
Em
Entrevista ao Blog - Eric Silver fala
de sua carreira, dos parceiros
musicais
a paixão pelo nosso país e pela música
dos seus amigos e
influências e do seu
recente Álbum
“Bridges, Friends and Brothers”
e
como simples palavras, mas
significativas de Sérgio Reis
influenciou
o projeto, e claro sobre o “AR”
gravado por Almir Sater e Renato
Teixeira
que leva sua assinatura.
Isso tudo aconteceu e os fatos que se
deu faz parte da História.. e ao som da viola.
O
produtor norte-americano e Multi-instrumentista
é apaixonado por
Música desde criança e
pelo Brasil também. O responsável por essa
segunda paixão é o Compositor, cantor
e instrumentista, o violeiro
Almir Sater. Amizade entre os dois vêm
de longa data. Em 1989, Sater foi aos
Estados Unidos participar do
International Fair Festival
e aproveitou
para gravar o disco
Rasta Bonito, em Nashville,
considerada o berço do
country americano,
onde contou com a participação de
Eric. Além do
encontro da viola de
10 cordas, popularmente conhecida
como caipira, com
o banjo americano
nascia uma amizade e parceria
que perdura até os
dias atuais.

Convidado
pelo amigo brasileiro
para tocar em festivais de Música,
Eric Silver
passou a viver na ponte
aérea e desde então se divide entre
os dois
países, seja para cantar,
produzir ou tocar com grandes
artistas
renomados internacionais
(já havia trabalhado como compositor,
músico e
produtor de artistas
como Dixie Chicks, Shania Twain,
Cindy Lauper,
Donna Summer,
Keith Urban) assim como brasileiros,
entre eles o CD “AR”
de Almir Sater
e Renato Teixeira, lançado em
Dezembro passado, pela
Universal Music.
Na lista como compositor, estão sucessos
com NX Zero,
Titãs, CPM 22,
Manu Gavassi e desde 2007 é o
compositor americano mais gravado
por aqui, mais de
100 músicas.
Ano
passado, envolvido pela magia da
música brasileira e seus amigos
e
parceiros, gravou pela Universal Music,
o álbum "Bridges, Friends and
Brothers"
que traz canções inéditas e versões
em inglês de grandes
clássicos brasileiros
como Vida Boa, Pássaro de Fogo,
Romaria, Tocando
em Frente,
Um violeiro Toca, Epitáfio,
Evidências e participações
especiais
de Almir Sater, Renato Teixeira,
Sérgio Reis, etc, Além de
artistas
internacionais como Vince Gil
(ganhador de 20 Grammys) e
Victor
Wooten (5 grammys,
considerado um dos melhores baixistas
do mundo),
Kix Brooks,
Dann Huff (Taylor Swift, Bon Jovi, Keith Urban
e outros),
Jay Demarcus (Rascal Flatts)
e Andrea Zonn.
Além de ser um artista multifuncional
Eric
Silver deu um toque especial
ao Show de Almir Sater, realizado domingo
passado (29) no encerramento da
Virada Cultural Mogi, em SP.
O Músico com seu bandolim e violão folk
se uniu a magistral banda de Almir
e
juntos abrilhantaram um espetáculo
exuberante. O violeiro que desde
Março passado, acrescentou em
seus shows, as canções do novo CD,
como "Bicho Feio", "D DE Destino",
"Peixe Frito"
levou o público ao êxtase durante a
apresentação.
Em Maio passado, também participou
da turnê "Tocando em
Frente"
no Espaço das Américas, SP em
dois espetáculos com Almir Sater,
Renato Teixeira e Sérgio Reis.
Conheça mais sobre esse artista multifacetado que agrada em cheios gringos e brasileiros,
a seguir:
LDB — Sabemos que o encontro entre você e o Almir Sater aconteceu em 1989,
quando o músico brasileiro convidado
para participar do International Fair Festival
em Nashville, e gravou o CD “Rasta Bonito”,
da qual dizemos que houve a fusão da viola
de 10 cordas ou caipira com o banjo americano.
— Qual foi sua sensação ao ver,
pela primeira talvez, esse instrumento
tão peculiar e ao mesmo tempo com
ressonância incrível ¿.
Eric Silver — Na verdade, toquei muitos
instrumentos durante minha vida.
Comecei com piano e violão.
Depois aprendi tocar baixo, bandolim,
banjo e violino. Para mim não achei
nada estranho o som da
viola caipira. Ela parece um violão com
outra afinação. Almir arrumou uma viola
caipira que eu toco menos a técnica
que ele usa na mão direita. Quando
trabalhamos para gravar, trocamos
muito nossos violões e violas.
LDB — Essa experiência entre músicos brasileiros e estrangeiros foi o que
despertou o interesse em conhecer
o País, em aprofundar parcerias.
Conta como foi isso.
Eric Silver — Eu sempre gostei de viajar,
gosto de conhecer pessoas. Antes do Brasil,
viajei para trabalhar na Europa, Canadá,
Japão, até Arábia Saudita.
