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Reza uma lenda que um homem extremamente invejoso de seu vizinho, recebeu a visita de uma fada que, lhe ofereceu a chance de realizar um desejo: "Você pode pedir o que quiser, desde que seu vizinho receba o mesmo e em dobro", sentenciou.
O invejoso respondeu que queria que ela lhe arrancasse um olho.
Moral da história: O prazer de ver o outro se prejudicar prevaleceu sobre qualquer vontade, até mesmo prejudicando a si mesmo.
É por meio dessa fábula que a psicanalista austríaca Melanie Klein (1882-1960) definiu na obra "Inveja e Gratidão", um dos principais estudos já feitos sobre o tema, o comportamento de quem vive intensamente esse sentimento.
Ao mesmo tempo em que o ciúme é querer manter o que se tem e a cobiça é desejar aquilo que não lhe pertence, a inveja é não querer que o outro tenha. Mas por que há pessoas muito invejosas e outras que passam a vida quase sem sentir essa emoção?.
A psicóloga Sueli Damergian, professora da Universidade de São Paulo (USP), acredita que o segredo está em não ultrapassar a linha da afeição. "A inveja é sempre fruto da admiração", diz. "Se ela ficar restrita a isso, pode funcionar como impulso para o desenvolvimento."
O problema é quando essa barreira é rompida. "Se o impulso destrutivo for muito forte, o invejoso passa a viver a vida do outro e isso pode ser danoso tanto para ele quanto para o invejado."
Em casos patológicos, que segundo especialistas são mais comuns do que se imagina, quem sofre do mal é capaz de caluniar, perseguir, e em casos mais extremos, desejar a morte do invejado.
Para o psicólogo Alexandre Bez: "Não existe inveja positiva. "A admiração e a imitação são diferentes da inveja. Quando o invejoso admira alguém ele sente raiva de não possuir aquilo. Ele é uma pessoa fria, um vampiro emocional que suga as suas energias e deixa um clima pesado no ar".
O psiquiatra José Thomé acredita que salvo os casos patológicos, as pessoas têm livre-arbítrio para viver ou eliminar a inveja.
"É um sentimento muito primitivo, que deve ser trabalhado."
A psicóloga Sueli, da USP, assina embaixo.
"Se a pessoa não é boa em algo, certamente será em outra coisa."
Autoria do texto: Claudia Jordão e Carina Rabelo.
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