domingo, agosto 27, 2017
Uma analogia do filme "Uma Pistola Para
Djeca" de Mazzaropi com a filosofia de Voltaire
sobre sociedade classista.
“O que deve um cão a um cão, um cavalo a um cavalo?
Nada. Nenhum animal depende do seu semelhante.
Tendo, porém, o homem recebido o raio da Divindade
a que se chama razão, qual foi o resultado?
Ser escravo em quase toda a terra.
A dependência é a raiz de todos os males.
Todos os homens seriam necessariamente
iguais, se não tivessem necessidades.
A miséria que avassala a nossa espécie
subordina o homem ao homem -
o verdadeiro mal não é a desigualdade: é a dependência.”
Voltaire.
Só
reflete:
Que homem em sã consciência se sujeitaria as vontades do outro, e se privar de sua dignidade, se assim não fosse? Princípios existem onde há escolhas, fora delas cabe só à resignação e submeter-se a vontade dos que têm o poder de decisão nas mãos, até pela autopreservação.
Uma Pistola Para Djeca (1969), do cineasta Mazzaropi mostra sobre sociedade patriarcal, divisão de classes, opressores e oprimidos e a hipocrisia social e religiosa aos não privilegiados. O poder e a influência como juízo de valor sobrepõem os valores da igreja e seus ensinamentos. Ou seja, quem manda é o dinheiro, compra até o silêncio divino, porque todos são dependentes do opressor e tampouco importam os valores morais e éticos.
Numa linguagem enganosamente simplista o enredo fala sobre o poder das classes dominantes aliado ao pensamento de Voltaire: “A Dependência é a raiz de todos os males”.
Gumercindo e sua filha vivem sob o jugo do coronel e sua família arrogante e insensível apoiados pela igreja visto como um benfeitor, "homem honrado" e graças a ele, o povo e seus dependentes têm "comida e moradia", independente se a moral pode ser questionável aos olhos de Deus, enquanto se sujeitam a todo tipo de privações e se regozijam com migalhas.
O drama familiar começa num baile onde a filha de Gumercindo (Mazzaropi) uma das serviçais é seguida pelo filho inescrupuloso do patrão na adega.
Desse estupro nasce um filho não reconhecido, motivo de chacota para todos e ao mesmo tempo torna a pedra no sapato do patrão, que, a essa altura quer unir sua fortuna com outro importante coronel e honrado. Este por sua vez, não vê com bons olhos a união, mas a filha está vislumbrada e o pároco tenta influenciar a todo o custo o casamento, já que assim continuará com seus privilégios e favores mesmo à custa do sofrimento alheio.
Quando os boatos começam a tomar força na vila sobre o neto bastardo, o coronel tenta se “livrar” do problema com o sequestro e quando o filho do Coronel sofre um atentado no casamento, a moça violada é acusada pelo crime (a corda arrebenta sempre pelo lado mais fraco).
Cabe agora ao Juízo, apesar da influência e poder protegido pela máscara “de bem” que o coronel e família passam para a sociedade dos privilegiados em restaurar a justiça. Gumercindo pode ser homem iletrado, mas não ignorante ao que se passa ao seu redor.
No bar, enquanto Gumercindo
pede uma pinga e desabafa com seus amigos, das quais também compartilham de
amarguras, logo o pároco sai em defesa do opressor:
“Vocês precisam acabar com essa má vontade com o coronel, é um homem bom, uma alma boa, ele precisa ser mais compreendido”.
"Alma boa é 'os
coletes da vó'". "O Senhor fala assim porque não para aqui. Não,
quer dizer, o senhor vive lá, mais com o pessoal do dinheiro, e
lá ele não faz 'embruiada' - quer beber uma pinga?”, retruca Gumercindo aos
risos.
Como o injustificável não tem argumentos...
Caberá a eles lutar contra
a tirania, a opressão e a hipocrisia daqueles que se beneficiam e se
omitem sobre os menos afortunados e provar a inocência da moça
para restabelecer a ordem social e moral ao Juízo(como deveria
ser), apesar da vista grossa que a sociedade faz.
"Para que servidores se não tivésseis
necessidade de nenhum serviço?
Ainda que passasse pelo espírito de algum indivíduo de bofes tirânicos e braços
impacientes por submeter o seu vizinho menos forte que ele, a coisa seria
impossível: antes que o opressor tivesse tomado as suas medidas o oprimido
estaria a cem léguas de distância. Todos os homens seriam necessariamente
iguais, se não tivessem necessidades. A miséria que avassala a nossa espécie
subordina o homem ao homem - o verdadeiro mal não é a desigualdade: é a
dependência.
Pouco importa chamar-se tal homem Sua Alteza, tal outro Sua Santidade. Duro,
porém, é um servir o outro.
