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sexta-feira, fevereiro 27, 2015

27 de Fevereiro – Dia Nacional do Livro Didático

























Estar em redes sociais exige dinâmica constante - onde é preciso agregar coisas que somam, além da marca em si, e o "triplé" que trabalho sobre Almir Sater, desde 2006 sempre foi este: Música, Cultura e Meio Ambiente... são coisas que estão intrinsecamente ligadas com o Artista, o que ele apoia, estimula e conscientiza na sociedade. Ser uma figura pública também exige responsabilidade sobre e a imagem altamente positiva de Sater funciona bem com esse três assuntos distintos mas tão ligados entre si: Afinal, só quem tem sensibilidade artística, terá respeito e empatia pelos outros dois. E vários artistas, não só publicitários, "marketeiros" e entidades organizacionais já descobriram esse"insight".  E até onde eu sei,  são coisas que o artista vivencia em sua vida, o amor pela natureza e a curiosidade pelo saber, esta última, endossada por sua mãe, anos atrás, em um vídeo escolar. E verdade seja dita, eu nunca vi mãe mentir, portanto qualquer coisa ao contrário, é tudo culpa da mãe dele então..risos...

Voltando ao Dia do Livro Didático... Segundo os Jornais, "o dia de hoje é importante pois serve para resgatar o valor da utilização do livro didático como ferramenta fundamental para o trabalho pedagógico dos professores e seus alunos. De caráter pedagógico, o livro didático surgiu inicialmente como um complemento aos livros clássicos auxiliando na alfabetização, no conhecimento da história, da filosofia, da matemática e das ciências".  Eu acrescentaria, que os professores, educadores, não só estimulem os alunos a aprender ou a ler, mas também leiam antes o conteúdo, criem dinâmicas que tornam o aprendizado mais atrativo, que aguça a curiosidade das crianças, envolva todos no processo, como partes que se completam, e assim, podemos mudar a Sociedade num todo. A mudança começa do individual para o coletivo. "Boa Leitura e Bom Aprendizado".
Esta é uma viagem que vale a pena prosseguir.

quinta-feira, outubro 30, 2014

DIA NACIONAL DO LIVRO






 















Foi instituído pela Lei nº 5.191, de 13 de dezembro de 1966, o dia 29 de outubro foi escolhido para ser o Dia Nacional do Livro por ser a data oficial da fundação da Biblioteca Nacional. 

Nesse dia nesse dia, em 1810, 
a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil, quando então foi inaugurada a Biblioteca Nacional .


Inicialmente chamada  Real Biblioteca no Brasil, ela começou 
com um acervo de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, 
moedas, medalhas, etc. trazidos de Portugal com a vinda 
da família real portuguesa para o Rio de Janeiro 
em 1808. 

A Biblioteca Nacional é a maior biblioteca da América Latina, 
sendo considerada pela Unesco uma das dez maiores bibliotecas 
nacionais do mundo.

No Brasil os livros começaram a ser editados a partir de 1808 
quando D.João VI inaugurou a Imprensa Régia e o primeiro livro editado 
foi "Marília de Dirceu",de Tomás Antônio Gonzaga. 

Comemoremos todos essa data, pois livros podem construir 
pessoas e nações, basta um pouco de dedicação e força 
de vontade para mergulhar no universo do conhecimento 
aonde tudo é novo a cada livro lido. 

E aqueles que lemos novamente sempre aprendemos algo que 
deixamos passar antes. 

Reproduzido do Site construindohistoriahoje 
Dia Nacional do Livro. Imagem: CDBB.

quinta-feira, outubro 16, 2014

16 de Outubro - Aniversário de Oscar Wilde







Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde é o nome completo daquele 
que viria a ser um dos maiores escritores do século XIX. 
As turbulências e confusões cercam sua vida desde o dia do seu nascimento; 
uma dúvida até os dias de hoje. 
A data mais defendida seria 16 de outubro de 1854, 
mas, existem algumas divergências, sendo que alguns estudiosos 
afirmam que a data correta seria 15 de outubro de 1856; 
outros apontam o ano de 1855. 
 Isso se torna irrelevante diante da grandiosidade de sua obra, 
 desenvolvida durante os seus 46 anos de vida.


