sexta-feira, setembro 09, 2022

Zé Ramalho lança novo disco nesta sexta-feira

 Zé Ramalho concedeu uma entrevista exclusiva ao Estadão sobre o lançamento de “Ateu Psicodélico” nesta sexta-feira (09), que leva o selo Avôhai / Discobertas.

O disco, produzido por Robertinho do Recife, é composto por 12 canções autorais e inéditas, conta com a participação especial de Waldonys e Andreas Kisser e disponível em todas as plataformas digitais entre elas Spotify 

Foto: Divulgação/ Discobertas









Dez anos depois de lançar Sinais, Zé ressurge com Ateu Psicodélico

Julio Maria, do Estadão Conteúdo

09.09.2022, 08:04:00

Você escreveu em um breve texto sobre o trabalho que "esse disco é um manifesto, um turbilhão de imagens e vocábulos para contrastar com a música praticada atualmente no Brasil". Que música é essa?

Todas as músicas praticadas no Brasil são repetitivas. Não há nada de especial em nenhuma delas. Temas românticos cotidianos e divagações leves sobre política ou casos isolados são repetitivos em quase todas as situações. Como disse recentemente Guilherme Arantes: "Não há mais delírio na música brasileira". E eu sou o fornecedor de delírios desde o primeiro disco. Na música Vila do Sossego, do primeiro álbum, está a frase: "E nos delírios, meus grilos temer"... Não quero desvalorizar, com isso, quem não delira quando faz música. Mas é um gatilho que, quando é acionado, provoca reações em quem ouve e escuta canções delirantes. Volto a dizer: não estou criticando nem derrubando nenhuma forma musical da música brasileira, mas estou, sim, me referindo ao comportamento passivo de todas que são feitas. Se alguém se ofender, paciência.

E sobre a audiência? Você acredita que ainda é possível modificar pessoas com a força da mensagem de uma música?

Claro que é possível! Depende da audiência. Os ouvintes também mudaram - contudo uma canção, um filme, uma imagem podem despertar na mente reações que estavam silenciadas. Quando você vê uma imagem que chama a sua atenção, você pensa no que está vendo. Numa música é mais movimentado ainda o pensamento, porque tem as sonoridades da composição, que atuam junto às letras que formam imagens e deixam o ouvinte feliz ou agoniado.

Sua voz ressurge, mesmo alguns anos depois do último álbum e depois de um período de reclusão, com brilho. Há algo que explique isso, tecnicamente falando?

Minha voz é um mistério para muita gente. Não tenho nenhum cuidado, mas ela está dentro de mim e, agora, mais que nunca, aos 72 anos, troveja assustando e deliciando muitas plateias. É uma das minhas habilidades de que me orgulho, mas não tenho cuidado nenhum em gargarejos, em pastilhas, e essas "benzeduras" populares, que tanto se apregoam, não fazem parte do meu trovão. Como eu digo no verso da música Repentista Marvel do novo disco: "Não bula comigo não / Que quando eu canto tudo cala / A montanha se abala / E fica diferente o ar".

Como tem visto o País politicamente nestas vésperas de eleições?

Nosso país passa por novas experiências políticas. A população dos eleitores cresceu. Há os novos eleitores que conseguiram antecipar a idade para votar, os de sempre, que adoram votar, e os que, como eu, atingiram 70 anos e estão liberados desse "sacrifício". Eu não me envolvo mais com nenhuma dessas escolhas Acompanho tudo pelos telejornais e continuo achando que a vida é uma vida de gado, o povo é um povo marcado e também é um povo feliz!

Há três nomes no álbum sobre os quais gostaria que comentasse Waldonys, Andreas Kisser e Robertinho do Recife. O que essas pessoas trouxeram?

Waldonys tornou-se um superastro da autêntica música nordestina. Sua habilidade e rapidez com a sanfona são inalcançáveis! Eu digo a ele: "Você é o gatilho mais rápido do Oeste". Andreas Kisser, por excelência, é um metaleiro e, mesmo metaleiro, sempre procurou juntar a pesada sonoridade do metal com outros sons. E Robertinho de Recife já é um dos maiores de todos. Tenho o privilégio de trabalhar com ele há 20 anos.

Ateu psicodélico. Parece uma boa forma de defini-lo. Mas o mesmo "ateu" com relação a um Deus central tem tantas outras crenças, não?

O Ateu Psicodélico é uma fase da minha vida em que não acredito nas divindades das religiões. Todos que acreditam em alguma religião têm sua fé e a partir do momento que lhes dá esperança e conformismo, que seja! Tenho o meu direito de pensar assim, sem desmerecer nenhum culto que existe, apesar de saber que todos estão ligados a uma questão financeira.

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 Zé Ramalho fala sobre o lançamento do vinil duplo de "Ateu Psicodélico":

  

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e transcritas parcialmente do Correio24horas.com.br

Postagem atualizada em  08/03/2023 

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