quinta-feira, dezembro 20, 2012

Fim do Mundo: Líderes maias denunciam mentiras das autoridades

Os líderes das comunidades maias da Guatemala têm denunciado as autoridades por deturparem a alegada data do "fim do mundo", a 21 de dezembro, último dia referido em alguns calendários encontrados em locais arqueológicos.

“Somos contra os enganos, as mentiras, as deformações, o folclore e a comercialização (…) que desvirtuam o verdadeiro sentido dos ciclos do tempo”, afirmou Felipe Gomez, responsável do grupo maia guatemalteco Oxlajuj Ajpop (13, na língua maia).

A civilização maia, localizada no norte da América Central, conheceu o apogeu entre 250 e 900 D.C. (depois de Cristo), e foi perdendo importância até 1200, desaparecendo quase completamente após a conquista espanhola. As comunidades maias do México, Belize, Guatemala, Honduras e El Salvador preparam-se para celebrar, a 21 de dezembro, o início de um novo ciclo do calendário da civilização pré-colombiana. Nesse mesmo dia, termina o ciclo maia “13 Baak t'un”, que começou há 5.125 anos, e começa outro. De acordo com os especialistas, os maias não faziam uma contagem linear do tempo, mas circular, o que significa que um novo ciclo começa no ponto em que termina o anterior.
Mais de metade da população da Guatemala – cerca de 15 milhões – pertence a grupos indígenas descendentes dos maias. O 'oxlajuj Baak t'un' (ou mudança de era maia) “implica realizar mudanças profundas a nível pessoa, familiar e comunitário para [atingir] a verdadeira harmonia e equilíbrio entre os seres humanos e a natureza, de acordo com a organização. O Governo da Guatemala – tal como os executivos dos restantes países com comunidades maias – prevê organizar um espetáculo gigante na capital, onde são esperadas mais de 90.000 pessoas, ao mesmo tempo que as empresas privadas já definiram uma série de pacotes turísticos
A festa das comunidades maias começou a 12 de dezembro e prolonga-se até ao dia em o calendário termina. À medida que turistas de todo o mundo “invadem” a chamada “Riviera Maia” no México e estâncias balneares na Guatemala, os peritos estão atarefados na “desmontagem” do mito do fim do mundo. A profecia apocalíptica que inspirou escritores e cineastas nunca aparece referida na ‘pedra-calendário’, alta e em forma de tê, esculpida pelos maias cerca do ano 669 no sudeste do México. Na realidade, a pedra conta a vida e batalhas de um governante da época, de acordo com os especialistas.

“Os maias tinham uma noção circular do tempo. Não estavam preocupados com o fim do mundo”, disse o arqueólogo mexicano Jose Romero. A pedra, conhecida como ‘monumento seis’, encontrava-se em El Tortuguero, local arqueológico descoberto em 1915. Dividida em seis pedaços, os diferentes fragmentos estão expostos em museus mexicanos e norte-americanos, incluindo o Museu de Antropologia Carlos Pellicer Camara, no estado de Tabasco (México) e o Metropolitan Museu de Nova Iorque. O primeiro estudo sobre a pedra foi publicado por um investigador alemão em 1978.

Desde aí, vários arqueólogos estudaram o seu significado e concordaram que se refere à data de 23 de dezembro. “O tema dominante do monumento seis não é a data, não são as profecias ou o fim do mundo. Trata-se da história de (então governante) Bahlam Ajaw”, afirmou Romero. A data final representa o fim de um ciclo no longo calendário maia, que começou no ano 3114 antes de Cristo. Nesta data completam-se 13 ‘baak t’uun’, uma unidade de tempo equivalente a 144.000 dias.

“Não é o fim do calendário maia, que é infinito. É o início de um novo ciclo, é tudo”, disse o historiador mexicano Erick Velasquez. Embora os maias tenham feito profecias, eles preocupavam-se com acontecimentos mais próximos no tempo e que estavam relacionados com preocupações diárias, como a chuva, a seca ou as colheitas. A crença de que o calendário anuncia o fim do mundo surge através de interpretações judaico-cristãs, afirmaram os peritos. Velasquez advertiu contra a atribuição de uma importância desmesurada ao ‘monumento seis’, lembrando que se trata apenas de uma de mais de cinco mil pedras da cultura maia que foram já estudadas.

O planeta Terra ainda tem alguns anos de vida, mesmo aos olhos dos antigos maias: algumas pedras referem-se ao ano 7000. A civilização maia, localizada no norte da América Central, conheceu o apogeu entre 250 e 900 d.C. (depois de Cristo), e foi perdendo importância até 1200, desaparecendo quase completamente após a conquista espanhola.

A indústria do fim do mundo
Perante o "anúncio" do fim do mundo, ampliado na Internet, com um cataclismo que vai engolir o mundo, uma verdadeira indústria surgiu para satisfazer a procura. O norte-americano José Arguelles, um visionário New Age, afirma que “maias galácticos viriam das estrelas para salvar 144.000 terráqueos evoluídos, a bordo das suas naves. Várias seitas nos Estados Unidos, Rússia, Espanha, França ou Itália preparam o apocalipse, com conjuntos de sobrevivência ou lugares em “bunkers”, a preços exorbitantes.

O antigo presidente da missão interministerial de vigilância e luta contra as derivas sectárias (Miviludes), criada em França, em 2002, Georges Fenech afirmou que, na Califórnia (costa oeste dos Estados Unidos), um lugar num “bunker”, especialmente construído para a data, é vendido a 50.000 dólares por pessoa.

A dimensão do fenómeno 2012 é tal que a agência espacial norte-americana NASA desenvolveu um sítio para comentar, de forma crítica, rumores e receios partilhados pelos internautas. Um empresário chinês recebeu mais de 20 encomendas para uma “arca de Noé” para sobreviver ao “fim do mundo”, que custa cinco milhões de yuans (800.000 dólares). Yang Zongfu, de 32 anos e originário da cidade de Yiwu, na província oriental chinesa de Zhejiang, uma das mais prósperas da China, defende que as arcas são capazes de resistir ao apocalipse.

fonte: http://www.destak.pt/artigo/149183-fim-do-mundo-lideres-maias-denunciam-mentiras-das-autoridades

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