Nascido em Dublin, Irlanda, era filho de um médico, 
Sir William Wilde, morto em 1876 e 
uma escritora, Jane Francesca Elgee, árdua defensora do movimento da Independência Irlandesa, 
fazendo com que desde criança Oscar Wilde 
estivesse sempre rodeado pelos 
maiores intelectuais da época. 
Sempre foi um aluno brilhante, sobretudo 
nos estudos das grandes obras clássicas gregas 
e pelos seus altos

conhecimentos dos idiomas. 
Estudante na Portora Royal School de Enniskillem, onde ingressou em 1865, ganhou vários prêmios por esse seu destaque, inclusive no Trinity College, em Dublin, e no Magdalen College, Oxford, onde ingressou em 1874, saindo 4 anos depois. Nessa mesmo época, em 1878, ganhou o prêmio Newdigate, com a clássico "Ravena".

Desde cedo, sobressaía-se entre os 
demais estudantes, tanto pela sua inteligência
 quanto pelo temperamento forte e anticonvencional, 
levando-se em consideração
 a alta moralização dos costumes no século XIX. 
Mantinha sempre um ar de superioridade por onde ia, mas 
sua forte personalidade
e seu brilho natural sobrepunham-se a isso, 
tornando-o figura indispensável.
Em 1887 e 1888, foram lançados vários contos e novelas, 
como "O Príncipe Feliz", "O Fantasma de Canterville" 
e várias outras histórias, 
todas fantasiosas demais, chegando a ser comparadas 
com Contos de Fadas, 
mas, como toda a amargura que residia 
no coração de Oscar Wilde.
Seu período literário mais produtivo foi 1887-1895.
Em 1891, lançou o que viria a ser sua obra prima, 
a obra que o colocaria para sempre no hall 
dos grandes escritores, 
"O Retrato de Dorian Gray". 
Livro que retrata a decadência moral humana,
 "O Retrato..." 
fez o escritor tornar-se ainda mais admirado e famoso.


 "Direto ao Inferno sem Purgatório".


No entanto, no seu apogeu literário, começaram a surgir os problemas pessoais. 
O que antes eram apenas boatos, passou a se concretizar, dando início a decadência pessoal daquele grande homem.

Suas atitudes, já um tanto quanto audaciosas para a época, 
ainda desafiariam muito mais a moralidade aristocrática inglesa. 
Rumores sobre seu homossexualismo, severamente condenado por lei na Inglaterra, apareceram, não podendo mais serem negados por ele. 
A 6 de abril começa o primeiro dos processos contra ele., no Tribunal de Old Bailey. 
Em 11 de abril, é transferido da Prisão de Bow Street,
 onde estava encarcerado, para a de Holloway, 
como réu de crime inafiançável.

Em 1885, a sentença é decretada: 
Oscar Wilde foi condenado por sua relação dúbia com 
o Lord e suas práticas homossexuais à 2 anos de cárcere. 
Segue-se uma transcrição das palavras do Juiz, onde ele diz, 
entre outras coisas, qual seria a penalidade para o literato. 
Depois desse incidente, toda sua fama e sucesso financeiro começa a desmoronar. 
Suas obras e livros são recolhidos das livrarias, assim como suas comédias
 tiradas de cartaz. O que lhe resta, acaba sendo leiloado 
para suas despesas do processo judicial.

Ainda assim, a poesia estava em suas veias e
 escreve mais duas obras: "A Balada do Cárcere de Reading", 
baseado na execução do ex-sargento Charles T. Woolridge dentro da Prisão de Reading 
e "De Profundis", uma longa carta ao Lord Douglas. 
Wilde era o prisioneiro C-33 do presídio de Reading.

Foi libertado em 19 de maio de 1897 
e transferiu-se para a França, onde adotou o pseudônimo
 de Sebastian Melmouth, 
usando esse nome inclusive para o seu registro no Hotel d´Alsace, 
onde passou a maior parte do resto dos seus dias. 
Após toda essa decadência mais física, econômica do que moral, 
conhece a pobreza, e tudo o que de pior ela pode trazer. 
Vive isolado em hotéis baratos, destruindo-se através do absinto, 
cuja cor lhe rendeu frases célebres.

