Reprodução internet/ filme
Eu assisti ao filme ontem (25) no YouTube, "O Homem que ri", baseado na obra fascinante do escritor francês, Victor Hugo, publicada em 1869. Há várias adaptações antigas, esta é a mais recente.
Ele conta a história de dois órfãos, Gwynplaine, um jovem lorde, que ainda bebê
foi sequestrado e desfigurado por ordem do rei pelos Comprachicos, compradores de crianças, e rasgaram sua boca até as orelhas (cuja cicatriz no rosto dá a
impressão de que ele está sempre sorrindo) e depois abandonado.
Dizem que o personagem Coringa do filme Batman foi inspirado nele. No
meio deste cenário devastador, ele encontra Déa, uma menina cega em busca de
abrigo. Em pleno inverno, eles são acolhidos pelo grande Ursus, um alquimista
saltimbanco, e passam a segui-lo.
Eles vivem pelas estradas até que os dois jovens decidem ganhar dinheiro por si mesmos e então promovem espetáculos, nas feiras e nos circos, onde o sorriso de Gwynplaine desperta a curiosidade dos transeuntes.
Numa dessas andanças, é reconhecido como filho do Lord Clancharlie, nobre proscrito, e único herdeiro de enormes propriedades e riquezas, dono de uma cadeira cativa no Parlamento. E alheio às intrigas e perfídia do valete que visa interesse próprio, em beneficiar a prima da rainha.
Através de uma rede de mentiras, consegue separá-lo de seus verdadeiros
"familiares", os únicos que conheceu em toda sua vida e demonstram
por ele afeto verdadeiro, sem se importar com seu rosto deformado.
Levado a uma corte cheia de hipocrisias entre cortesãos, damas e cavalheiros, é
aceito por seu título, riquezas e poder, mas não por seu caráter, empatia ou por
respeito, disfarçadas em dissimulações e omissões do escárnio e repúdio.
Gwynplaine, empolgado e ingênuo com a reviravolta em sua vida como Marquês de Clancharlie, não percebe as artimanhas, mas visualiza a oportunidade como membro do Parlamento, a de expressar seus sentimentos em favor dos menos privilegiados, e toda a opressão que sofrem no abandono, de leis que não os favorecem.
Através da ironia e
do sarcasmo, Victor Hugo faz duras críticas à sociedade dominante; nobreza, monarquia e igreja sobre a exclusão dos menos favorecidos.
No Parlamento, o discurso intrigante causa vertigens, tão atemporal. Ele faz
uma analogia do seu rosto com a opressão do povo, tão à deriva e distante dos
interesses do Estado e da classe dominante.
Para ler ou assistir, avaliar, refletir e se indignar com a mediocridade humana
que serve a vis interesses para o seu bel-prazer. Na verdade, "O homem que ri" faz chorar, sobre a dura realidade social, em que a minoria privilegiada usa eufemismos e minimiza a fome, o desemprego e a falta de oportunidades, ao apregoar uma falsa meritocracia no sistema.
Afinal, “é do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos”, segundo Victor Hugo. Apesar de o livro ser de 🔗 "domínio público" não encontra em português neste site, mas em francês e em inglês.
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Capa do livro - original |
Discurso de Gwynplaine no Parlamento.
Vossa Majestade!
Senhores Parlamentares.
Entre vocês sou conhecido como o
Marquês de Clancharlie.
Mas meu nome verdadeiro é de um
pobre Gwynplaine.
Sou um miserável!
Talhado no estofo de um senhor,
por um rei, por sua obra e
graça.
Mas meu coração não está aqui.
Mas senti que precisava dirigir-me
aos senhores.
Por quê? - Para preveni-los.
Senhores! Vim confiar-lhes
uma notícia.
O gênero humano existe!
Baixem o olhar, olhem ao redor,
embaixo de vocês.
Estão marchando sobre cabeças
Atentem as leis que decretam!
O esgotamento do povo é terrível.
Por toda parte há desemprego.
Majestade!
O que fizeram com o meu rosto,
vós fazeis com o vosso povo.
O povo está sendo mutilado.
Deformaram lhe os seus direitos,
a justiça, a verdade, a razão,
a inteligência.
Como fizeram com minha boca.
Olha pra mim!
Majestade, o povo sou eu!
Um dia deixarão de ser os senhores!
Nada mais de prosternação
De baixeza
De ignorância
De cortesãos, de valetes, de reis!
Teremos homens livres! A luz!
Assista 👀 🎬 filme adaptado do livro 👇 e o discurso na íntegra:
Leia também Os Miseráveis de Victor Hugo.
Mais obras do autor: 📚
📚 O Corcunda De Notre Dame
📚 O Último Dia De Um Condenado
2 comentários:
Gerad Depardieu que já fez Jean Valjean na minissérie francesa Os Miseráveis de 2000, participa de outra grande obra de Victor Hugo.
Gostei muito da questão do egoismo e da cegueira das elites com os mais pobres e como as aparências podem nos iludir e julgamos a pessoa pelo que ela aparenta ser. Dea sendo cega percebia mais como as pessoas eram.
Olá Flávio. Agradecida por seu comentário. Eu assisti Os Miseráveis com Liam Neeson, não conheço essa versão com Depardieu, eu fiz uma reflexão sobre neste link do post em 2014. leia e comente também. Sds https://loiradobem.blogspot.com/2014/06/filosofando-verdadeira-etica-dos.html
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