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terça-feira, 5 de novembro de 2019

Agressão Passiva

Numa entrevista a BBC Londres em Agosto passado, Julia Shaw, psicóloga criminal alemã, doutora em Psicologia pela Universidade de


British Columbia, no Canadá, e atualmente pesquisadora
na London College University, autora do livro Making Evil 
(Fazendo o mal, em tradução livre).

Traz um estudo detalhado sobre nossa infinita capacidade de ferir.
Ela passou anos explorando os cantos mais sombrios da mente humana.
Segundo ela, apenas uma linha tênue nos separa da maldade,

Entre um dos temas, 'agressão passiva', da qual eu prefiro pensar
que seja insconcientemente', o mal que provocamos com
atitudes de indiferença, omissão ou negligência às pessoas.




Abaixo, trechos da entrevista:

Por Irene Hernández Velazco Especial para BBC News Mundo
11 agosto 2019. 

Tem uma citação maravilhosa sobre a qual venho pensando,
de Aleksandr Solzhenitsyn, um escritor que sobreviveu
às horrendas condições do gulag (campo de concentração)
soviético, sobre os guardas da prisão que trabalhavam nos campos.

"A linha que divide o bem e o mal atravessa o coração de
cada ser humano. E quem está disposto a destruir um pedaço
do seu próprio coração?"

No que alguns cientistas chamam de "sadismo do dia a dia",
os participantes de um experimento foram solicitados
a prejudicar outras pessoas por meio de vários métodos, 
como administrar ruídos muito altos, matar insetos ou
fazer outras coisas prejudiciais.

A pesquisa revelou que, enquanto muitos de nós
estariam dispostos a prejudicar uma vítima inocente,
apenas aqueles que têm uma pontuação mais alta
no sadismo o fazem quando percebem que a outra pessoa
não se defende.

Nossas mentes estão programadas para ter prazer com
o sofrimento dos outros, como quando sentimos
alegria quando um colega que odiamos falha
em algo importante, mas felizmente só acontece
às vezes.

Acredito que um dos tipos mais interessantes de agressão, e
certamente o mais comum, envolve machucar alguém
por não responder: agressão passiva.

Com os amigos, podemos intencionalmente ignorar
uma mensagem de texto de desculpas.
Com nossos pais, podemos nos atrasar para frustrá-los e,
com os namorados ou namoradas, podemos nos recusar
a fazer sexo para puni-los pelomau comportamento
que percebemos que tiveram.

Por que fazemos essas coisas?
Uma razão pode ser que esse tipo de comportamento
seja fácil de negar. Se eles descobrirem você e acusarem
você de se comportar passivamente de forma agressiva em
uma discussão, você sempre pode dizer: "O quê? Eu não fiz nada".

Podemos dizer a nós mesmos que, como é agressão devido à inação
em vez de ação, não somos culpados.
No entanto, na realidade, a agressão passiva pode ser tão prejudicial
para as relações e o bem-estar psicológico dos outros quanto
outros tipos de agressão.

A agressão é um comportamento humano normal: devemos ter cuidado
apenas para controlar a raiva ou a frustração para que possamos
minimizar o dano o máximo possível.

Para ler na íntegra: BBC

Por isso, sempre preferi as palavras do meu amado Nietzsche:
“A palavra mais ofensiva e a carta mais grosseira são melhores
e mais educadas que o silêncio.” .

As palavras podem até machucar, mas eliminam a falsa expectativa
ou sentimento de dor e dúvida que o silêncio e a indiferença
provocam e deixam profundas feridas na alma, difíceis de curar, pois 
rebaixa o outro a um nada!


"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia." José Saramago