Oscar Wilde, espirituoso e brilhante escritor, 
morreu de meningite e uma infecção no ouvido chamada "cholesteotoma" (doença muito comum antes do advento dos antibióticos) 
em um quarto barato de um hotel de Paris, às 9h50 min 
do dia 30 de novembro de 1900. 
Morreu sozinho, mas, não desmoralizado, 
pois havia deixado insubstituível obra que, mesmo depois de 1 século, 
ainda é admirada e relembrada, tamanho a sua genialidade. 
Suas últimas palavras foram "Esse papel de parede é horrível! 
Alguém precisa trocá-lo!", referindo-se ao papel de parede
 do quarto de hotel onde se encontrava.

Fonte: (Éditions Ferni, Géneve - Otto Pierre, Editores - Rio de Janeiro).

Algumas frases célebres e impactantes do gênio escritor:

“Como não foi genial, não teve inimigos.”
“Posso resistir a tudo, menos a tentações.”
“As mulheres bonitas não têm que ter ciúmes dos seus maridos. 
Estão demasiado ocupadas com os ciúmes 
que têm dos maridos de outras mulheres".
“Tenho gostos simples. Me satisfaço com o melhor.”
“O mundo é um palco, mas o elenco é mal escolhido.”
"Um moralista e, quase sempre, um hipócrita; 
uma moralista invariavelmente, um bagulho."
"Viver é a coisa mais rara do mundo. 
A maioria das pessoas apenas existe."
"Não sou jovem o bastante para saber tudo."
"Sou a única pessoa no mundo
 que eu realmente queria conhecer bem."


LER WILDE É PRECISO: 

Algumas Obras:
A Decadência | Alma Do Homem Sob O Socialismo.
O Fantasma de Canterville | A Balada do Cárcere de Reading.
De Profundis |O Retrato de Dorian Gray |A Esfinge sem Segredo.

Contos:
O Amigo Dedicado |A Rosa e o Rouxinol |O Gigante Egoísta.

Para Baixar:

sábado, maio 17, 2014

Machado de Assis é para ampliar, não simplificar




 

APOIADO e Integralmente o Prof. Alcides Villaça, literatura brasileira da USP, vide polêmica gerada pela então escritora paulista Patrícia Engel Secco, sobre em "simplificar" o Obra do Imortal Machado de Assis vide link http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/de-machado-de-assis-a-shakespeare-quando-a-adaptacao-diminui-obras-classicas


Cara escritora, me perdoa por não conhecê-la até então, mas usando de suas próprias palavras, faço as minhas, "As redes sociais estão cheias de exemplos de prejulgamentos e linchamentos baseados em equívocos de interpretação”, a começar pela sua infeliz ideia.
Almir Sater em 2010, em entrevista para meu Blog, perguntas feitas pela fãs, na época da Comunidade do Orkut, disse algo que se encaixa no que penso  sobre "simplificar" a obra de Machado de Assis:


 "Em relação as obras particulares é igual as pessoas invadirem sua casa e ir entrando, né, o artista, você invadir a obra dele significa mais ou menos isto, entrar na sua casa sem permissão, ninguém gosta.". 

—A Arte nunca deveria aspirar à popularidade, mas o público deve aspirar a se tornar artístico. Oscar Wilde.

Machado de Assis mais “simplesinho”?

A você, que acha que sabe por que os jovens não gostam de ler Machado de Assis e entende ser necessário “simplificar” os seus textos:

Machado de Assis não é pra ser “gostado” como sorvete de limão ou chocolate. Machado é um problema pra qualquer criatura inteligente (por favor, tente se preocupar). Ele relativiza os valores que servem de colchão pras nossas vidas. Ele aprendeu na prática (era mulato, meu bem) que é duro nascer pobre e sem voz. Ele viu e entendeu logo todas as falcatruas de quem está no poder. Pior que isso: ele não achava que as classes subjugadas tivessem qualquer outra intenção que não a de serem classes dominantes. E se aparelhou para sobreviver, e viver bem. Ele viu e entendeu que talvez não valha a pena tanto esforço por idealismos condenados ao fracasso, conforme a História Política (que Maquiavel estudara tão bem) já provou. Ele imaginou que o esforço de ser sublime não compensa na barganha da próxima esquina. Ele piscou o olho para nós porque sabia muito, e também não sabia o que fazer com suas melhores intenções, e sua secreta poesia, e seu inconfessável sentimento do trágico. E ele nos provou que tudo isso só passa a existir com o aparelhamento certeiro de uma linguagem, de uma fala absolutamente pessoal, com um sujeito já dentro.
E aí vem você é quer “facilitar” tudo isso, minha cara? Você não sabe o quanto custou para aquele mulato lúcido nos mostrar o mapa das nossas minas mais íntimas, da sociedade violenta que cochila dentro de nós? Pois saiba que os jovens leitores para quem apresento, como professor, os textos de Machado, se revitalizam com essas questões e agradecem pelo fato de que existe um artista que lhes dá forma e expansão. Com o texto dele, começam e recomeçam as mais vivas discussões.


