Imagem de John Hain por Pixabay
Não pender para o lado do que é conveniente,
Assim como Antonio Gramsci
Odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história.
Assim como Martin, sempre existiu homens
idealistas que almejam um mundo habitável
para todos! Gramsci, Tutu e outros visionários!
"Se você é neutro em situações de injustiça,
você escolhe o lado do opressor." (Tutu)
Na mesma linha de Antonio Gramsci segue Desmond Tutu,
o arcebispo da Igreja Anglicana consagrado com o
Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o Apartheid em seu país.
Aquele que se cala ou se omite mediante uma injustiça,
optou até que, inconscientemente pelo lado
do opresssor, tomou partido de alguma forma,
e de acordo com os princípios, ser justo é não ficar
em cima de muro com medo das perdas
ou retaliações, mas fazer a escolha certa.
Como saber?
Se causa dor, sofrimento, constrangimento,
exclusão, retaliação, difamação,
não é ético, cristão, nem coisa de gente de bem!
Não pender para o lado do que é conveniente,
beneficia ou traz vantagens ou prejudica os
que são opostos, mas optar para o
bem comum e bom senso.
Vivemos em sociedade, dependemos uns
dos outros, somos civilizados e temos que
inserir todos, independente de crenças,
dogmas, cor, classe social. Todos vieram a
esse mundo para viver com dignidade, respeito
e liberdade.
Assim como Antonio Gramsci
Odeio os indiferentes.
Como Friederich Hebbel acredito que
"viver significa tomar partido".
Não podem existir os apenas homens,
estranhos
à cidade. Quem verdadeiramente vive não
pode deixar de ser
cidadão, e partidário.
Indiferença é abulia, parasitismo, covardia,
não é vida. Por isso odeio
os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história.
É a bala de chumbo para o
inovador, é a matéria
inerte em que se afogam freqüentemente
os
entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso
que circunda a velha cidade e a
defende melhor
do que as mais sólidas muralhas, melhor do que
o peito
dos seus guerreiros, porque engole nos
seus sorvedouros de lama os
assaltantes,
os dizima e desencoraja e às vezes, os leva
a desistir de
gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história.
A indiferença atua poderosamente na história.
Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade;
e aquilo com que
não se pode contar; é aquilo
que confunde os programas, que destrói os
planos
mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta
que se revolta
contra a inteligência e a sufoca.
Os destinos de uma época são manipulados
Os destinos de uma época são manipulados
de acordo com visões limitadas e com fins
imediatos,
de acordo com ambições e paixões pessoais de
pequenos grupos
ativos, e a massa dos homens
não se preocupa com isso.
Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície;
Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície;
o tecido feito na sombra
chega ao seu fim, e então
parece ser a fatalidade a arrastar tudo e
todos, parece
que a história não é mais do que um gigantesco
fenômeno
natural, uma erupção, um terremoto, de
que são todos vítimas, o que quis
e o que não quis,
quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo
e
quem foi indiferente. Estes então zangam-se,
queriam eximir-se às
conseqüências, quereriam
que se visse que não deram o seu aval, que não
são responsáveis.
Alguns choramingam piedosamente, outros
Alguns choramingam piedosamente, outros
blasfemam obscenamente, mas nenhum ou
poucos põem esta questão: se eu
tivesse também
cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer
valer a
minha vontade, o meu parecer, teria
sucedido o que sucedeu?
A maior parte deles, porém, perante fatos
A maior parte deles, porém, perante fatos
consumados prefere falar de
insucessos ideais,
de programas definitivamente desmoronados e
e outras
brincadeiras semelhantes.
Odeio os indiferentes também, porque me
Odeio os indiferentes também, porque me
provocam tédio as suas lamúrias de eternos
inocentes. Peço
contas a todos eles pela
maneira como cumpriram a tarefa que a vida
lhes
impôs e impõe quotidianamente, do que
fizeram e sobretudo do que não
fizeram. E sinto
que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar
a
minha compaixão, que não posso repartir com
eles as minhas lágrimas.
Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências
Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências
iris dos que estão
comigo pulsar a atividade da
cidade futura que estamos a construir.
Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre
um número reduzido,
qualquer coisa que aconteça
nela não será devido ao acaso, à fatalidade,
mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém
estará à janela a olhar
enquanto um pequeno
grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não
haverá
quem esteja à janela emboscado, e que pretenda
usufruir do pouco
bem que a atividade de um
pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua
desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu
o seu intento.
Vivo, sou militante.
Por isso odeio quem não toma partido,
odeio os indiferentes.
Fonte:
Fonte:
Primeira Edição: La Città Futura,
11-2-1917
Origem da presente Transcrição:
Origem da presente Transcrição:
Trechos do Texto retirado do livro Convite
à Leitura de Gramsci"