quarta-feira, fevereiro 01, 2012
por Eugênio Mussak.
Da leitora Sonia Araújo: “Por que hoje em dia o mundo trata coisas e pessoas como descartáveis? Como fazer para não ser considerado algo descartável?”
– Joga pedra na Geni!
Esta é uma das frases fortes de uma das melhores músicas do Chico Buarque, lá dos idos de 1977. Conta a história de uma cidade de gente má, que se vê ameaçada pelo comandante de um zepelim dourado cheio de canhões. Mas há uma esperança. O feroz guerreiro se interessa por Geni, uma linda moça de grande coração e de vida devassa:
– Quando vi nesta cidade/ Tanto horror e iniqüidade/ Resolvi tudo explodir/ Mas posso evitar o drama/ Se aquela formosa dama/ Esta noite me servir!
Mas, para a surpresa de todos, Geni nega-se, pois ela tem lá seus caprichos. Cidadãos respeitáveis imploraram que ela os salvasse. O prefeito veio de joelhos, o bispo de olhos vermelhos e o banqueiro ofereceu 1 milhão. Todos a encheram de mimos e elogios:
– Você pode nos salvar/ Você vai nos redimir/ Bendita Geni!
Ela, então, cede às suplicas de todos e entrega-se nauseada ao forasteiro, que cheirava a brilho e a cobre. Quando ele, saciado, vai embora e ela pensa que finalmente vai descansar, ouve a cantoria daqueles que havia acabado de salvar, e que não viam nela mais nenhum valor:
– Joga pedra na Geni/ Joga bosta na Geni/ Ela é boa de apanhar/ Ela é boa de cuspir/ Ela dá pra qualquer um/ Maldita Geni!
Pois é, o Chico, em uma de suas melhores fases conseguiu, com sua poesia, desnudar a alma mais uma vez. Só que, desta feita mostrou um lado sombrio, mesquinho e pequeno que carregamos em nós.
Abordou aquela terrível mania de conferir utilidade para as pessoas e tratá-las de acordo com essa utilidade, e não em função de sua condição de ser humano.
Ao lidarmos com uma pessoa apenas com base no ponto de vista de sua utilidade, a estamos “coisificando”, tratando-a como uma coisa.
E isso ocorre porque a sociedade em que vivemos é o império da eficácia e não o reinado do valor. Sim, pessoas descartadas são pessoas coisificadas.
E o pior é que ideias, valores e até pessoas são descartadas com freqüência, após vencer o prazo de utilidade. É o “efeito Geni”
Cada um tem seu valor
". Atribuir-se valor e fazer jus a ele dá à pessoa uma qualidade só sua, demasiadamente humana, e que os objetos nunca terão: dignidade.Coisas têm preço, atribuído em função de sua utilidade e de sua raridade. Pessoas têm dignidade, que lhes é atribuída de maneira diretamente proporcional aos seus valores. Todos podem escolher como percorrer a vida. Há o atalho do preço e há o caminho do valor". Boa escolha!
Texto publicado sob licença da revista Vida Simples, Editora Abril.
Todos os direitos reservados.
trecho reproduzido do site de eugeniomussaki para ler na íntegra.
Imagem: Reprodução blogdovelhinho
Nota deste blog: Embora a música não deixa claro quanto a sexualidade de Geni, na peça "Ópera do Malandro" é interpretada como um travesti.
domingo, janeiro 29, 2012
PROMOÇÃO SHOW ALMIR SATER EM ROLIM MOURA RO 03/03/12- Imperdível -
Gentileza Abílio Ikeziri
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terça-feira, janeiro 17, 2012
Tendo o leão perdido subitamente a sua rainha, todos se apressaram a mostrar fidelidade ao monarca oferecendo-lhe consolo.
O monarca deu vazão à sua tristeza e toda a caverna, visto que leões não têm outros templos, ressoava com seus lamentos. Seguindo o seu exemplo, todos os cortesãos rugiram, em seus diferentes tons. A corte é um lugar onde todos ficam tristes, alegres ou indiferentes de acordo com o príncipe reinante; ou, se alguém não se sente assim, pelo menos tenta parecer que sente; todos procuram imitar o senhor.
Diz-se que uma só cabeça anima milhares de corpos, mostrando nitidamente que os seres humanos não passam de máquinas. Mas voltemos ao nosso assunto. Só o veado não chorava. Como ele era capaz disso, realmente?
-A morte da rainha era uma desforra pura para ele; ela havia estrangulado a sua esposa e o seu filho.
Um cortesão achou justo contar ao consternado monarca, e até afirmou ter visto o veado rir. A ira de um rei, diz Salomão, é terrível, principalmente a de um rei-leão. “Miserável forasteiro!” exclamou, “ousas rir quando todos a sua volta se desfazem em lágrimas?