Caso queira aprender a redigir sem “dificultação”, sugiro começar com a fórmula sujeito + verbo + complemento, até atingir outras sequencias possíveis e enfim começar a ler - é o que te desejo - um texto do verdadeiro Machado de Assis. Do autêntico. Qualquer falsificação jogue imediatamente no lixo.


Por Prof. Alcides Villaça, docente em literatura brasileira da USP.
Fonte: Perfil Facebook. 

quarta-feira, abril 23, 2014

Hoje é dia de Shakespeare - 23 Abril



"Ser ou não Ser ? eis a questão". As eternas dúvidas de Hamlet, mas hoje é dia de Shakespeare, seu criador, e portanto não há dúvida quanto à essencialidade de sua obra.














Infelizmente, aniversário de sua morte, mas por que não lembrar deste, que soube através de suas dramaturgias, explorar emoções tão complexas latentes em nós?. Shakespeare nasceu em 1564, em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra. E faleceu na sua cidade natal, em 1616, aos 52 anos, no dia 23 de Abril. Chamado frequentemente de poeta nacional da Inglaterra, ele foi um artista respeitado em sua própria época, mas sua reputação só atingiu o auge no século 19.  Suas peças permanecem populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e reinterpretadas em todo o mundo.

Entre seus livros e incontáveis romances e peças estão "Romeu e Julieta", "Othelo", "Hamlet", "Macbeth", "Sonho de uma noite de verão" e a "Tempestade"  foram os que eu li ou assisti filmes adaptados deles, "A Megera Domada", transformada em um folhetim da Globo, adaptada como "O Cravo e a Rosa". Ou seja, nada se cria tudo se copia. Embora, não com a mesma genialidade do autor. 

 

Através da sagacidade de Shakespeare, ao ler e assistir Othelo, uma reflexão sobre ego, insegurança, manipulação, inveja e ganância:

“De todas as poderosas armas de destruição que o homem foi capaz de inventar, a mais terrível e a mais covarde é a palavra”.

Quantas vezes por intriga e interesse vil de outros, cheios de perfídias nos encara como “pedras no seu caminho” e semeiam dúvidas, quanto ao caráter. Quantos relacionamentos rompemos e sem dar chance de explicações, amoroso, uma sociedade, parceria, uma amizade, porque "Iagos" da vida insistem em cruzar os nossos caminhos, envenenando a alma, sem chance de defesa, colocando em dúvida a capacidade, a lealdade, a fidelidade de sentimentos, o caráter pelas circunstâncias que criaram, e não verdadeiras?. 

E nós, por vezes, cegos, impulsivos, emotivos ou dominados pelo ciúme, dúvida, orgulho, cometemos os mesmos erros de Otelo, sem se dar conta que fomos manipulados por essas pessoas, o tempo todo, inseguras ou ambiciosas e dotadas de inveja, com o intuito de eliminar o obstáculo que segundo imaginam, quando na verdade, poderiam, ser somado às forças, e não fragmentadas? .

Na ficção a justiça, no final, sempre vence e a honra também.
.. Tudo que se espera é que embora existam muito Iago(s), manipuladores e vis, Emília (s) corrompidas, também há muitos “Cássio” (s), sonhadores, leais e idealizadores ao nosso lado, assim como algumas Desdêmona(s), fidedignas aos seus princípios e laços firmados, que mediante a fealdade da alma, preferem ainda a beleza da honra.

quinta-feira, junho 13, 2013

POEMA EM LINHA RETA

                               
                                                      


Hoje, 13 de junho, é aniversário de nascimento de Fernando Pessoa, um dos mais geniais escritores de todos os tempos. E para homenageá-lo meu poema predileto "Poema Em Linha Reta" seu homônimo Álvaro de Campos.