Sou tão homem como o meu amo, nasci como ele a chorar; como eu ele morrerá nas
mesmas angústias e com as mesmas cerimónias.Temos ambos as mesmas funções
animais. Se os turcos se apoderarem de Roma e eu me tornar cardeal e o meu
senhor cozinheiro, tomá-lo-ei a meu serviço.
Tudo isso é razoável e justo. Mas, enquanto o grão turco não se assenhorear de
Roma, o cozinheiro precisa de cumprir as suas obrigações, ou toda a humanidade
se perverteria. Um homem que não seja cozinheiro de cardeal nem ocupe nenhum
cargo no Estado; um particular que nada tenha de seu mas a quem repugne o ser
em toda a parte recebido com ar de proteção ou desprezo; um homem que veja que
muitos monsignori não têm mais ciência, nem mais espírito, nem mais virtude que
ele, e que se enfade de esperar nas suas antecâmaras, que partido deve tomar? O
da morte".
Trechos de Dicionário Filosófico de Voltaire.
Para o filósofo, o oprimido
de hoje sonha em ser o opressor de
amanhã e manter sobre domínio os de agora.
Porém, enquanto isso não acontece, ele precisa se sujeitar ao
seu senhorio. Sem escolhas, os resignados se curvarão diante
da má sorte e até se regozijar com as parcas condições oferecidas,
do seu benfeitor.
Mas viver sem perspectivas e sem dignidade, a morte é mais viável, pois não há
diferença entre a servidão e ela. Será melhor morrer lutando pelos seus direitos
do que permanecer subjugado, sendo não mais que um morto-vivo.
terça-feira, agosto 08, 2017
sexta-feira, agosto 04, 2017
de todas as que ele já conhecera.
Era a pedra da felicidade. Possuía o poder de transformar desejos
Como a pessoa que a havia encontrado era um jovem pobre e sofredor,
Apareceu ao moço em sonho e disse-lhe que a pedra tinha poderes para
Mas que esses benefícios somente poderiam ser utilizados em favor
O moço acordou desapontado. Não gostou de saber que os poderes da pedra
Assim, resolveu guardá-la, sem interesse em fazer uso dela. Os anos se passaram rememorando seu passado com uma vida infeliz, muitas dificuldades, privações e dissabores. Reviu a pedra que guardara consigo lembrou-se do sonho e dos prováveis poderes da pedra. Decidiu usá-la, mesmo sendo em proveito dos outros.
Assim, realizou o desejo de uma jovem, disponibilizando-lhe um bem material.
Ao realizar o terceiro benefício, aconteceu o inesperado, a fada apareceu:
- Usaste a pedra da Felicidade. O que me pedires, para ti, eu farei.
O homem ficou muito triste ao entender o que se passara.
- Dá-me, tão somente a felicidade de esquecer o meu passado egoísta.
Reflexão:
Quando se faz o bem aos outros, fazemos a nós mesmos, enquanto o egoísmo nos leva à derrocada moral e espiritual, a partilha além de ser prazerosa torna o fardo mais leve e a vida muito mais enriquecedora.
Que agosto comece assim: com mais partilha menos egoísmo.
Texto: Autor Desconhecido
Fonte: Internet / Google
Fotos:pixabay/free.
terça-feira, julho 18, 2017
As escolhas definem você ou você é definido pelas suas escolhas?
Meryl Streep
Na semana passada em comemoração ao dia do “Rock and Roll” (13 de Julho)
foi bom rever na TV, o filme “Ricki and the Flash – De Volta pra Casa” pelo canal HBO.
Desta vez com olhar mais apurado sobre o drama. O filme, segundo, Diablo Cody, baseado em sua sogra que cantou rock' n roll por muitos anos e estrelado por Mery Streep, bastante confortável no papel de roqueira, canta de verdade e ainda conta com a presença do músico e cantor de rock, Rick Springfield, além da boa trilha sonora que, inclui até Bruce Springsteen (My Love Will Not Let You Down).
Sem ver os filhos há anos até que recebe um telefonema do ex-marido sobre a filha que passa por uma crise existencial num divórcio complicado e pede ajuda à ela: “Às vezes filhos precisam da mãe mesmo tendo uma madrasta como 'mãe'”.
Mas não é fácil se perdoar e ser perdoada, pois, seus filhos guardam profundos ressentimentos pelo abandono das quais eles também nunca a procuraram e será muito difícil conseguir a redenção, além do enorme abismo que os separam no presente, pelas cobranças do passado.
Oscar Wilde dizia: “No início, os filhos amam os pais. Depois de certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam”. Porém, ele mesmo encontra a resposta: “Não sou jovem o suficiente para saber tudo”. Porque só com a maturidade é que podemos compreender as escolhas dos outros sem julgá-los com tanta rispidez.
Provavelmente por causa desse modelo patriarcal, machista e seletivo onde sonhos, projetos e livres escolhas são prioridade de homens.
Engenheiros do Hawaii sabe das coisas: “Perdoa o que puder ser perdoado. Esquece o que não tiver perdão. E vamos voltar àquele lugar”.