Almir me convidou a vir pro Brasil
porque o empresário dele na época
agendou alguns shows em uns festivais
de música e eles me convidaram
para tocar com minha banda
dos EUA. Não sei por que, mas me
apaixonei pelo país e comecei a viajar
muito pelo Brasil. Almir, como eu,
gosta de conhecer pessoas e lugares
de um jeito mais pessoal e com calma.
Então, neste sentido, combinamos bem
e ele me mostrou muitos lugares e me
apresentou muitas pessoas. Entre eles
fiz amizade com Renato Teixeira
e Sergio Reis. Todos eles se tornaram
minha família Brasileira.
LDB — De 2007 pra cá, li que você é o
compositor mais gravado entre os
artistas brasileiros, e nota-se que
entre eles, há artistas sertanejos
como Paula Fernandes, Roqueiros
como NX Zero, Titãs, ou pop
como Manu Gavassi, suas composições
conseguem englobar diversos gêneros
musicais, e emplacam da mesma forma,
qual é a fórmula ?
Eric Silver — Se eu soubesse a fórmula,
poderia ficar rico, hehehe. Tudo começa
com uma boa canção. Aprendi isso em
Nashville, um lugar com muitos
compositores incríveis. Bom, a base da
música country sempre é a letra,
mas se uma pessoa não entende
as letras, pelo menos a melodia e
energia da música podem tocar
a coração. Aqui, foi o Rick Bonadio
(produtor) que inicialmente ouviu
minhas músicas e adorou
meu estilo e começou gravá-las
nos projetos dele, mais de 100
canções. Ele abriu muitas portas para
mim no mundo musical do Brasil e
tive sorte porque ele gostou
do meu “estilo”.
Não me acho tão perspicaz em
tantos gêneros. Existem alguns que
são obviamente diferentes, como
o metal e folk. Temos outros mais sutis,
como folk e bluegrass. Quanto mais
você escuta e absorve alguma coisa,
mais você vai se familiarizar com
as sutilezas. Quando tinha 21 anos
toquei com David Grisman,
um artista de jazz, acústico e
algumas músicas dele não eram
tão diferentes dos instrumentais
que Almir toca. Então não precisei
me adaptar muito para trabalhar
com Almir.
Rick sempre gostou muito
da música dos EUA
então meu estilo
de compor e tocar combinou bem
com ele. Acho que tive sorte em criar
parcerias certas. Independente de
qual estilo eu vá compor, a emoção
é a coisa que sempre tem que
estar presente para uma
música funcionar.
Isso é uma coisa difícil de fingir.
LDB — Foi essa paixão e essa gama de
gêneros musicais, das quais navega naturalmente
que o levou a gravar o seu
Álbum “Bridges, Friends and Brothers”,
uma bela homenagem, sem dúvida aos
clássicos brasileiros. Fale um pouco
mais deste CD que tem agradado
em cheio os fãs brasileiros. Sua voz me
lembra de James Taylor e achei
muito interessante ouvir as letras
dos clássicos brasileiros, versadas para o inglês,
ficou instigante;
Eric Silver — James Taylor é meu herói
numero um. Não sei como tirar o som
dele de mim. Sobre o álbum, estava
falando um dia com Daniel Silveira
que trabalhou na minha gravadora na época
(Universal), e discutimos essa ideia,
de gravar músicas daqui no estilo
e som de Nashville. Comecei a experimentar
com algumas músicas.
Um dia fui para Serra Da Cantareira
falar sobre o projeto com
Sérgio Reis, que não via há
muitos anos. Quando ele me encontrou,
ele pegou na minha mão, deu um beijo
nela e disse, “Que saudades de você!”.
Peguei meu carro e comecei a seguir
ele para a casa e comecei chorar
no carro, pensando em todos
os anos da vida que já passaram,
e mesmo com todos os anos que
passaram sem nos encontrarmos,
com as mudanças na vida,
nossa amizade ficou ainda
mais forte. Aí surgiu a ideia de
“Bridges, Friends and Brothers”.
Comecei pesquisando músicas do Almir,
Renato, Sergio e outros que
fizeram sucesso e comecei a tentar
traduzir e fazer versões em inglês
que ficaram fiéis com as
letras originais. Foi um trabalho que
eu gostei por causa de desafio.
Meu empresário na época, Beni Borja,
que é um produtor e compositor
(Biquini Cavadão, Kid Abelha) me
ajudou bastante com repertório e
me deu ajuda com as traduções.
Outro grande produtor e muito
meu amigo, Reinaldo Barriga, entrou,
me deu muito apoio e me apresentou
Chitãozinho e Xororó que sugeriram
para eu gravar Evidências. Também
durante o processo encontrei
Paula Fernandes que curtiu o projeto e
comigo. No final das contas, me vi
envolvido em grandes amizades com
todo mundo, então a energia d
os “friends and brothers” cresceu
ainda mais.