No mundo de hoje, ser sincero com quem não tem a mesma reciprocidade é um tiro no próprio pé, às vezes na ânsia de ser transparente, nós fornecemos a arma para nos aniquilar. E foi assim que me ocorreu no ano passado, por usar de franqueza excessiva.

Como dizia Oscar Wilde: "Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal".

A partir desta experiência ruim e minha mente associativa, eu me lembrei desse poema e tornou o meu favorito pelo constrangimento que passei, assim como de um livro de romance histórico que eu li, a seguir: "Oh, Deus, nunca aprenderia a manter a boca calada. Podia quase ouvir sua mãe dizendo: "O único recurso do tolo é o silên­cio, criança." [Duquesa por Acaso - Sandy Blair]

No "Poema Em Linha Reta", Pessoa, derruba o muro da hipocrisia, da aparente moralidade, honradez e ética.

Em algum momento da vida, nós erramos nas escolhas, mas na ocasião eram as mais certas para um empreendimento, uma sociedade, uma amizade, uma aquisição, um amor ou um relacionamento.

No entanto, estamos expostos as mudanças sociais, econômicas e vontades alheias, daquelas que não dependem de nós e os nossos erros, equívocos por mais que sejam passados e até superados nunca alcançam redenção. 

Algumas pessoas estão sempre olhando para o próprio umbigo, oxalá queira que eles nunca precisem desta compreensão, de alguém que estenda a mão, ao invés de empurrar para o abismo, na hora que elas mais necessitarem.

Afinal, «Quem tem telhados de vidro não atira pedras ao do vizinho.»

Como diz Pessoa: "Eu sou a sensação minha. Portanto, nem da minha
própria existência estou certo. Só disfarçado é que sou eu."
 
Ou seja, somos sempre uma contradição de nós mesmos, mas no fim "tudo vale a pena se a alma não é pequena".




POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. 
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. 
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, 
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, 
Indesculpavelmente sujo. 

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, 
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, 
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, 
Que tenho sofrido enxovalhos e calado, 
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; 
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, 
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, 
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado 
[sem pagar]

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado 
Para fora da possibilidade do soco; 
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, 
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. 

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo 
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, 
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... 
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana 
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; 
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! 
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. 
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? 

Ó príncipes, meus irmãos, 
Arre, estou farto de semideuses! 
Onde é que há gente no mundo? 
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? 

Poderão as mulheres não os terem amado, 
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! 
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, 
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? 
Eu, que venho sido vil, literalmente vil, 
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. 

Retirado do livro Poemas de Álvaro de Campos, 
edição de Cleonice Berardinelli (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, pp.234-5).
 
imagem do site Ncultura/PT 

  











Os obras de Fernando Pessoa estão disponíveis nos sites:
 
  
 
 
 
Vale a pena visitar, conhecer, ler e refletir! 
Atualizado em 13 de junho de 2019

terça-feira, abril 30, 2013

Textos de júbilo em Pollyanna





Um trecho do diálogo entre o reverendo Paul Ford e a menina Pollyanna em "sermões e a caixa de lenha" para refletir, a menina se questiona o motivo que leva o pastor a ser tão duro em seus sermões, sempre a apontar os pecados, erros e incutir o medo nas pessoas, e o compara com os ensinamentos aprendidos por seu falecido pai, também um pastor.
— Gosta de ser pastor?
— Se eu gosto? — Mas que pergunta estranha! Por que perguntas isso, minha menina?
— Nada. Pelo modo como olhava. Fez-me lembrar o meu pai. Ele costumava ter esse ar, às vezes.
O homem sorriu tristemente.— E o que é que ele dizia? — Claro que ele dizia sempre que sim, mas dizia também que não continuaria a ser pastor nem mais um minuto se não fosse por causa dos “textos de júbilo”.


— Era assim que o pai costumava chamar-lhes — disse ela a rir. — É claro, que a Bíblia não lhe chama assim, mas são todos aqueles que servem para animar e reconfortar as pessoas: Uma vez quando o pai se sentiu muito triste contou-os. Havia oitocentos textos desses.
— Oitocentos?
— Sim, textos que dizem às pessoas para ficarem contentes, para se alegrarem. Era a esses que o pai chamava “textos de júbilo”. — Ele dizia que se sentia logo melhor quando os contava. Dizia que se Deus se deu ao incômodo de nos dizer oitocentas vezes para ficarmos contentes e alegres era porque queria que nós também o disséssemos uns aos outros.