- Não sujaremos nossas garras reais com teu sangue profano! Vingarás, bravo lobo, a nossa rainha imolando esse traidor a sua augusta alma”
Ao que o veado respondeu: ‘Senhor, já não é mais hora de chorar, a tristeza aqui é supérflua. Vossa reverenciada esposa acabou de aparecer para mim repousando sobre um leito de rosas;eu a reconheci instantaneamente.
- ‘Amigo’. ela me disse, termine essa pompa fúnebre, faça cessar essas lágrimas inúteis permaneça por uns tempos incontido, ele me gratifica."
- Mal ele havia falado, quando alguém gritou: “Um milagre! Um milagre!”
O veado, em vez de ser punido, recebeu um belo presente.
Moral da História: Deixe que o rei sonhe, teça-lhe elogios, e conte-lhe algumas mentiras agradáveis e fantásticas. Por mais indignado que ele esteja com você, engolirá a isca e fará de você o seu melhor amigo. FÁBULAS, JEAN DE LA FONTAINE. 1621-1695
Ponto de Reflexão:
"Se quiser contar mentiras que pareçam verídicas, não conte a verdade na qual ninguém vai acreditar". IMPERADOR TOKUGAWA IEYASU DO JAPÃO, SÉCULO XVII
"A pessoa mais detestável do mundo é a que sempre fala a verdade, nunca romanceia. Eu acho sempre mais interessante e lucrativo romancear do que dizer a verdade. (Joseph Weil vulgo “The Yellow Kid”, 1875-1976).
domingo, dezembro 18, 2011
25/03 - Estádio Beira Rio - Porto Alegre
29/03 - Engenhão - Rio de Janeiro
31/03 - Estádio do Morumbi - São Paulo
01/04 - Estádio do Morumbi - São Paulo
Site Oficial: http://www.roger-waters.com
Para informações sobre mapas e assentos, não deixe de acessar nosso Flickr em:
http://www.flickr.com/t4fbr
COMING BACK TO LIFE (TRADUÇÃO) - PINK FLOYD - 1994
"Onde Voce estava ...quando eu fui queimado e despedaçado"???
sexta-feira, dezembro 16, 2011
E Por falar em Capitalismo, a maioria das cartinhas, como a gente vê, o poder influenciador da Mídia nelas, eles querem Robô, Helicoptero voador, Patins, Computador, Skate. Creio eu que talvez para algumas crianças decepcionadas suas mães terão que conter o choro, esconder o pranto e dizer que o tal Noel, velhinho errou a entrada do chaminé e seu trenó não deslizou pois aqui não havia neve, ou ele está velho demais para viajar milhas assim, mas que muita criança vai ficar no chororô danado vai.. E entre algumas cartas, eu logo me identifiquei com a da Émily, 09 anos, que dizia estar indo para a 5 Série e que precisava de material escolar. Fiquei a imaginar que criança seria esta, de ao invés de pedir um brinquedo como é o de praxe preferia os cadernos, uma como eu certamente, eu pedia para minha "irmãe" mais velha, O Dicionário, ao ler os livros queria entender o sinônimo das palavras contidas neles.
Bem, material comprado, cadernos, caixa de lápis de cor e adereços. Lembrei do Pe Fabio de Melo percebeu que era pobre (na minha linguagem social "menos favorecido") quando criança, ao ir para a escola e não ter uma caixa de lápis de cor com 24, sic o que o diferenciava dos demais.
Embora a menina tenha feito o pedido do material escolar é óbvio que quando abrisse o tal embrulho, estaria esperando porr algo a mais, já que fez questão de "destacar" - Eu fui uma boa menina, estudei direitinho o ano todo e passei para a 5 Série. Qualquer pessoa um pouco sensível ou que se colocasse no lugar dela iria ter o mesmo sentimento que tive - acrescentei uma Barbie para ela e um Jogo de Quebra Cabeças da montagem de um Circo (para estimular o raciocínio lógico) e com os seguintes dizeres: "Como você foi uma criança estudiosa o ano inteiro, resolvi de dar um Prêmio, então continue a estudar mais e mais que a recompensa sempre virá sem esperar".
PS: Aonde ministro aulas como voluntária os moradores são credenciados e escolhemos o nome de uma criança para dar presente, mas eu nunca havia participado desta experiência antes em Correio.
Em Tempo: Lembro que anos atrás um Chefe de uma das empresas que eu trabalhei, dizia que o socialista "Fidel" era o "invejoso" ou seja "eu não tenho e não deixo o capitalista ter". Confesso que sem refletir muito cheguei até a pensar desta forma por uns tempos, mas não concordo mais com isto - o que poucas pessoas compreendem é que não condenamos o Ter, Ganhar - Como tão bem falou Roger Waters "Não há nada de errado em ter dinheiro, ganhar, enriquecer", desde que saibamos ser justos com os demais e praticar o altruísmo e a partilha.
O que nos incomoda é a ganância, o desejo exarcebado de ter, e passar por cima de qualquer valor para vencer e se uma pessoa tem essa consciência, sentimentos como egoísmo, avareza e o mesquinharia, vão perdendo força, pois a "medida que doo, eu também recebo".