LDB — Em Dezembro passado,
Almir Sater e Renato Teixeira
despontaram com a grande novidade,
um CD “irreverente”, o 'AR' também
gravado pela Universal Music, e lançado
no mesmo dia que o seu (11)
nas plataformas digitais. Para nós,
uma dupla felicidade. Como foi produzir
esse disco, essa junção espetacular
entre o country e a música caipira,
o rock dos anos 70 e o bluegrass,
fontes estas que bebe o Almir Sater,
e com toque de “gringo”.
Explique, por favor, essa conexão,
da qual sou suspeita, de tanto que
me alegrei ao escutar pela
primeira vez.
Eric Silver — Existe uma expressão que
você tem que aprender todas as
regras para depois poder
quebrar todas. Com respeito à música,
ajuda muito se você sabe como
tocar, cantar e compor bem.
Quero dizer, nunca pensei muito
em regras dentro da
música. Tenho um surdo “virado”
de Carlinhos Brown, e acabei tocando
ele numa produção country que fiz.
Na verdade comecei usar “loops”
eletrônicos em minhas produções,
anos atrás que algumas pessoas
acharam radical. Hoje em dia,
quase não existem gravações
country music de Nashville
sem esse tipo de
programação. Igualmente, gosto de cozinhar,
mas nunca usei um livro para saber
como fazer alguma coisa.
(Coloco manteiga de amendoim em quase tudo, kkkk). Produção além de ser um trabalho
de organização, saber como capturar
sons de qualidade, você tem que fazer
uma pintura áudio. Você coloca imagens
de sons, mexe com elas, se distancia
um pouco, volta, adiciona e tira coisas
que você gosta ou não. Eu trabalho muito
tempo em minhas gravações, mas, quando
está na hora de parar eu sei, paro, e
durmo melhor. O que você chamou de
“irreverente” acho que é normal hoje
em dia. A Música no geral está passando
por uma fase com muitas coisas
misturadas, particularmente nos EUA
com pop, country e rap. Acho que
neste caso, fora de nossas amizades,
Almir e Renato gostaram muito do som
que eu consegui com as músicas
deles, o que ajudou na decisão
para eu produzir. Também ajuda que
somos amigos há muitos anos e
conhecemos bem a personalidade
do outro, nossos pontos fortes e fracos,
então fica confortável.
LDB — Como produtor o que você acha
do crescente universo da Música folk
tanto no Brasil quanto nos EUA,
e como é a reação dos seus amigos
americanos quando você mostra
o som do violeiro
Almir Sater.
(Pergunta feita por um amigo e grande
fã de Almir Sater e seu naturalmente,
o sul-mato-grossense Paulo Roberto Licht Kemper,
professor de Biologia e apaixonado por
boa música, pelo som de viola e bandolim,
toca ambos).
Eric Silver —Eu não sei se está acontecendo
esse crescimento da música folk
no
geral. Esse mundo sempre existiu,
não é “mainstream”, mas tem festivais
e
clubes e as rádios independentes
que apoiam esses circuitos musicais
e promovem novos artistas. Como eu
mencionei antes Nashville é cheio
com “violeiros” com
muitos tipos
dos instrumentos então, o som da viola
caipira não fica tão
diferente, um pouco
parecido do bouzouki (instrumento
muito popular na
música tradicional
da Grécia). Os músicos que tocam no
álbum gostaram
bastante das composições
do Almir e Renato.
LDB — No CD “AR” de Almir Sater
e Renato Teixeira, além de produzir,
você também assina uma das mais belas canções,
“Amor Leva Eu”, com os dois artistas.
O que te atrai mais, compor, cantar, tocar, produzir,
ou tudo junto e de preferência sempre
cercado de “Pontes, amigos e irmãos”.
Eric Silver — Amo compor.
É uma forma de expressão pessoal,
meio terapêutica. Para mim, essas coisas
de tocar, cantar, compor e produzir
nunca estão separadas, uma complementa
a outra. Por exemplo, ao compor e gravar
uma música, eu quero o som de vocal
e violão o melhor possível. Isso faz parte
de produção. Cada elemento, a melodia,
ritmos, o jeito em que os músicos tocam
e o som dos vocais até a mixagem
tem efeito na emoção que o
ouvinte vai sentir e gosto de mexer
com tudo isso. Mas, voltando ao início de novo,
tudo tem que começar com uma bela
canção.
LDB — Talvez seja esse o caminho então,
porque a parceria com o “AR” já começa
a render frutos, entre os finalistas
em duas categorias:
“Melhor Álbum Regional e melhor dupla”.
Em sua página, li e vi que recebestes
a notícia com grande contentamento,
afinal é uma conquista e tanto em
pouco tempo de lançamento.
Isso sem dúvida foi muito “cool”.
Conte a respeito.
Eric Silver — Acho que todos nós e
no geral, que pretendem criar e produzir
músicas ou artes em formas diversas
deseja que as outras pessoas gostem
e respeitem os nossos trabalhos.
Eu não gosto
muito da ideia de pensar em artes
como competição, mas se ganharmos
um prêmio, seria legal porque é uma
maneira de saber que mais alguém
gostou de nossos trabalhos.
Isso nos deixará felizes.
Para ouvir e comprar o CD "Bridges, Friends and Brothers" iTunes