"O que as criaturas querem é encorajamento. Em vez de censurar constantemente os defeitos dum homem, falai às suas virtudes. Procurai tirá-lo da senda dos maus hábitos. Sustentai, fortificai o melhor do seu eu, a parte boa que não ousou ou não pode ainda manifestar-se. A influência dum belo caráter é contagiosa, e pode revolucionar uma vida inteira... As criaturas irradiam o que trazem no cérebro e nos corações. Se um homem se mostra gentil e serviçal, os seus vizinhos pagarão na mesma moeda e com juros...Quem procura o mal, esperando encontrá-lo, certo que o encontra. Mas quando alguém procura o bom, certo de encontrá-lo, encontra o bom".

— Deus que me ajude. – vou tentar! exclamou animadamente o pastor. Em seguida tomou as notas já escritas, rasgou-as e lançou-as para o ar, de modo que no chão, dum lado da cadeira, se podia ler: “A maldição eterna desça sobre voz” e do outro lado: “escribas, fariseus e hipócritas” e foi assim que o reverendo Paul Ford pronunciou no domingo um sermão famoso, verdadeiro toque de clarins em apelo ao que havia de melhor no imo de cada homem, de cada mulher, de cada criança que o ouviu.







Nota:
Pollyanna é um romance de Eleanor H. Porter publicado em 1913 e considerado um clássico da literatura infantojuvenil, republicado nos anos 90, narra a menina órfã que através do "Jogo do Contente" ensinado por seu pai, desenvolve sempre uma atitude otimista, mediante o pessimismo e os intempéries da vida.

Moral da História: “Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação." Albert Einstein.

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

De Profundis - A carta de Oscar Wilde


Foto:Reprodução internet - Wilde e Lord Douglas

                      Eu adoro Oscar Wilde, sem dúvida, um dos maiores escritores do século, através de sua genialidade, perspicácia e "língua afiada" em forma poética e cínica, ousava contradizer a hipocrisia da sociedade da época [da qual não está tão diferente de lá pra cá] e suas atitudes, eram consideradas um tanto quanto audaciosas, irreverentes e até amorais, desafiaria ainda mais a aristocracia inglesa quando sua vida pessoal foi exposta e passou a ser motivo de imoralidade pública,  sua orientação sexual, até então, era velada e os seus ferrenhos bajuladores o seguiam por toda  a parte.


                   "De Profundis" trata da 
 carta escrita para Lord Douglas (‘Bosie’ como Wilde costumava chamá-lo) durante os dois últimos meses de cárcere, em seu período na prisão, repensou sobre as atitudes e ações que o levaram ao estado de letargia, sofrimento, decadência moral, social e financeira, pelos mesmos que até então o reverenciava em toda a sua genialidade, atos. 


Nas palavras de Wilde: "Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal".  O escritor pagou um preço alto demais pelo enfrentamento ao um par do reino, influente e poderoso.


A seguir a introdução: 

“É preciso que eu diga a mim mesmo que fui o único responsável pela minha ruína e que ninguém, seja ele grande ou pequeno, pode ser arruinado exceto pelas próprias mãos. Fui um homem que se colocou em relação simbólica para com a arte e a cultura do seu tempo. Os deuses me concederam quase tudo: eu possuía o gênio, um nome, posição, agudeza intelectual, talento. Fiz da arte uma filosofia e da filosofia uma arte, não havia nada que dissesse ou fizesse que não provocasse a admiração das pessoas.

Tratei a arte como a suprema realidade e a vida como uma mera ficção. Despertei a imaginação do século em que vivi, para que criasse um mito e uma lenda em torno da minha pessoa. Resumi todos os sistemas numa única frase e toda a existência numa epígrafe. Além de todas essas coisas eu ainda tinha algo diferente. Mas me deixei atrair por longos períodos de ócio sensual e insensato. Divertia-me ser um flâneur, um dân-di, um homem da moda. Cerquei-me de naturezas menores e de inteligências medíocres. 

Esqueci que cada pequena ação cotidiana pode fazer ou desfazer um caráter e que tudo aquilo que fazemos no segredo da alcova teremos que confessá-lo um dia, gritando do alto dos telhados. Deixei de ser senhor de mim mesmo. Já não era mais o comandante da minha alma e não sabia. Permiti que o prazer me dominasse e acabei caindo em terrível desgraça. Agora só uma coisa me resta: a mais absoluta humildade. Estou há quase dois anos na prisão”.              

