas músicas instrumentais, ele diz que um senhor o
chama a atenção no show e na insistência ele para e
escuta o senhor reclamando pedindo para ele parar
de tocar Rock'n' Roll e tocar uma bela moda de viola.

Após, mais esse causo, os pedidos de Chalana cresceram
e ele avisa que vai tocar mas essa será a última música,
alguém então pede Mês de Maio e ele concorda e a
executa de forma bem intimista seguida por Tocando Em Frente e Kikio.
Ando devagar outro grande sucesso do músico volta a ser acompanhado
por todos do Credicard Hall.

Sua irmã Gisele Sater também canta uma música e assim
como seu irmão que fazem parte da banda que acompanha
Almir Sater pelas suas turnês tivemos Uma Canção Qualquer,
e após escolhem tocar uma música típica do Pantanal,
que se entendi certo é de um estilo chamado Chamameh
 terminando a primeira parte do show com Chalana.










Rapidamente voltam para o bis encerrando a apresentação
com O Vento E O Tempo sendo ovacionado por todos
presentes no Credicard Hall. Comparar Almir Sater com ícones
do Folk americano como Bob Dylan e Tom Petty talvez soe
um pouco exagerado, principalmente pelo artista brasileiro
não usar guitarras, mas a qualidade técnica deste
no violão e viola é realmente algo que deve ser
sempre mencionado como grande músico
que ele é.

Um show de Rock claramente não foi, mas comparar com
o sertanejo que é executado em diversas áreas e somos
obrigado a ouvir muitas vezes, aí meus amigos,
passa muito longe disso, tive a sensação de estar escutando
um Jazz, feito em uma viola, tocado a perfeição com
fortes influências do Blues mesclando modas de viola,
que são predominantes na região do Pantanal Brasileiro.

Se algum dia Almir Sater for tocar perto de você e puder
assistir, deixe o radicalismo de lado, e vá prestigiar esse
 grande artista brasileiro tão sem espaço na mídia hoje,
mas que ainda lota um Credicard Hall.








Sendo um pouco piegas, gostaria de dedicar a resenha
ao amigo e músico Carlos Carvalho, hoje radicado em
Brasília, pelos inúmeros duetos acústicos que fizemos
em vários churrascos no Rio Grande do Sul onde mesclávamos
a Moda de Viola com Death Metal em formato acústico
e único.
Parabéns Almir Sater pelo excelente trabalho e serviço
prestado à música brasileira.

Texto e Fotos:
Marcos César de Almeida
Agradecimentos a Lívia Matsumoto
pela atenção e credenciamento
Outubro/2012













Set List
1 - Instrumental
2 - Trem Do Pantanal
3 - Comitiva Esperança
4 - Causo 1
5 - Maneira Simples
6 - Rastro Da Lua cheia
7 - Causo 2
8 - Peão
9 - É Necessário
10 -Um Violeiro Toca
11 - Instrumental 2
12 -Mês De Maio
13 -Tocando Em Frente
14 -Kikio
15 - Uma Canção Qualquer
16 - "Chamameh"
17 - Chalana
Bis
18 - O Vento E O Tempo
fonte: http://rockonstage.org/shows/2012/almirsater/almirsater.htm