Nota: A   expressão "De Profundis" é comumente utilizada em referência ao Salmo 130, na qual o salmista em grande sofrimento implora a Deus pela misericórdia que, quando experimentada, leva a uma concepção mais profunda da divindade. 

Para lê-lo em PDF: livrosgratis

Para Adquirir o livro físico: https://www.google.com

Obs: Segundo a Convenção de Berna, o prazo mínimo geral é de 50 anos após a morte do autor. No Brasil, as obras são protegidas por 70 anos após a morte dos autores, com exceção das obras fotográficas, audiovisuais e coletivas, que duram por 70 anos contados da publicação. Fonte: http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/node/368252


segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Guimarães Rosa: Viver é muito perigoso mesmo.




No Grande Sertão: Veredas, Rosa nos apresenta também o seu conhecimento sobre a vida e a dificuldade de viver e conviver. Em várias páginas desta obra, a vida marca as pessoas e esta marca oferece a oportunidade para a reflexão sobre si e sobre os outros. Ele diz: “o senhor sabe: o perigo que é viver…”; “Viver é um descuido prosseguido

Viver é perigoso porque a vida é única, pessoal, intransferível. Isto amedronta. É formidável. Quando se passam a outra pessoa as rédeas da própria vida, a pessoa se perde, se despersonaliza. Hoje, muitas pessoas se sentem incapazes de decidirem os rumos da sua vida. Dependem sempre de conselhos e de opinião de outras pessoas sobre si mesmas ou de leitura de livros de autoajuda.

Rosa escreveu que “cedo aprendi a viver sozinho”, isto é, aprendeu a decidir os rumos de sua vida desde pequenino. E, mais tarde, ele, feliz com a própria decisão, nos revela que “viver é muito perigoso, mesmo”.

Mas, a vida é sempre inédita, ela muda continuamente. E, Guimarães Rosa também descobre esta verdade e fica emocionado, ao afirmar que as pessoas vivem de maneira pessoal e que esta experiência é única. Ele diz: “viver é muito perigoso; e não é não. Nem sei explicar estas coisas. Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor”.

A vida é perigosa, mas é necessário o amor para viver perto da outra pessoa, sem o perigo de ódio. “Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura. Deus é que me sabe”.

Viver com a outra pessoa exige proximidade, olho no olho. Confidencialidade. “Viver perto das pessoas é sempre dificultoso, na face dos olhos”. O dia a dia leva muitas pessoas a não verem a outra pessoa. Tudo parece banalizado, sem sabor, sem sentimentos, sem paixão. O marido não percebe a esposa e os seus sentimentos, a esposa não sente a atenção do marido, pais e mães não conhecem os filhos, não conversam com eles. As relações são frias e interesseiras.

Esta experiência, às vezes, traz desconsolos e esperanças: “o senhor entende, o que conto assim é resumo; pois, no estado do viver, as coisas vão enqueridas com muita astúcia: um dia é todo para a esperança, o seguinte para a desconsolação”.

Ao mesmo tempo, pouco a pouco, há a alegria pessoal com a vida. Esta alegria supera a tristeza. É uma aprendizagem diária: “e fui vendo que aos poucos eu entrava numa alegria estrita, contente com o viver, mas apressadamente. A dizer, eu não me afoitei logo de crer nessa alegria direito, como que o trivial da tristeza pudesse retornar. Ah, voltou não; por oras, não voltava”.

Rosa nos mostra que ninguém nasce para permanecer perdido na vida. Cada pessoa tem a sua vida e pode descobrir a sua maneira única de viver consigo e com os outros. Sempre há caminhos, cada um tem o seu e sabe que tem. Ele mesmo quem diz:

 
Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa – a inteira – cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver – e essa pauta cada um tem – mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa”.

Na maturidade, (como é importante escutar os idosos, aprender com eles), Rosa nos diz que viver é aprender a viver: “O senhor escute meu coração, pegue no meu pulso. O senhor avista meus cabelos brancos… Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo”.

Autoria by José Ildon Gonçalves da Cruz  Publicado em
Fonte: http://joseildon.wordpress.com/2008/08/09/guimaraes-rosa-na-abc-viver-e-muito-perigoso-mesmo-5/